Lumia 800, o belo smartphone da Nokia que roda Windows Phone

Nokia Lumia 800 tem câmera de 8 megapixels, grava vídeos em HD 720 e roda Windows Phone.

Thássius Veloso
Por
• Atualizado há 2 semanas

Grande aposta da Nokia para os smartphones, os primeiros aparelhos da companhia finlandesa com Windows Phone chegam ao mercado brasileiro em breve. Tive meu primeiro contato com o Lumia 800 durante a conferência Nokia World, na qual ele foi apresentado pelo CEO Stephen Elop. Mas não deu para testar muito o brinquedo. Agora, depois de duas semanas levando o Lumia 800 para todo canto, é hora de apontar os acertos e erros no dispositivo.

A Nokia diz que a linha Lumia tem o melhor hardware com o melhor software. Será mesmo? Acompanhe as minhas impressões nesse review que tenta destacar as vantagens do Lumia 800 frente aos concorrentes. Por isso mesmo, não entrarei em muitos detalhes sobre o funcionamento do Windows Phone 7.5 “Mango”.

Creio que esse será um problema escrever reviews de smartphones rodando Windows Phones no futuro. O sistema é o mesmo, não importa o dispositivo. No máximo o fabricante adiciona alguns aplicativos. E só. Portanto, a menos que especificado em contrário, parta do pressuposto de que todos os recursos oferecidos pela plataforma funcionaram conforme o esperado no aparelho testado.

Design e pegada

Que o Lumia 800 é belo, isso não tem como negar. O smartphone se constitui de peça única de policarbonato, na qual são encaixados os componentes eletrônicos. Isso quer dizer que não tem como remover a bateria — a Nokia adotou a mesma fórmula defendida há tempos pela Apple.

A “pegada” é a mesma do Nokia N9, o smartphone com sistema MeeGo que eu testei no fim do ano passado. A impressão que dá é de que a Nokia tirou a plataforma de futuro duvidoso para inserir o Windows Phone da Microsoft no lugar. A meu ver o resultado é positivo.

Ele é parecidíssimo com o N9, como eu disse. Já que não custa, faço uma recapitulação: na lateral superior do smartphone ficam as entradas de micro-SIM, de micro-USB e a saída de áudio no padrão tradicional de 3,5 mm; na lateral direita aparecem os controles de ligar/desligar, aumentar ou diminuir o volume e o botão que aciona a câmera; e na lateral inferior aparecem os furos dos alto-falantes. Na lateral esquerda não tem nada.

Para completar, o kit do Lumia 800 inclui uma capa protetora emborrachada na cor do aparelho. A um marinheiro de primeira viagem pode parecer complicado de encaixar o emborrachado (também peça única) no corpo do aparelho. Entretanto, esse é o recomendável para que arranhões e pancadas passem longe do precioso Windows Phone intermediário da Nokia.

Visor

Quando a Nokia diz que tem o melhor hardware, pode ter certeza de que a fabricante não brinca em serviço. No Lumia 800 eles utilizam visor AMOLED de 3,7 polegadas capacitivo. Para completar, a Nokia emprega tecnologia Gorilla Glass, aquela que torna o visor mais resistente, além do que eles chamam de ClearBack, outra tecnologia para que o contraste seja muito amplo e os pretos sejam realmente pretos (pode ler aqui na explicação fornecida pelo blog oficial Nokia Conversations em inglês).

Acredito que, devido a todos esses atributos, a tela do Lumia 800 seja uma das melhores com que tive contato. Colocamos o dispositivo ao lado de um iPhone 4S e de um Omnia W para verificar a diferença entre as telas. Todas com o brilho no máximo, percebemos que o smartphone da Apple tem o visor mais brilhante, com o branco se sobressaindo, seguido do Lumia 800 no quesito qualidade (mais escuro) e do Omnia W (bem mais escuro).

A resolução de 480×800 pixels garante uma densidade aproximada de 225 ppi (pixels por polegada). Na matemática pura o Lumia 800 tem 1 ppi a menos que o Nokia N9. É curioso dizer, mas eu tive a impressão de que o visor do Windows Phone tinha qualidade maior. Como não tenho mais um N9 em mãos para verificar as diferenças, ficaremos na dúvida quanto a isso.

Outro aspecto interessante da tela do Lumia 800 é o vidro curvado. Além de bonito, deixa o aparelho com visual mais elegante, ainda que não faça tanto sentido como no N9, cujo sistema prevê que a todo momento o usuário deslize os dedos para os cantos da tela, conforme descrevi no review do smartphone (a tal da filosofia por trás do swipe).

Fluidez do Windows Phone

Logo que tirei o Lumia da caixa e liguei no computador dei de cara com um aviso familiar para quem usa Windows: havia atualização para instalar. Feito isso, o sistema estava pronto para o meu uso.

