Micromax chega ao Brasil com celulares de baixo custo

Companhia indiana anunciou aparelhos dual chip.

Thássius Veloso
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• Atualizado há 6 dias

Hoje teve um evento em São Paulo para anunciar a chegada de “um grande fabricante asiático”. Em foco está o mercado de celulares, que recebe um novo player já em agosto. Mas antes peço sua atenção para a garota-propaganda, que esteve presente na coletiva de imprensa em (pouca) carne e (muito) osso.

A japa mais querida do Brasil estava lá

Sabrina Sato é o rosto que vai promover as vendas da Micromax no país. Assim como eu, é bem provável que você nunca tenha ouvido falar dessa empresa. Então vamos lá: a companhia é considerada a maior fabricante de celulares da Índia. Aparece em terceiro lugar (de acordo com eles — a fonte do número não foi informada) em concentração de mercado para celulares, a frente de Sony Ericsson e Samsung (para citar algumas). Por lá, eles abocanharam 10% do mercado em dois anos e meio, tempo de vida da operação da Micromax com celulares.

A chegada da companhia ao Brasil é acompanhada de um investimento de R$ 20 milhões. A Micromax inicia suas vendas com o mercado do Nordeste. Explicando a decisão, Mauro Federici, gerente nacional da Micromax, diz que no Nordeste há mais espaço para competir. A teledensidade na região (ou seja, a proporção entre aparelhos e habitantes) está abaixo da verificada no Sudeste, por exemplo.

Micromax Bling

Quando eu digo que a Micromax vende celulares, é no sentido mais simplificado da palavra. Nada de smartphones nessa primeira fase de operação brasileira. Ouso dizer que os três produtos apresentados são dumbphones, tendo em vista os seus recursos limitados.

Vamos a eles:

  • X114 — Mais básico dos celulares, tem rádio FM e MP3 player. Preço: R$ 119.
  • X225 — Sua bateria dura 12 dias em modo de espera, de acordo com a Micromax. Oferece MP3 player, rádio FM e alto-falantes. Preço: R$ 159.
  • Q55 — Voltado para o público feminino, tem teclas cravejadas de brilhantes de zircônia (uma imitação do diamante). Também chamado de Bling, o aparelho tem teclado deslizante; na traseira do visor há um espelho para retocar maquiagem. Preço: R$ 449.

Dá para notar que o apelo dos produtos Micromax está no preço. A companhia vai oferecer celulares por um valor bastante competitivo. A estratégia de marketing apresentada na coletiva de imprensa permite concluir que os produtos são focados na classe C, que só recentemente teve acesso a certos produtos, anteriormente destinados à classe média.

Dual-SIM

Os celulares da Micromax apresentados hoje são dual chip. Ou seja, o usuário pode utilizar duas linhas telefônicas no mesmo equipamento. O recurso é interessante porque garante economia nas chamadas intrarrede (quando um número de telefone disca para outro número da mesma operadora). Não é recente o fenômeno dos aparelhos com 2 chips por aqui, e o barateamento das ligações entre números da mesma telefônica tente a fortalecê-lo.

Por outro lado, dificulta o acesso da Micromax aos pontos de venda das operadoras. O gerente nacional da empresa afirma que teve reunião com a Claro, Oi, TIM e Vivo para apresentar os celulares e ver se alguma das telefônicas tinha interesse em abraçar o lançamento da Micromax no Brasil. A resposta das operadoras veio com “negatividade”, de acordo com o executivo.

A distribuidora Cimel será responsável pela entrega dos celulares da Micromax no Nordeste e no resto do país. Acordos com as redes Carrefour, Ricardo Eletro e C&A devem ser fechados em breve, o que só corrobora minha tese de que o produto é voltado para um público interessado em gastar pouco para falar no celular.

Diferencial em todos os celulares

A Micromax tenta trazer para si o adjetivo “inovadora”. Todo o material publicitário terá esse enfoque. Entre os exemplos de inovações promovidas pela empresa indiana está a “bateria de maratona” — uma tecnologia de bateria que, segundo eles, permite stand by de 12 dias, 17 dias ou até mesmo 30 dias. Mais do que muitos aparelhos hoje em dia no mercado, que não aguentam 48 horas sem chorar por uma carga.

Alguns celulares da Micromax vendidos na Índia contam com Gamolution. De acordo com executivos, a Micromax percebeu que os jovens andavam com seus aparelhos por todo canto, sempre jogando. Para aprimorar essa experiência, o Gamolution foi criado, permitindo conectar o celular à televisão para jogar numa tela bem maior.

Outro exemplo de inovação (também de um aparelho que não se vê no portfolio inicial para o Brasil) diz respeito à troca de operadoras num dispositivo dual chip. Em vez de acionar essa troca com um botão, o consumidor poderia simplesmente sacolejar o celular. O sensor de gravidade automaticamente faz a troca entre os SIM cards, segundo informações fornecidas pelos executivos.

Smartphones

A primeira fase da Micromax no Brasil tem apenas aparelhos mais simples, focados no consumidor que procura uma solução mais básica para telefonia móvel — tanto que o celular mais barato custa somente R$ 119. Para a segunda fase do projeto, prevista para outubro, a companhia indiana diz que novos dispositivos serão oferecidos. Entre eles, smartphones, pelo que se pode concluir a partir das informações fornecidas na coletiva.

A Micromax trabalha com smartphones rodando Android (com direito a muitos elogios para a parceria entre a empresa e o Google) ou uma plataforma própria desenvolvida na Índia. Não foram dados mais detalhes sobre essa plataforma.

Expectativa

Com investimento de R$ 20 milhões, a Micromax pretende vender 1 milhão de unidades de seus produtos no primeiro ano de operação por aqui. Para Mauro Federici, esse é um número a ser batido. E o executivo vai além: afirma que um crescimento de 50% seria o mínimo aceitável para o segundo ano da Micromax no país.

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Thássius Veloso

Editor

Thássius Veloso é jornalista especializado em tecnologia e editor do Tecnoblog. Desde 2008, participa das principais feiras de eletrônicos, TI e inovação. Também atua como comentarista da GloboNews, palestrante, mediador e apresentador de eventos. Tem passagem pela CBN e pelo TechTudo. Já apareceu no Jornal Nacional, da TV Globo, e publicou artigos na Galileu e no jornal O Globo. Ganhou o Prêmio Especialistas em duas ocasiões e foi indicado diversas vezes ao Prêmio Comunique-se.

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