Este é Jarvis, assistente virtual de… Mark Zuckerberg
Você não leu errado: no início do ano, Mark Zuckerberg prometeu criar o seu próprio Jarvis e assim o fez.
Você não leu errado: no início do ano, Mark Zuckerberg prometeu criar o seu próprio Jarvis e assim o fez.
O ano está terminando, então deixe-me perguntar: você cumpriu as resoluções que fez para 2016? Bom, a gente conhece um cara que cumpriu. No começo de janeiro, Mark Zuckerberg prometeu criar um assistente virtual inteligente. Na segunda-feira (19), ele revelou que o Jarvis já é realidade.
Jarvis não é o nome oficial, mas Zuckerberg o utiliza porque o projeto é inegavelmente inspirado no assistente virtual do Homem de Ferro. Conceitualmente, a maior diferença entre ambos é que o Jarvis da ficção não atua apenas como um mero mordomo virtual, mas também ajuda Tony Stark a ser um herói. Já o Jarvis “real” foi idealizado para atuar em tarefas domésticas.
Zuckerberg explica que, tal como prometido no início do ano, o seu assistente já consegue controlar as luzes, ajustar a temperatura, reproduzir músicas e gerenciar as câmeras de segurança da sua casa. O assistente recebe comandos por computador e smartphone, mas também pode automatizar algumas tarefas: ele reconhece todos os moradores do local e, com isso, consegue aprender as preferências de cada um.
Para tanto, uma das primeiras etapas do projeto consistiu em tornar os dispositivos domésticos em dispositivos domésticos conectados (sim, algo na pegada da internet das coisas). Zuckerberg explica que essa fase deu bastante trabalho: a maioria dos dispositivos não foi projetada para se conectar à internet; entre os que estão preparados para isso, como uma TV Samsung e uma câmera Nest, não há padronização de protocolos.
Ao descrever essas complicações, Mark Zuckerberg enviou um recado à indústria: “precisamos de mais dispositivos conectados e que a indústria desenvolva APIs e padrões que permitam que os dispositivos conversem entre si”.
A etapa seguinte foi tão ou mais desafiadora, mas suspeito que mais divertida também: implementar os algoritmos de inteligência artificial. Isso porque o assistente precisa não só entender comandos de voz, mas também interpretar contextos. Por exemplo, se Zuckerberg pede para apagar a luz, o assistente precisa entender que a instrução se refere ao recinto em que ele está.
É mais difícil do que parece. Os comandos podem ter variações muito sutis. O próprio Zuckerberg dá um exemplo: há diferenças entre pedir para o assistente “reproduzir Someone Like You”, “reproduzir algo como Adele” e “reproduzir algo da Adele”.
Essas instruções soam bastante parecidas (em inglês, pelo menos), mas nós conseguimos interpretá-las corretamente. Uma máquina, porém, precisa de um mecanismo avançado de aprendizagem para interpretar corretamente os comandos, principalmente se levarmos em conta que cada usuário tem preferências distintas.
Para lidar com tudo isso, o assistente conta com algoritmos de reconhecimento de voz, de processamento de linguagem natural, de aprendizagem por reforço, de reconhecimento facial, entre outros, tudo escrito em Python, PHP e Objective-C, segundo Zuckerberg.
O assistente também foi desenvolvido para monitorar Max (filha de Zuckerberg) no quarto, reconhecer amigos batendo na porta e, claro, gerar alertas se um invasor entrar na casa (daí o algoritmo de reconhecimento facial). Para isso, o Jarvis precisa “enxergar”. Os olhos deles são as câmeras que Zuckerberg espalhou pelo local.
Se um amigo bate na porta, o assistente é capaz de informar “Fulano acabou de chegar”. De igual forma, o Jarvis pode avisar Mark ou Priscilla Chan (a esposa de Zuckerberg) que Max acabou de acordar. A implementação desse sistema foi uma das etapas mais fáceis: faz tempo que o Facebook tem um sistema de reconhecimento facial que trabalha bem.
Não termina aí. Zuckerberg achou que seria legal enviar comandos ao assistente quando estiver longe de casa. Para isso, ele integrou um bot ao Facebook Messenger. Comandos escritos são usados, por exemplo, quando Zuckerberg não quer incomodar alguém que está por perto (ou talvez ele tenha vergonha de pronunciar comandos na frente de outras pessoas, vai saber). O Jarvis também usa o Messenger proativamente, enviando a Mark, entre outras informações, fotos de pessoas que se aproximaram da casa em sua ausência.
Mas, na maior parte do tempo, os comandos de voz é que são usados. Por isso, Zuckerberg programou um app de reconhecimento de voz para iOS (uma versão para Android também deve ser desenvolvida) para ficar sempre ativo.
Aqui, o criador do Facebook percebeu que, apesar de a inteligência artificial ter avançado bastante, ainda há muito trabalho a ser feito: sistemas do tipo ainda têm dificuldades para compreender conversas inteiras; eles ainda dependem de padrões de comunicação muito específicos.
Mark Zuckerberg não disse se pretende disponibilizar o Jarvis como um produto comercial ou, de alguma forma, aproveitar a tecnologia no Facebook. Por ora, o projeto é um grande experimento que, como tal, deixou evidente a ele o que é a inteligência artificial atualmente: algo muito avançado, que pode fazer coisas como curar doenças e dirigir carros, mas que ainda não é capaz de aprender habilidades por si só — tudo o que o Jarvis faz ainda precisa ser programado.
Ah, sim: Zuckerberg promete revelar a sua resolução para 2017 nas próximas semanas. Já pensou se ele resolve se tornar, tanto quanto possível, um equivalente do Homem de Ferro?