Rocksmith, o game que vai matar as guitarras de plástico

Direto da E3: testamos o jogo da Ubisoft que vai usar guitarra de verdade.

Gus Fune
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• Atualizado há 1 ano

Não acreditei quando vi o demo de Rocksmith pela primeira vez no palco da Ubisoft na E3. Como assim um jogo no estilo Guitar Hero ou Rock Band que funciona com uma guitarra de verdade? Kinect? Feitiçaria? Não, a coisa é bem mais simples.

Consegui entrar na demonstração fechada do game com dois developers da Ubisoft, que apresentaram o jogo. Rocksmith utiliza um cabo USB-P2 conectado ao seu Xbox 360 ou PS3. É a partir daí que toda a mágica acontece. Qualquer impulso elétrico gerado pela guitarra é interpretado pelo pequeno gadget no cabo, não maior do que um polegar, e enviado ao game. O som sai no jogo.

Rocksmith: depende de um acessório para conectar na guitarra

Entendido como funciona, ele me mostraram o jogo em si. A tela não é muito diferente da área de gameplay de Rock Band — à primeira vista da até pra imaginar que é o mesmo jogo. A diferença: cada corda da guitarra é uma cor e, em vez de seis notas pra acertar, aparece uma cópia inteira do braço da guitarra, numerado de 3 a 21, dependendo do quão avançada for a música e seu nível.

Logo de cara, ele vai mostrar poucas casas no braço e notas mais simples. À medida que for melhorando no jogo, ele já libera notas mais difíceis e arranjos complicados. Medium, Hard ou Expert? Esquece isso! Rocksmith mantém registro de como você joga e a cada música, ele vai adaptar o gameplay de forma que não seja muito fácil, seja desafiador e não seja frustrante.

Só acreditei nisso na hora que botei minhas mãos na guitarra pra testar. A música começou com uma nota e apenas isso. Após alguns acertos, apareceu outra nota em outra casa. A medida que a música progredia, mais notas apareciam, era possível fazer slides e até um simples acorde. E se eu errasse muito a mesma nota, o game já tratava de escondê-la, para voltar com ela depois que eu acertasse tudo que estava se passando.

“São mais de 35 níveis de dificuldade. Você vai passando por cada um progressivamente até o nível Master, em que você está pronto pra tocar ao vivo”, disse um dos desenvolvedores do jogo. “Eu nunca peguei numa guitarra antes de começar o projeto há 18 meses. Agora consigo tocar a maioria das músicas sem nem olhar para a TV”.

Aulas de guitarra em casa

Além do gameplay, Rocksmith vem com oito minigames em que você usa a própria guitarra como controle. Cada um desses mini-games tem como objetivo dar um upgrade em algumas habilidades específicas com a guitarra. Slide? Jogue um puzzle parecido com Bejewled. Também vai ter minigames para testar a localização das cordas, harmônicos acordes, etc.

O tutorial do jogo também ensina a tocar guitarra de uma forma bem didática. Nos primeiros passos, ele te mostra as notas, algumas combinações e te apresenta um acorde. “Esse é o acorde G; quer tocar uma música que usa esse acorde?”. Daí em diante, o game te apresenta faixas que utilizam essa nota.

Questionei se isso não iria deixar muito professor de guitarra sem emprego, mas a resposta que recebi foi interessante: “Pelo contrário. A parte mais frustrante de se aprender um instrumento é o começo. Passando por essa parte, coisas como técnicas, postura e teoria não podem ser ensinadas pelo jogo. Aí que entra um professor de guitarra. Imagina que bacana você ir pra aula de guitarra e seu professor falar que seu dever de casa é passar de 90.000 pontos em determinada música?”

(YouTube)

Mais que um jogo

Um dos modos mais bacanas de Rocksmith é poder montar o seu set de jogo. Pedais, efeitos e amplificadores, tudo que custaria uma fortuna em uma loja está disponível no game.

E a melhor parte: funciona com qualquer guitarra. “Testamos primeiro com as guitarras mais baratas e com o maior número de marcas e modelos possíveis antes de testar com essas belezas”, disse um dos designers apontando pra um rack na parede recheado de Gibsons, Fenders e outras marcas clássicas.

Rocksmith chega em outubro nas lojas. Não temos informações de preço, só sabemos que vem o game junto com o cabo para ligar no Xbox 360, PS3 ou PC.

E quanto a outras versões? Bem, está nos planos da Ubisoft lançar versões do game para baixo, teclado, bateria. Só não sabemos quando. Antes disso, é preciso consolidar Rocksmith e o fim das guitarras de plástico.

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Gus Fune

Gus Fune

Ex-redator

Gus Fune é formado em Comunicação Social e pós-graduado em desenvolvimento e design de Games. No Tecnoblog, cobriu eventos como Electronic Entertainment Expo (E3), Game Developer Conference (GDC) e South by Southwest (SXSW) e escreveu sobre esse universo. Atua, hoje, como diretor de tecnologia e assessor, mas já esteve em projetos de empresas como 3M e Motorola.

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