Viajar para conhecer a natureza é uma atividade que cresce no mundo inteiro. Além de belas paisagens, muitos viajantes não perdem a chance de fotografar animais exóticos ou que só podem ser encontrados na região visitada. Mas a ONG World Animal Protection alerta: não raramente, os bichos disponíveis para fotos sofrem maus-tratos ou até são retirados de seu habitat apenas para atrair turistas.

Essa prática existe há muito tempo, mas ganhou força com o surgimento de redes sociais como Facebook e Instagram. Representantes desta última afirmam que o serviço proíbe fotos que estimulam atividades prejudiciais contra animais. Mas o problema não é esse: as fotos feitas por turistas nem sempre transparecem condições de maus-tratos. Frequentemente, o próprio autor não percebe o efeito da sua ação.

No relatório sobre o assunto (PDF), a World Animal Protection afirma ter visitado dois lugares: Manaus (AM) e Puerto Alegria, no Peru. Nessa incursão, a equipe da ONG encontrou cobras anaconda (ou sucuri) que costumam ficar estrategicamente expostas para que turistas tirem fotos delas ou com elas (em troca de algum dinheiro, normalmente).

Quando uma cobra é requisitada para selfies, uma pessoa aperta a região logo abaixo da cabeça dela para controlá-la e deixá-la em pose adequada. Mas esse é só primeiro sinal de maus-tratos. Se a foto for tirada com flash, a luz pode cegá-las temporariamente. E quando não estão expostas, as cobras normalmente ficam condicionadas em caixas de madeira pequenas e escuras. Isso é uma crueldade sem tamanho: as cobras precisam da luz solar para regular a temperatura corporal.

Cobra segurada para selfie (foto por World Animal Protection)

A ONG também encontrou bichos-preguiça em condições de sofrimento. Esses animais têm um jeito “fofo” e parecem estar sorrindo, fazendo muita gente ser atraída para perto deles. Só que, de acordo com a World Animal Protection, os bichos-preguiça encontrados nos pontos turísticos passam de mãos em mãos com frequência, situação que causa grande estresse a eles. Além disso, muitos ficam amarrados em árvores para que os turistas possam tocá-los ou fotografá-los mais facilmente.

Os exemplos não terminam aí. A ONG também encontrou jacarés Caiman mantidos com as bocas fechadas dentro de caixas escuras — assim como as anacondas, os jacarés são animais de sangue frio e, portanto, precisam de luz solar —, além de tucanos com abscessos graves nas patas, tamanduás que eram a todo instante tocados ou puxados por humanos e até um peixe-boi mantido no tanque de um hotel.

Para a equipe da ONG não foi difícil encontrar sinais de maus-tratos. Muitas cobras, por exemplo, estavam desidratadas ou com lesões ao longo do corpo. Mas pessoas leigas podem simplesmente não notar esses sinais e achar que está tudo bem.

Macaco amarrado (foto por World Animal Protection)

No relatório, a ONG frisa que os problemas reportados ali são apenas alguns exemplos. A crueldade contra animais em prol do turismo se manifesta em várias partes do mundo. Por conta disso, a World Animal Protection dá algumas recomendações:

  • Não persiga ou pegue animais selvagens para tirar selfies;
  • Não alimente ou atraia animais com comidas para que eles se aproximem de você para uma foto;
  • Não tire fotos com ou de animais mantidos amarrados ou segurados por alguém;
  • Procure agências de turismo responsáveis; se elas permitirem contato direto com animais selvagens, são grandes as chances de haver problemas ali;
  • Se identificar maus-tratos com animais, relate o problema em plataformas como TripAdvisor ou em redes sociais. A repercussão pode ajudar na conscientização.

Para quem quiser se engajar ainda mais na causa, a ONG também criou a campanha Wildlife Selfie Code, que pode ser assinada por qualquer pessoa.

Com informações: BBC, The Guardian, People Pets

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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