Em entrevista ao Businessweek publicada nesta quinta-feira, Bill Gates não poupou críticas ao Google, em especial ao Project Loon, iniciativa que visa oferecer acesso à internet em lugares afastados por meio de balões: “não sei de que forma ver estes globos no céu ajudará alguém que esteja morrendo de malária”.
Explicando rapidamente, o Project Loon consiste na ideia de posicionar balões especiais em uma distância de cerca de 20 quilômetros do solo para fazê-los fornecer acesso sem fio à internet. Teoricamente, cada balão pode realizar transmissões para uma área de até 40 quilômetros, sendo possível ampliar a cobertura fazendo os globos trabalharem de maneira conjunta.
Com este esquema, é possível levar internet a localidades isoladas e que tenham infraestrutura precária, como vilarejos de países pobres da África.
Interessante, né? Só que, na visão de Bill Gates, este tipo de iniciativa não faz muito sentido quando há problemas mais graves a serem tratados. Seu ar de autoridade no assunto vem, é claro, do seu trabalho à frente da Bill & Melinda Gates Foundation, que foi justamente o tema central da entrevista.
Não sei de que forma ver estes globos no céu ajudará alguém que esteja morrendo de malária. Quando uma criança tem diarreia, não há página na Web que alivie isso. É claro que eu acredito na revolução digital. E conectar serviços básicos de saúde e escolas são coisas boas, mas não tanto assim para países realmente pobres, a não ser que isso signifique fazer algo a respeito da malária.
Gates foi além:
O Google começou dizendo que ia fazer um monte de coisas [de caráter filantrópico ou social]. Eles contrataram Larry Brilliant (ex-líder do Google.org) e receberam uma grande publicidade. Mas depois encerraram tudo e, agora, estão fazendo apenas alguns projetos isolados.
Sejam suas opiniões coerentes ou não, o fato é que a organização criada por Gates tem feito trabalhos sociais bastante audaciosos. Um dos mais importantes, além do combate à malária, são os esforços para acabar com a poliomielite no mundo todo até 2018.