MIT está criando tela para ser vista por quem tem problemas de visão sem a ajuda de óculos

Emerson Alecrim
• Atualizado há 8 meses

Daqui a alguns anos, assistir à TV ou enxergar o que aparece no smartphone sem óculos não vai mais ser uma tarefa torturante para quem sofre de miopia ou condições relacionadas, pelo menos no que depender do MIT: um grupo de pesquisadores da instituição está desenvolvendo um tipo de tela capaz de ajustar a exibição de seu conteúdo para que o usuário possa vê-la corretamente sem lentes corretivas.

A miopia está entre as doenças oculares mais comuns. Nela, a luz que entra no olho não é focalizada na retina, mas um pouco antes dela, fazendo com que seu portador não consiga enxergar corretamente objetos que estão longe.

Como consequência, a pessoa vê o conteúdo da TV ou de uma placa de trânsito, por exemplo, de maneira borrada, mesmo que o objeto esteja a distâncias curtas – um ou dois metros, por exemplo. Em muitos casos, o indivíduo só consegue enxergar corretamente um item em suas mãos se aproximá-lo de seus olhos.

O tratamento mais comum para o problema é o uso de óculos ou lentes de contato que ajudam a direcionar o foco da luz para a retina. Na pesquisa que está sendo conduzida pelo MIT, a tela é capaz de dispensar estes itens ao fazer ela mesma os ajustes necessários para corrigir a focalização.

O MIT utilizou uma câmera DSLR e um iPod touch para os testes
O MIT utilizou uma câmera DSLR e um iPod touch para os testes

Para isso, um conjunto de algoritmos altera parâmetros de cada um dos pixels da tela para que seus raios de luz, ao passarem pelos furos de um filtro especial posicionado em frente ao painel, atinjam corretamente a retina quando chegarem aos olhos do usuário.

Os pesquisadores explicam que a tecnologia visa se antecipar à forma como os olhos, por conta da miopia, distorcem a informação visual. Para tanto, os algoritmos precisam ser ajustados para trabalhar de acordo com as necessidades individuais do usuário, uma vez que a miopia se manifesta de maneira diferente em cada pessoa.

O professor Ramesh Raskar, um dos cientistas responsáveis pelo projeto, acredita que a tecnologia poderá ser modificada para trabalhar com mais de uma pessoa se a tela tiver uma resolução altíssima. Mas, obviamente, o objetivo de agora é fazer com que a técnica funcione na sua forma mais simples.

Para chegar à fase atual, os pesquisadores utilizaram uma câmera DSLR para simular a focalização dos olhos de uma pessoa e um iPod touch com um filtro na tela para exibir imagens.

Nos testes, os algoritmos conseguiram fazer o dispositivo mostrar um balão colorido e um autorretrato de Vincent Van Gogh corretamente ao compensarem a distorção criada na câmera.

Ainda há muito trabalho a ser feito para que a ideia possa ser testada de maneira efetiva em pessoas. Hoje, a técnica exigiria que o indivíduo ficasse com os olhos parados para funcionar, uma exigência impraticável: movimentamos a cabeça naturalmente por uma série de razões, inclusive para ajustar o foco quando uma imagem não nos parece clara.

Os pesquisadores esperam que, em uma fase mais avançada, o software da pesquisa consiga acompanhar os movimentos oculares para ajustar os parâmetros da tela em tempo real e, assim, contornar esta limitação.

Vale dizer que, se conseguir chegar a um nível suficientemente “maduro” de desenvolvimento, a tecnologia poderá ser usada para compensar também outras condições oculares comuns, como a presbiopia (visão cansada) e a hipermetropia (dificuldade para enxergar objetos próximos).

Com informações: MIT Technology Review

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Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.