Project Ara: Motorola quer criar smartphones modulares, com hardware personalizável

Paulo Higa
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• Atualizado há 1 semana

Os rumores do Moto X com hardware personalizável não se confirmaram, mas a ideia de um smartphone modular talvez possa ser colocada em prática num futuro não muito distante. E pela própria Motorola. A fabricante de celulares do Google afirma que está trabalhando há mais de um ano no Project Ara, que consiste em criar smartphones modulares, montados e atualizados pelo próprio usuário.

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Com o Project Ara, a Motorola quer “fazer pelo hardware o que a plataforma Android fez pelo software”. A ideia é criar um ecossistema de componentes de hardware: uma empresa pode fornecer o processador, outra pode produzir o módulo da câmera e uma terceira pode fazer a tela, por exemplo. Esses componentes seriam entregues aos usuários, que montaria um smartphone de acordo com a sua necessidade.

Dessa forma, o usuário poderia criar seu próprio aparelho, em vez de deixar as escolhas nas mãos das fabricantes. Usa muito o smartphone? Coloque uma bateria maior. Não faz questão de câmera? Deixe-a de lado e aproveite o dinheiro economizado para colocar um processador mais potente. Ainda não se dá bem com teclados virtuais? Ok, encaixe uma tela menor e coloque um teclado físico no espaço que sobrar.

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Segundo a Motorola, o Project Ara estimularia a inovação. Isso porque as empresas podem, em vez de gastar tempo no desenvolvimento de um smartphone, fabricar os componentes e deixar a criação para o usuário. Um aparelho modular permitiria a montagem de dispositivos com funções mais específicas, que provavelmente nunca chegariam às lojas. No blog oficial, a Motorola cita como exemplo um módulo para o smartphone que mediria a quantidade de oxigênio no sangue do usuário.

O Project Ara consiste em uma moldura estrutural, chamada endoesqueleto, que mantém os módulos no lugar. Esses módulos podem ser uma nova tela, uma bateria, um processador ou algo que ainda não foi inventado. A ideia é muito parecida com o interessante Phonebloks. E olha só: a Motorola afirma que o criador do Phonebloks, Dave Hakkens, foi chamado para trabalhar no projeto.

Ainda não sabemos se o Project Ara será smartphone vendido no futuro. A ideia é bacana, mas tornar os componentes modulares pode ser uma grande barreira. Hoje, as fabricantes reúnem processador, GPU e RAM em um único chip para deixar o aparelho fino e leve, por exemplo. Deixar esses componentes separados e atualizáveis poderia tornar os aparelhos mais caros ou trambolhões. Não é por acaso que os desktops, que permitem atualizar praticamente tudo, são muito maiores que os ultrabooks, que praticamente não suportam upgrades.

Enquanto torcemos pelo sucesso do Project Ara, a Motorola diz que vai fazer pesquisas nos próximos 6 a 12 meses para definir os pontos principais de um smartphone modular. Nesta página, você pode se cadastrar para ajudar no desenvolvimento do projeto; caso ele se torne um sucesso, os membros mais ativos receberão um modelo gratuitamente.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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