O maior evento de software livre da América Latina aconteceu nos dias 17 e 18 de novembro, e contou com a presença dos ilustres Linus Torvalds e John Maddog Hall falando sobre os 20 anos do Linux, diversas palestras para os mais variados grupos de profissionais e interessados na filosofia Open Source — além de muitas novidades para os fãs do pinguim.
Primeiramente, é interessante notar que, comparando com a LinuxCon do ano passado, o evento desse ano parecia menor, com menos participantes. Pode ser só impressão (já que o espaço escolhido esse ano é bem maior) ou até mesmo a data escolhida que não foi muito favorável (perto do período de provas e logo depois de um feriado, afastando estudantes e talvez até funcionários de TI). Outra particularidade do evento foi perceber que a presença de executivos e profissionais era bem maior que o normal.
Abrindo o evento, Linus Torvalds e John “Maddog” Hall fizeram um bate-papo rápido, respondendo perguntas e comentando sobre os 20 anos do Linux, além de como eles veem a importância do software livre no Brasil. John foi enfático ao falar de como o código aberto pode ser importante para países em desenvolvimento:
“O software livre permite o desenvolvimento nacional, o profissional não precisa sair do pais ou apelar para soluções internacionais que beneficiarão empresas de fora do país. O dinheiro e o conhecimento que ele gera fica no país, não importa se é real, dólar, ou outra moeda.” — John Maddog Hall
Já Linus não poupou comentários às tecnologias fechadas e como elas afetam o mercado:
“Tecnologias que ‘travam’ coisas tendem a perder no final das contas. Quando a Apple lançou o iPod e começou a usar DRM em músicas, todos temiam que o mp3 morreria. E hoje vemos que não é isso o que aconteceu. As pessoas querem liberdade (mesmo que elas não tenham noção disso) e o mercado precisa de liberade para crescer”.
Ainda nesse tópico, Linus tem uma opinião simples sobre a polêmica envolvendo o Secure Boot da Microsoft:
“Eu sou um cara bem otimista: dados abertos serão bem sucedidos no final das contas, e o boot seguro é apenas outra dessas modas passageiras.”
Encerrando, ao ser perguntado sobre como ele vê o Linux depois de 20 anos e se ele já se surpreendeu vendo o sistema que ele criou sendo usado em soluções pouco convencionais, Linus foi bem enfático:
“Originalmente, eu queria usar o Linux no meu desktop. É interessante ver outras pessoas usando não só como o desktop deles, mas em diversos outras soluções, como geladeiras. Nada mais me surpreende nesse ponto.”
Após a tietagem básica dos fãs, o ciclo de palestras começou. Focando principalmente em tecnologias de cloud computing, aplicações open source para empresas e Android, havia palestras para todos os gostos e níveis, desde o estudante fã de código até o executivo fã de gráficos e tabelas.
Destaca-se principalmente a apresentação “GNOME 3 – An improved UX from 3.0 to 3.x” que (milagre dos milagres) me convenceu a dar mais uma chance para o GNOME 3.
Na área de estandes, muitas empresas apresentavam seus produtos e soluções baseadas em software livre, em especial o Mandriva, que inclusive mostrava o computador usado no programa “Um computador por Aluno” do governo, um notebook Positivo com um KDE simplificado para os estudantes.
No final, foi um bom evento, com boas apresentações e conteúdo interessante, e a posição do Brasil como uma potência que pode se beneficiar da economia e qualidade do software livre foi ressaltada diversas vezes. Como evento para conhecer novas tecnologias e possibilidades, além de gerar idéias para projetos pessoais e profissionais, o Linuxcon é ótimo.
Mas ainda falta um pouco mais. Não vi casos de sucesso de órgãos públicos e privados ali, e isso é essencial em eventos assim. Espera-se que no LinuxCon Brasil 2012 isso mude, e possamos acompanhar como o Brasil vem adotando o Linux, em vez de só ouvirmos como poderíamos estar adotando o Linux.