Há algumas semanas eu postei aqui no Tecnoblog um especial sobre robôs e se eles vão roubar nossos empregos. Boa parte do que foi dito ali — os questionamentos levantados — se dá por conta do avanço de áreas da inteligência artificial.

Será que algum dia estaremos diante de um contexto de avanço científico, criado ou viabilizado por esse tipo de tecnologia, com impacto tão (ou mais) importante do que o causado por Einstein e suas descobertas?

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Veja bem, estamos falando de um senhor que, há mais de 100 anos, previu a existência de ondas gravitacionais, uma possível distorção entre espaço e tempo, e que finalmente puderam ser detectadas no começo deste ano por meio da aplicação prática de suas hipóteses no LIGO, Observatório de Ondas Gravitacionais em Washington, Estados Unidos.

É deste nível de avanço na escala de entendimento do nosso universo (micro ou macro) que estamos falando aqui.

Jon Simon/Feature Photo Service for IBM

Inteligências artificiais já ajudam cientistas a criarem hipóteses testáveis, que permitem aos especialistas a experimentação real de diversos modelos hipotéticos. É importante citar que isso não vai dar às máquinas poder sobre a raça humana em um plano maquiavélico de dominação mundial. Humanos e máquinas possuem habilidades complementares, como disse Laura Haas, diretora do IBM Research Accelerated Discovery Lab: “as máquinas vão se tornar um parceiro fortíssimo dos humanos no futuro”.

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Hoje, elas já nos ajudam bastante, inclusive. Peguemos aqui o exemplo do Watson, sistema cognitivo da IBM conhecido principalmente por suas incríveis habilidades demonstradas ao vencer o game show Jeopardy, em 2011. Se você nunca viu o que ele fez, assista ao vídeo abaixo.

Sendo bem sincero, além de ficar impressionado com o poder de aprendizado e processamento do Watson, perceber que nós, humanos, possuímos essa capacidade de memorizar e processar informações como esses participantes fizeram, é de explodir a cabeça. No pun intended.

Voltando: desde a vitória no programa televisivo, a equipe por trás desse sistema trabalhou para melhorar as suas capacidades de aprendizado. Hoje, o Watson participa de inúmeras outras aplicações práticas, que vão de culinária, análises psico-linguísticas (que é algo fundamentalmente humano), guia automatizado de museu, a até mesmo veterinária.

Mas, de longe, o que mais me deixa animado em relação ao que esse tipo de inteligência pode fazer é o seu poder de processamento e análise de Big Data em estudos médicos e científicos. Ainda mais porque 90% de todos os dados gerados pela comunidade científica até hoje tiveram origem nos últimos dois anos. Em média, 2,5 exabytes de dados são gerados todos os dias, segundo Haas. Evidentemente, a gente precisa dos computadores para processar tudo isso.

IA, câncer e envelhecimento

O Dr. Olivier Lichtarge, biólogo molecular da Baylor College of Medicine do Texas, estava participando de um estudo sobre o gene p53 quando ficou sabendo da existência do Watson. Esse gene é conhecido coloquialmente como o “Anjo da Morte” (pampaaamm) por ser responsável pelo envelhecimento e deterioramento das células humanas.

Aliás, em 50% dos casos de câncer existe algum problema com a forma como o gene p53 está funcionando. Sua pesquisa ainda revelou que certas enzimas, chamadas cinases, possuem papel importante nesse funcionamento.

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Junto com a equipe de Haas, o Dr. Lichtarge colocou o Watson para analisar uma infinidade de estudos médicos publicados antes de 2004 para tentar identificar um padrão entre as cinases e o gene. E a IA identificou nove diferentes tipos de cinases que podem afetar o p53.

Estas descobertas podem, no futuro, ajudar a encontrar uma cura para o câncer e uma forma de retardar nosso envelhecimento. Lembrando que o Watson não é a única IA que está trabalhando nesses campos, o que aumenta exponencialmente as chances de que algum sistema como esse possa, um dia, elaborar modelos hipotéticos revolucionários e nos prover descobertas históricas.

Novamente, a combinação da genialidade humana e o aprendizado de máquina podem nos dar um mundo muito melhor para se viver. A pergunta não é mais se teremos esse marco histórico. É quando o atingiremos.

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Matheus Gonçalves

Matheus Gonçalves

Ex-redator

Matheus Gonçalves é formado em Ciências da Computação pelo Centro Universitário FEI. Com mais de 20 anos de experiência em tecnologia e especialização em usabilidade e game development, atuou no Tecnoblog entre 2015 e 2017 abordando assuntos relacionados à sua área. Passou por empresas como Itaú, Bradesco, Amazon Web Services e Salesforce. É criador da Start Game App e podcaster do Toad Cast.

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