A Nokia inclui pequenas modificações nos padrões de fábrica para o Windows Phone. Primeiro e talvez mais importante para os fãs da marca, o Nokia Tune, toque para novas chamadas, marca presença na versão tradicional – nada da releitura sobre a qual escrevemos. Também tem nesse WP um tema visual diferente: a cor padrão é outro azul, escolhido pela Nokia. As demais cores continuam disponíveis para que o usuário escolha, bem como o fundo da tela – preto (padrão) ou branco.

Essa belezinha tem em seu interior um chipset Qualcomm da série Snapdragon com CPU Scorpion de 1,4 GHz e GPU Adreno 205. Sim, o Lumia 800 faz parte da família jurássica de dispositivos com um só núcleo. E quem disse que isso faz diferença? O sistema tem fluidez impressionante, melhor do que muito smartphone Android por aí com processador de dois núcleos que deixa a desejar quando vários apps estão em execução.

Dessa vez o mérito é da Microsoft. Ao impor requisitos mínimos para que fabricantes adotem o Windows Phone a gigante de Redmond acabou por nivelar se não por cima, pelo menos num patamar intermediário. Pelo que tenho visto por aí até os aparelhos com Windows Phone na categoria mais básica rodam o sistema muito bem. Sem engasgos. Ou sem engasgos constantes.

Email com problemas

Para escrever minhas análises no Tecnoblog eu sempre parto do meu próprio uso cotidiano do aparelho. Imagino que muitos leitores também façam uso constante do email, seja para responder clientes, seja para mandar uma foto para algum familiar assim que a faz com a câmera do celular.

Muito bem. A sincronização do Windows Phone funciona corretamente com Gmail e com Google Apps (não preciso nem dizer que também está adequada ao Hotmail/ Live Mail, certo?). Só que algumas broncas com o aplicativo de email do sistema não podem passar despercebidas. Tenho certeza de que, a partir do parágrafo abaixo, os engenheiros da MS vão me odiar um tanto mais.

Primeiro, por que diabos eu não posso escolher a fonte padrão para as minhas mensagens. Inquestionável dizer que a interface do Windows Phone é linda. Entretanto, isso não faz da fonte Segoe a mais adequada para minha troca de mensagens. Não adianta reclamar,: é ela e pronto, acabou. A Microsoft decidiu assim.

Segundo, pegaram o que há de pior no Outlook e replicaram no aplicativo de email. Nas versões antigas do aplicativo de comunicações do Office (confesso que não sei como está no Office 2010 para Windows/Office 2011 para Mac) você respondia uma mensagem e ele tascava “RE:” na frente. No fim das contas fica impossível manter a visualização por meio de conversas no Gmail, o serviço de email que mais uso. Tanto no Android (duh!) como no iOS esse problema não se repete. No Windows Phone eu respondia uma mensagem para, mais tarde, descobrir que uma nova conversação se iniciara a partir daquela minha resposta. Irritante.

Terceiro, tenho dúvidas quanto à capacidade do Windows para celulares de lidar com conversações muito extensas. Em uma thread maior, com para mais de 90 mensagens, eu recebi uma resposta que simplesmente não carregava no dispositivo. O aplicativo permanecia por séculos baixando o email para no fim das contas não apresentar nada na tela. O pessoal da Microsoft Brasil está ciente desse bug bizarro porém não deu nenhuma resposta sobre o que pode ter ocorrido. De qualquer forma, app de email é coisa básica – tem que funcionar em todos os momentos.

Dito isso, prefiro o app de Gmail do Android. Os outros tentam, mas a minha paixão pelo Gmail e sua presença no sistema do Google permanece inabalável.

Derradeiro teste do Fruit Ninja

Eu sei que disse que a fluidez do Windows Phone é inquestionável. O visor do Lumia é incrível. Até agora só predicados para o smartphone intermediário da Nokia. Se me permite, chegou a hora de dar mais um banho de água fria no dispositivo. Para tanto, usei o teste nada científico de rodar o jogo casual Fruit Ninja (em modo trial, algo que só a Microsoft faz por você).

Comparando com o meu Xperia Ray (da Sony Ericsson) rodando Android (via CyanogenMod) cheguei à conclusão de que o touchscreen do Lumia 800 não é exatamente o melhor que usei. A tela não me parece ser tão responsiva como no Ray rodando exatamente o mesmo jogo

Quer saber como cheguei a essa conclusão? Simples, bem simples. A tarefa única do Fruit Ninja é fatiar as frutas que sambam pela tela. No Ray os meus movimentos são rápidos, como de um ninja mesmo (!), sem a impressão de que a lâmina virtual da espada demora para acompanhar o movimento do dedo na tela. Já no Lumia 800 deu para perceber que o touchscreen leva um tempinho a mais para reproduzir na tela o movimento. Coisa de milésimos de segundo. Ainda assim, importante para aqueles que querem bater o recorde mundial de frutas destruídas no joguinho.

