Foxconn agora é acusada de usar trabalho forçado de universitários na produção do PlayStation 4

Emerson Alecrim
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• Atualizado há 6 dias

Mais uma vez a Foxconn se torna o centro das atenções por causa de polêmicas em suas unidades fabris. Desta vez, a companhia está sendo acusada de usar trabalho forçado de centenas de universitários chineses na produção do PlayStation 4 em sua fábrica de Yantai, a mesma que empregou menores de idade até 2012.

De acordo com as denúncias, estes estudantes são alunos de engenharia da Universidade de Tecnologia de Xi’an (XTU) e chegaram à fábrica após se inscreverem em uma espécie de programa de estágio promovido pela instituição de ensino. Estima-se que pelo menos mil estudantes foram atraídos pelo possibilidade de conseguir experiência em uma grande empresa e, de quebra, receber alguma remuneração.

O problema é que os alunos foram imediatamente direcionados às linhas de montagem do PS4 para trabalhar como operários e não para exercer funções condizentes com seus estudos na XTU. Muitos certamente teriam desistido do programa neste ponto, mas os estudantes teriam sido avisados que, caso não aceitassem estes postos de trabalho, deixariam de receber seis créditos importantes para a sua graduação.

Foxconn

Como se não bastasse, os universitários tiveram que se sujeitar a jornadas extensas de trabalho, passando pelo menos 11 horas por dia na fábrica e podendo fazer apenas um intervalo de 10 minutos na parte da manhã e outro de 30 minutos para almoço. E ainda há relatos de jornadas noturnas.

Curiosamente, a Foxconn não relutou em reconhecer o problema. A empresa explicou que identificou irregularidades em uma investigação interna e que já tomou as medidas necessárias para corrigi-las.

Mais precisamente, a Foxconn afirma ter reforçado a proibição de horas extras e trabalho noturno por parte destes estudantes, de acordo com seu regimento interno, e lembrou que a participação no programa é voluntária, podendo ser encerrada a qualquer momento. A companhia só não disse nada a respeito da suposta ameaça em relação aos créditos estudantis.

De qualquer forma, é difícil acreditar em final feliz nesta história. O problema pode até ter sido resolvido (ou amenizado) na fábrica de Yantai, mas a Foxconn possui várias unidades espalhadas pela China e mantém parcerias com instituições de ensino na maioria delas. O que garante que práticas semelhantes não estejam ocorrendo nestes locais?

Procurada, a Sony se limitou a dizer que a Foxconn está de acordo com o seu código de conduta vigente desde 2005, que zela pelo cumprimento de leis trabalhistas, direitos humanos, segurança ocupacional, preservação do meio ambiente e afins.

Com informações: Quartz, MCV, Games in Asia

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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