Spotify pensa em lançar músicas exclusivas para assinantes. Será que vai funcionar?

Artistas, que não disponibilizaram seus álbuns no serviço porque ele "paga pouco", poderiam mudar de ideia

Jean Prado
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• Atualizado há 2 semanas
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A briga entre o Spotify e grandes artistas pode estar chegando a um desfecho? Conforme revelou uma fonte do serviço de streaming ao Wall Street Journal, o Spotify pode estar considerando disponibilizar algumas músicas apenas para usuários pagantes. Isso poderia aumentar o catálogo do serviço, acabando com a reclamação de alguns artistas de que o valor pago é muito baixo.

Você já deve conhecer a rixa entre alguns artistas e os serviços de streaming. Há alguns meses, a cantora pop Taylor Swift resolveu retirar todo o seu acervo porque o Spotify não pagava o suficiente aos artistas; depois, fez duras críticas ao serviço, chamando-o de startup que não consegue ganhar dinheiro.

A lista fica mais longa a cada lançamento: o álbum 25, da britânica Adele, não foi disponibilizado em nenhum serviço de streaming (e mesmo assim quebrou recordes vendendo mais de 4,6 milhões de cópias em duas semanas só nos Estados Unidos). A banda Coldplay resolveu não colocar seu último álbum no Spotify, A Head Full Of Dreams, logo quando ele foi lançado.

Considerando que o valor pago aos artistas no plano premium é notavelmente maior que a remuneração que vem dos anúncios, é uma tática interessante para ganhar alguns artistas de volta, apesar de ser uma decisão complicada. Nem todos os músicos poderiam restringir suas canções, o que criaria uma situação desconfortável entre as gravadoras.

Taylor Swift

De qualquer forma, parece ser uma boa tática em que a maior parte das pessoas envolvidas sai ganhando: as gravadoras ganhariam a tão clamada flexibilidade em como elas oferecem suas músicas. E o Spotify provavelmente conseguiria alguns assinantes: quer ouvir o 1989 da Taylor Swift? Ótimo: pague R$ 14,90 por mês e ganhe acesso a mais zilhões de músicas, em vez de pagar R$ 30,99 só por um CD.

Fora que, quanto mais assinantes, maior a receita. Dos 100 milhões de usuários ativos do Spotify, 80% usam o plano gratuito e 20% assinam o serviço. Mas você já deve saber quem dá mais dinheiro: 91% do faturamento do serviço provém de quem usa o Spotify Premium, e ainda assim a startup tem prejuízo todos os anos.

Oficialmente, procurado pelo The Verge, o Spotify não sinalizou que deve aderir ao modelo mais restritivo em um curto período de tempo. Abaixo, o comentário completo:

Nós estamos cem por cento comprometidos com nosso modelo [atual] porque nós acreditamos que um serviço gratuito, suportado por anúncios, combinado com um modelo premium mais robusto é a melhor forma de entregar música aos fãs, criar valor para artistas e compositores e fazer a indústria crescer.

Nesse contexto, nós exploramos uma grande variedade de opções promocionais para o novo álbum do Coldplay e decidimos, junto com a gerência, que o Coldplay e seus fãs poderão aproveitar o álbum completo no serviço pago e gratuito nesta sexta-feira (11).

Considerando que essa sequência de fatos já se repetiu antes, alguns problemas começam a aparecer, ainda que o Spotify ofereça mais flexibilidade às gravadoras. É mais vantajoso, para o artista, lançar o álbum sem colocar em algum serviço de streaming, esperar uma ou duas semanas de vendas e, logo depois, disponibilizar sua obra no Spotify. O lucro provavelmente será maior.

A única alternativa para resolver tanto a rixa com os artistas quanto o prejuízo constante acaba sendo, no final, exterminar o plano gratuito e ver a base de usuários cair ao mesmo tempo que a receita aumenta. Ainda que o serviço ofereça 30 dias de degustação e até três meses de Premium por apenas R$ 1,99 para novos usuários, há pouca adesão às assinaturas. E restringir músicas no plano gratuito pode não ser o suficiente.

Nada parece estar funcionando.

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Jean Prado

Jean Prado

Ex-autor

Jean Prado é jornalista de tecnologia e conta com certificados nas áreas de Ciência de Dados, Python e Ciências Políticas. É especialista em análise e visualização de dados, e foi autor do Tecnoblog entre 2015 e 2018. Atualmente integra a equipe do Greenpeace Brasil.

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