Fora essa breve observação, devo dizer que no resto do sistema o touchscreen se comporta perfeitamente.

Câmera

Para alegrar seus fãs a Nokia adicionou lente Carl-Zeiss à câmera do Lumia 800. A marca é antiga e conceituada. Não por acaso, faz bonito no dispositivo intermediário da finlandesa. São 8 megapixels de pura malemolência fotográfica, com direito a foco manual ou automático e flash de LED duplo.

Eu tenho particular interesse pelo foco manual. Com ele dá para fazer composições bem interessantes mesmo com um smartphone, esse aparelho corriqueiro de todos os dias. De toda forma, no Lumia 800 aquele procedimento básico de pressionar o botão de acionar a câmera pela metade até o dispositivo acertar o foco automaticamente para terminar de apertar e fazer a foto continua valendo.

Melhor do que falar da câmera é mostrar as imagens feitas com ela. Abaixo você encontra uma galera de fotos com 8 composições feitas no Lumia 800. Nenhuma das fotos foram tratadas nem modificadas no Photoshop. Todas tiram proveito dos 8 megapixels.

Para os mais enxeridos eu recomendo clicar com botão do meio do mouse (o scroll) para ver a foto no maior tamanho possível. Baixando-as ainda dá para verificar as informações sobre abertura, foco etc. nos metadados do arquivo digital.

A câmera de vídeos do Lumia 800 promete bastante. Grava em HD 720p, nada mais do que esperado de um smartphone desse porte. Eu diria mais: poderiam gravar em HD 1080p, mas não foi dessa vez que a Nokia decidiu pela resolução máxima amplamente disponível no mercado.

O vídeo abaixo foi feito em um dia de chuva em São Paulo. A iluminação não é das melhores, mas nem sempre na vida temos a melhor condição de luz, certo? Só que ainda assim outros aspectos do vídeo deixaram a desejar. Por exemplo, logo de início alguns engasgos ficam evidentes, o que não se espera de um aparelho da Nokia. A minha voz também não ficou excelente, ainda que devamos levar em consideração que eu estava “atrás” da câmera.

Outro ponto importante a destacar do aplicativo de câmera do Windows Phone é a falta de compartilhamento fácil com serviços do tipo – leia-se YouTube. Para subir o vídeo para o site eu tive que ligar o computador, abrir o Zune (software de sincronização), depois ir na pasta de imagens do PC e só então iniciar o upload. O procedimento podia ser mais fácil, como acontece com as fotos feitas com o Lumia 800 (dá para compartilhar com Twitter, Facebook e SkyDrive).

Marketplace, a “App Store” da Microsoft

Sei que prometi não falar de coisas óbvias do Windows Phone, mas não posso deixar para lá o Marketplace, equivalente da Microsoft à App Store do iOS. Mesmo com o aplicativo Zune instalado no computador, por algum motivo não deu para baixar aplicativos por meio do software — da mesma forma que acontece com o iTunes para quem tem iPhone, iPod Touch ou iPad.

Dizia o seguinte no Zune, o software: “A configuração de local do seu Windows Live ID não corresponde à configuração do seu computador (Brasil)” (erro de código C00D1353). O que é curioso porque minha máquina com Windows 7, o celular Lumia e minha conta no Live estão todos ajustados para Brasil.

Não teve jeito. Download de aplicativos só a partir do próprio dispositivo.

Um dos pontos positivos do Windows Phone são os aplicativos para testes. Em vez de recorrer a artifícios para degustar um app e quem sabe pedir o dinheiro de volta, alguns desenvolvedores liberam aplicativos com alguns recursos capados. Ideal para saber se o software é tudo aquilo que o dev diz e vale o investimento de alguns dólares. Penso que outras lojas de aplicativos (ouviu, Apple?) deveriam fazer o mesmo.

Nokia Dirigir

O único app exclusivo da Nokia no Lumia testado por mim é o Nokia Dirigir (nome em português para o Nokia Drive). O app oferece o tradicional e reconhecido sistema de instruções para navegação passo a passo da Nokia com os mapas da Navteq, empresa que a companhia comprou faz alguns anos.

Quem optar pelo Lumia 800 ainda assim depende de conexão constante com a internet para usar o serviço de mapas. Logo que inicia o app pela primeira vez, o Lumia pergunta se o usuário deseja fazer download do mapa do Brasil (quase 300 MB) ou das regiões. O mapa do Sudeste tinha próximo de 170 MB, arquivo até pequeno para baixar com uma conexão de 20 Mbps.

