Realme 8 5G: acessível, mas sem diferenciais

Realme 8 5G é o aparelho mais barato com suporte ao 5G, porém peca por não trazer outros diferenciais relevantes

Darlan Helder
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• Atualizado há 10 meses
Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

Ainda caminhando a passos de tartaruga no Brasil, a Realme segue apostando na tecnologia 5G e é uma empresa que gosta de fazer barulho no mercado sempre com o “celular 5G mais barato”. Assim é com esta variante do Realme 8, considerado o aparelho mais em conta com suporte à quinta geração das redes móveis. Mas ele não é só isso. Com preço sugerido de R$ 2.299, o smartphone entrega um sistema de câmera tripla, processador MediaTek Dimensity 700, tela com taxa de 90 Hz e um painel que… não é AMOLED.

Afinal, entregar 5G encarece o produto e a empresa sempre vai cortar algo devido ao suporte. Mas será que vale ter um Realme 8 5G ou é melhor encarar o 8 Pro que tem quatro câmeras com a principal de 108 megapixels, painel Super AMOLED e Snapdragon 720G? Eu usei esta variante como o meu celular principal e respondo essa e outras perguntas neste review.

Análise do Realme 8 5G em vídeo

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O Realme 8 5G foi fornecido pela Realme por empréstimo e será devolvido à empresa após os testes. Para mais informações, acesse tecnoblog.net/etica.

Design

Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

O Realme 8 5G tem um corpo dominantemente em plástico, porém o material é bonito e está claro aqui que a empresa se preocupou em entregar um acabamento bem feito. Diferentemente do 8 Pro, que trouxe aquela frase “Dare to Leap” na traseira, o 8 5G tem uma extremidade toda lisa com a identificação da marca e nada mais (ufa!). São duas cores disponíveis no mercado, azul e preto, que brilham ainda mais quando estão contra a luz do sol.

Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

Talvez você nem se importe mais com isso, mas eu devo admitir que o aparelho pega marcas de dedos e engordura com muita facilidade. Ao menos o usuário não precisa sair correndo atrás de um acessório de proteção, pois a Realme já envia uma capa de silicone na caixa. Outra coisa interessante é a espessura de 8,5 mm: o dispositivo é fino, o que consequentemente deixa a pegada muito favorável. Com apenas uma mão, eu consegui navegar por todo o sistema sem dificuldades.

Nas laterais, o Realme 8 5G se mostra um smartphone completo. Ele tem leitor de impressões digitais, com uma boa resposta de desbloqueio, a gaveta de chip e cartão de memória suporta dois cartões nano-SIM e microSD de até 1 TB. Além disso, a chinesa não abandonou a entrada para fones de ouvido de 3,5 mm e ela segue firme e forte no telefone. Para fechar esse tópico de design, eu quero registrar que senti falta de uma proteção contra à água, que outros intermediários vêm entregando.

Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

Tela e som

Assim como fez a Xiaomi com o Redmi Note 10 5G (global), que ganhou suporte ao 5G, mas perdeu tela AMOLED, o Realme 8 5G passou pela mesma situação, uma estratégia das marcas para não encarecer o produto. Por isso ele foi equipado com um painel IPS LCD de 6,5 polegadas com resolução Full HD+ (2400×1080 pixels). Apesar do queixo mais saliente, eu gostei que a Realme já matou o notch em forma de gota e deu preferência ao furo que, a meu ver, contribui para a imersão de conteúdos.

Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

Se você acompanhou os meus reviews de outros Realmes com IPS LCD, então já sabe que eu gosto do painel da empresa pelo brilho forte, pela definição satisfatória e pelas cores vibrantes. E posso dizer que o Realme 8 5G me deixou ainda mais impressionado, porque longe dos 100%, a luminosidade já é intensa e as cores são realmente fortes, o que me fez até questionar: “poxa, isso aqui não é AMOLED, não?”. Eles estão de parabéns e a taxa de atualização de 90 Hz deixa tudo mais fluido.

Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

O som não me surpreendeu como a tela por dois motivos. Primeiro: o telefone não tem alto-falantes estéreos como o Redmi Note 10. Segundo: o componente é muito estridente e quando você pensar em aumentar o volume de uma música, prepare-se para os ruídos elevados. E para a tristeza de muitos, a empresa não envia fone de ouvido na caixa.

Software

Rodando o Android 11 acompanhado da Realme UI 2.0, esta variante tem a mesma interface de outros modelos da chinesa. A semelhança com o software da Xiaomi é uma coisa que logo me chama a atenção. Eu gosto dos ícones redondos, a tela de configurações é minimalista e bem organizada e a área da central de notificações traz atalhos para NFC, transmissão de tela, Realme Share, Modo Escuro, entre outros.

Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

Também vale um destaque para a personalização que a marca preza muito em seus produtos. Alterar o formato dos ícones, a disposição, transições e widgets são tarefas fáceis e a empresa permite ao usuário fazer tudo isso sem muitas restrições. O que ainda me incomoda, porém, são os bloatwares em excesso. Na minha unidade de teste, por exemplo, vieram vários joguinhos, e-commerce e uma série de apps próprios do ecossistema Realme.

Eu critiquei no passado e volto a alertar neste review: a Realme precisa ser mais transparente quanto às grandes atualizações de software. Já sabemos que o 8 5G chega com o Android 11, mas ainda não temos respostas se o aparelho deve receber o já oficial Android 12, bem como o 13, 14 e outros.

Câmeras

Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

Diferente do irmão Pro, este modelo não traz câmeras com resoluções absurdas como 108 megapixels. Ele tem um sistema triplo composto por uma lente principal de 48 megapixels com abertura f/1,8, uma lente macro de 2 megapixels com abertura f/2,4 e um sensor de profundidade também de 2 MP. Por sua vez, a câmera frontal tem 16 megapixels de resolução.

A qualidade da principal não é de fazer os olhos brilharem, tendo em vista que o alcance dinâmico se mostra limitado e o brilho é um pouco reduzido. Ainda assim, a nitidez é satisfatória e a exposição é bem controlada. Eu só acho que o pós-processamento da Realme poderia ter um controle maior nas sombras que, em algumas situações, acaba por sair muito intensa, principalmente em dias fechados.

Foto tirada com a câmera principal do Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Foto tirada com a câmera principal do Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Foto tirada com a câmera principal do Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Foto tirada com a câmera principal do Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Foto tirada com a câmera principal do Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Foto tirada com a câmera principal do Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

Como era de se esperar, a lente macro dificilmente vai agradar o usuário, dado que a nitidez sai completamente prejudicada. Ou melhor, eu tenho que admitir que a definição não existe. O software até tenta dar uma valorizada nas cores para realçar todo o registro, mas esse reforço nem sempre dá certo. O sensor de profundidade deve apresentar uma pequena dificuldade para fazer recortes no sujeito, mas a qualidade me agradou, mais pelo desfoque com uma pegada “natural”.

Foto tirada com a câmera macro do Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Foto tirada com a câmera macro do Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Foto tirada com a câmera macro do Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Foto tirada com a câmera macro do Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Foto tirada com a câmera principal + sensor de profundidade do Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Foto tirada com a câmera principal + sensor de profundidade do Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

O modo Noite do 8 5G me lembrou o sistema Night Vision, da Motorola. Eu tive essa impressão, pois ambos tentam ao máximo valorizar as iluminações artificiais na cena e trabalham para deixar o céu realçado. No caso da Realme, o aparelho me entregou fotografias com definição aceitável, os ruídos, claro, não são eliminados por completo e as luzes tendem a ficar estouradas, porém não estragam toda a imagem.

Foto tirada com a câmera principal do Realme 8 5G + modo Noite (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Foto tirada com a câmera principal do Realme 8 5G + modo Noite (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Foto tirada com a câmera principal do Realme 8 5G + modo Noite (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Foto tirada com a câmera principal do Realme 8 5G + modo Noite (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

Falemos agora da frontal que me cativou, mas poderia ser ainda melhor se o software trabalhasse mais na coloração. Eu percebi que a câmera tenta priorizar o natural e deixa as selfies mais claras, destacando as cores frias. No mais, a nitidez é boa e a exposição é controlada.

Foto tirada com a câmera frontal do Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Foto tirada com a câmera frontal do Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Foto tirada com a câmera frontal do Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Foto tirada com a câmera frontal do Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

Hardware e bateria

Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

O Dimensity 700 é um chip produzido pela MediaTek com a proposta de levar a tecnologia 5G para smartphones mais acessíveis. O Realme 8 5G está equipado com esse processador octa-core rodando a até 2,2 GHz; ele trabalha aliado a 8 GB de memória RAM LPDDR4X e 128 GB de armazenamento interno. Analisando a sua performance, eu devo salientar que o aparelho não é capaz de gerar dores de cabeça ao usuário e consegue rodar bem os principais aplicativos da Play Store. Aliás, essa linha Dimensity tem feito um bom trabalho.

É claro que não dá para esperar um desempenho de alto nível, mas eu consegui rodar Chrome, Facebook, Instagram, Twitter, YouTube e Asphalt 9 sem sinais de engasgos. Com exceção do Twitter e do Instagram, os demais aplicativos citados abrem com agilidade. Asphalt 9 com os detalhes no modo padrão rodou sem gargalos; em alta qualidade, eu senti a queda na taxa de frames por segundo, mas não é nada grave e a experiência não é prejudicada.

Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

O Realme 8 5G tem uma bateria de 5.000 mAh, ou seja, maior que a do 8 Pro que tem 4.500 mAh. Por outro lado, esta versão aqui analisada perde no carregador que é de 18 watts, contra bizarros 65 watts do irmão Pro. Em um dia de teste, sempre com o brilho da tela no máximo, no modo seleção automática (entre 60 e 90 Hz) e conectado ao Wi-Fi de 5 GHz, eu passei 2 horas na Netflix, 1 hora no YouTube, 1 hora de redes sociais e 15 minutos de Asphalt 9. A porcentagem da bateria foi de 100% para 55%, resultado muito bom! O carregador enviado faz a célula chegar em sua carga total em 2h25min, que é um tempo aceitável.

Realme 8 5G: vale a pena?

Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

O Realme 8 5G traz muitas coisas que já vimos em outros aparelhos intermediários da marca, criando aquela sensação “mais do mesmo”. Ele conta com alguns diferenciais aqui, a exemplo do suporte ao 5G, e downgrades dali, como tela IPS LCD em vez de AMOLED. De fato, não há atrativos que possam cativar o consumidor como faz o Redmi Note 10, por exemplo, que alia ficha técnica interessante com bom custo-benefício.

Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Realme 8 5G (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

Dito isso, eu vejo que este Realme pode fazer sentido para quem o encontrar em boas promoções, porque pela ficha técnica ele não convence pela ausência de diferenciais. A empresa pede R$ 2.299 pelo 8 5G, enquanto isso, o Galaxy S20 FE, equipado com Snapdragon 865, pode ser encontrado por algo em torno de R$ 2.100. A experiência no device da Samsung pode ser mais vantajosa, tendo em vista que as câmeras do 8 5G são ponto fraco, não sabemos se as atualizações do Android estão garantidas e a tela aqui, novamente, não é AMOLED.

Apesar de alguns problemas pontuais, o Realme 8 5G pode ser um bom negócio durante a sua desvalorização no varejo. Isso porque, mesmo com uma configuração mais tímida, ele se mostrou um celular que consegue trabalhar sem muito sufoco. O Dimensity 700 roda bem os principais apps, a autonomia é excelente, enquanto a interface da chinesa é intuitiva e organizada. 

Especificações técnicas

  • Tela: IPS LCD, 6,5 polegadas, Full HD+ (2400×1080 pixels);
  • Processador: MediaTek MT6833 Dimensity 700 5G
  • RAM: 8 GB
  • Armazenamento interno: 1 TB expansíveis com microSD;
  • Câmera frontal: 16 megapixels (f/2,1);
  • Câmeras traseiras:
    • Principal: 48 megapixels (f/1,8);
    • Profundidade: 2 megapixels (f/2,4);
    • Macro: 2 megapixels (f/2,4);
  • Bateria: 5.000 mAh com carregador de 18 W;
  • Conectividade: 5G, Wi-Fi 802.11 a/b/g/n/ac, Bluetooth 5.1, conexão para fones de ouvido, USB-C;
  • Sensores: leitor de impressões digitais na lateral, sensor de luz, sensor de proximidade;
  • Sistema operacional: Android 11 com Realme UI 2.0;
  • Dimensões: 162,5 x 74,8 x 8,5 mm;
  • Peso: 185 g.

Realme 8 5G

Prós

  • Ainda que não influencie, é o aparelho com 5G mais barato
  • Painel IPS LCD é de qualidade
  • Interface bonita e organizada

Contras

  • Fica devendo diferenciais para se destacar entre os rivais
  • Câmeras são ponto fraco por aqui
  • Sem informações sobre as atualizações de Android
Nota Final 8
Bateria
9
Câmera
7
Conectividade
8
Desempenho
8
Design
8
Software
8
Tela
8

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Darlan Helder

Ex-autor

Darlan Helder é jornalista e escreve sobre tecnologia desde 2019. Já analisou mais de 200 produtos, de smartphones e TVs a fones de ouvido e lâmpadas inteligentes. Também cobriu eventos de gigantes do setor, como Apple, Samsung, Motorola, LG, Xiaomi, Google, MediaTek, dentre outras. No Tecnoblog, foi autor entre 2020 e 2022. Ganhou menção honrosa no 15º Prêmio SAE de Jornalismo 2021 com a reportagem "Onde estão os carros autônomos que nos prometeram?", publicada no Tecnoblog. 

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