Considerada a maior casa de câmbio de Bitcoins antes de entrar com pedido de concordata, a MtGox não foi a única empresa a ter dinheiro roubado. A Flexcoin afirmou que hackers levaram o equivalente a mais de 600 mil dólares durante um ataque no último domingo (2) e encerrou as operações. Outro serviço de troca de Bitcoins, a Poloniex, admitiu nesta terça-feira (4) que está com 12,3% de dinheiro a menos, mas se comprometeu a pagar os usuários.

O caso da Flexcoin é o mais complicado. A casa de câmbio diz que uma falha de segurança permitia que um hacker fizesse milhares de requisições simultâneas para enviar dinheiro de uma conta para outra até que o remetente tivesse o saldo zerado. Assim, todo o dinheiro armazenado na hot wallet, ou seja, em carteiras acessíveis pela internet, foi roubado. O prejuízo foi de 896 BTC, ou aproximadamente US$ 620 mil (R$ 1,4 milhão na cotação de hoje).

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Sem dinheiro para pagar o prejuízo, a Flexcoin decidiu fechar suas portas imediatamente. O Bitcoin não é regulado por nenhuma autoridade central e não há uma maneira simples de desfazer transações, então a possibilidade de que os clientes afetados tenham o dinheiro de volta é praticamente nula. Ironicamente, uma semana antes do ataque, a Flexcoin havia publicado o seguinte tweet:

We hold zero coins in other companies, exchanges etc. While the MtGox closure is unfortunate, we at Flexcoin have not lost anything.

— flexcoin (@flexcoin) 25 fevereiro 2014

Mas nem todos os clientes da Flexcoin tiveram todo o dinheiro perdido: quem havia pago uma taxa de 0,5% para que seus fundos fossem colocados em um armazenamento frio, mantido em máquinas sem acesso à internet, não foi afetado pela falha. De acordo com a Flexcoin, esses clientes serão contatados para terem a identidade verificada e as moedas virtuais serão transferidas sem nenhum custo.

Já a história da Poloniex é mais feliz, embora nem tanto para o dono. Um hacker explorou nesta quarta-feira (4) uma vulnerabilidade que permitia transferir mais Bitcoins que o realmente disponível em uma conta, o que gerou a perda de 12,3% do saldo da Poloniex. A falha é bem parecida com a da Flexcoin: múltiplas transações simultâneas eram processadas “praticamente ao mesmo tempo” e aprovadas pelo sistema antes de notar que o saldo estava negativo.

Nesse caso, não haverá fechamento: a Poloniex continuará operando e se comprometeu a pagar os usuários. Mas, para evitar que houvesse saques em massa e a empresa ficassem sem dinheiro para pagar todo mundo, o saldo dos usuários foi reduzido temporariamente em 12,3%. O valor deduzido será registrado e pago posteriormente por meio das taxas recebidas dos usuários e de doações, inclusive feitas do bolso do próprio dono da Poloniex.

A perda não foi maior porque a Poloniex descobriu o problema rapidamente após ter notado uma atividade incomum de saques; assim que encontrou a falha, congelou todas as transações imediatamente. A empresa não informou exatamente o valor das perdas, mas um usuário afirma que os 12,3% eram equivalentes a cerca de 50 mil dólares. Bem menos que os quase 500 milhões de dólares perdidos da MtGox, mas ainda assim um valor bem relevante.

Com informações: Reuters, The Guardian.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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