Download concluído. A partir daí, o Nokia Dirigir aciona o GPS e traz informações sobre as localidades próximas de onde você está com informações do mapa offline.

Eu imaginava que o Nokia Dirigir oferecia acesso aos mapas e às instruções de navegação mesmo sem internet disponível. Nos testes, porém, tanto em modo avião como com Wi-Fi desativo o aplicativo sequer carregava.

Bateria que deixa a desejar

Como eu disse, o Windows Phone avisou sobre uma atualização logo que foi iniciado pela primeira vez. De tempos em tempos o sistema faz isso, checa junto aos servidores da Microsoft se o sistema rodando no smartphone é o mais recente possível. Como o WP não oferece as atualizações estilo “delta”, que são menores e alteram partes do sistema (como no iOS 5), o consumidor tem mesmo que esperar alguns minutos para que o sistema atualize.

A Nokia prometia uma atualização que em tese melhoraria o desempenho de bateria e de Wi-Fi nos aparelhos da família Lumia. Pena que essa atualização não chegou ao Lumia que eu testei a tempo de incluir a informação nessa análise.

Feita a ressalva, a impressão geral que tive é de que a bateria não dura muitos e muitos dias, como costuma figurar na mitologia dos telefones celulares para alegria da Nokia. Dava mais ou menos 24 horas sem recarga, às vezes menos para dias de uso intenso da navegação no aparelho. Confesso que eu esperava mais — mesmo sabendo que estar conectado ao 3G e usando visor com brilho intenso faz com que a bateria desapareça em questão de horas.

De acordo com a Nokia, a bateria dura até 9,5h em conversação no 3G. Para modo de espera com 3G ativado são 335h (quase 14 dias) também segundo informações fornecidas pela fabricante. Sinto dizer, mas não chega a tudo isso. De mais a mais, quem deixa o aparelho em modo de espera integralmente nos dias de hoje?

Veredito

Pontos positivos

  • Aparelho construído com material de qualidade e design impecável.
  • Câmera de 8 megapixels que não decepciona.
  • Nokia Dirigir com download dos mapas do Brasil e instruções de navegação passo a passo em português.

Pontos negativos

  • Sem slot para cartão de memória (consumidor fica limitado aos 16 GB).
  • Não tem NFC, algo que deveria ser padrão nos novos dispositivos.
  • Não tem câmera frontal.
  • Windows Phone tem muitos apps de qualidade questionável.

Chegar a uma conclusão sobre o Lumia 800 é complicado porque ele é um aparelho atual, porém com promessa de ser grandioso caso o Windows Phone vá para frente. A falta de uma câmera frontal deixa a desejar tendo em vista a mais recente geração de smartphones disponíveis no mercado. Por outro lado, o recurso pode não ser tão essencial para a maioria dos consumidores.

Estou falando de um Nokia N9, um dos celulares mais belo e completos que já vi, com o Windows Phone, nova proposta em termos de plataforma para dispositivos móveis. Meu prognóstico é positivo. Para meu uso o Lumia 800 atendeu a todas as necessidades do dia a dia. Se você usa aplicativos específicos que só estão no Android ou no iOS, esse pode não ser o momento para aderir a um Windows Phone.

A Nokia Brasil não disse quanto o Lumia 800 vai custar por aqui. O preço é fator fundamental para recomendar ou não um aparelho, mas dessa vez eu me limito a falar dos recursos e afirmar que, baseado no que testei, escolheria um Lumia desses.

O Lumia 800 chega ao mercado brasileiro até o fim de março. O preço sugerido para o aparelho é de R$ 1.699 nas lojas próprias da Nokia e rede de varejo. A TIM e a Oi confirmaram vendê-lo por valores ainda mais em conta. Existe a expectativa de que os clientes de pós-pago na Claro e na Vivo possam comprar o smartphone com Windows com desconto, dependendo do plano contratado.

Unboxing

Em 02/02 o Tecnoblog publicou vídeo com o unboxing do Lumia 800. Confira abaixo quais itens acompanham o aparelho na caixa distribuída pela Nokia.

https://www.youtube.com/watch?v=GItbghpANyM
(Vídeo do YouTube)

Atualizado em 21/03/2012 às 10h30

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Thássius Veloso

Thássius Veloso

Editor

Thássius Veloso é jornalista especializado em tecnologia e editor do Tecnoblog. Desde 2008, participa das principais feiras de eletrônicos, TI e inovação. Também atua como comentarista da GloboNews, palestrante, mediador e apresentador de eventos. Tem passagem pela CBN e pelo TechTudo. Já apareceu no Jornal Nacional, da TV Globo, e publicou artigos na Galileu e no jornal O Globo. Ganhou o Prêmio Especialistas em duas ocasiões e foi indicado diversas vezes ao Prêmio Comunique-se.

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