Get Over Here e Da Wolves: dois jogos brasileiros que você deveria conhecer melhor

Reload Game Studio apresenta dois jogos em sua segunda participação na Brasil Game Show

Jean Prado
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• Atualizado há 9 meses
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Assistindo à apresentação da Sony que revelava alguns jogos interessantes no estande do PlayStation, achei interessante quando André Chiappetta, cofundador da Reload Game Studio, subiu ao palco para falar de seu mais novo lançamento, o Get Over Here. Decidi ir até o Pavilhão Indie da Brasil Game Show, que está cinco vezes maior este ano, para conhecer melhor a empresa.

Este é o segundo ano da Reload Game Studio na BGS. A diferença é que, no ano passado, o Get Over Here era apenas um protótipo; hoje já está na versão final por R$ 20 no Steam e disponível como demonstração no estande do PlayStation para qualquer um jogar. Quando a Sony entrou em contato avisando que queria divulgar o jogo, André nem imaginava que iria subir no palco para apresentar o lançamento.

“Tanto a incubadora”, comenta André, se referindo ao Programa de Incubação de Desenvolvedores do PlayStation, “quanto o ID@Xbox são muito atenciosos [com os desenvolvedores independentes]. Eles gostam bastante de quem já está no programa e todo mundo que já faz parte do programa está bem satisfeito”, comenta.

Ainda que a versão do Get Over Here para Xbox One e PlayStation 4 não esteja finalizada ― André diz que o lançamento deve chegar até o final do ano ―, o foco da Reload Game Studio é terminar outro jogo até a metade do ano que vem, demonstrado como protótipo na BGS, o Da Wolves. “A primeira vez que ele saiu do escritório foi aqui na BGS. Eu ainda tenho que fazer uma campanha no [Steam] Greenlight e apresentar o Da Wolves para a Sony e Microsoft”, detalha André.

Get Over Here

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Pelo que eu percebi pelo pouco que joguei e vi do Get Over Here, a gameplay é bem agitada. É um jogo principalmente de duelo entre amigos, pra quem quer jogar para passar o tempo. Perguntei qual foi a proposta do jogo a André. Ele respondeu:

A proposta do Get Over Here é aquela que eu tentei passar. A gente veio de uma época que todos os amigos se reuniam em casa, pegava um salgadinho, umas bebidas e ficava um zuando outro e a gente queria resgatar isso. A principal referência é o Bomberman 3. O mais legal do jogo é chamar os amigos e jogar com eles.

Não é à toa que o modo single player do Get Over Here é apenas contra o computador, que joga por inteligência artificial. O forte do jogo é o multiplayer offline, mas no Steam também há o modo online. Na página do jogo, a principal descrição é “O que acontece quando um produtor louco tem a chance de fazer a série de TV de sua vida?”.

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Então fiquei curioso em saber se havia alguma história mais elaborada por trás do jogo. Quem cuida dessa parte na Reload Game Studio é Otávio Imon, artista 2D da empresa que também ajuda na criação da história. Como André mencionou o Bomberman 3, questionei se eles quiseram trazer esse sentimento nostálgico de jogo entre amigos para dentro do Get Over Here:

O Get Over Here não tem uma história explícita, os personagens são inspirados em universos distintos. Não houve muita preocupação de tentar ser nostálgico ou não, foi mais na mecânica mesmo, porque a gente queria implementar personagens que fossem únicos, diferentes e nos parecessem com outras coisas, juntando com influências de animes e cartoons. As principais referências foram o anime Redline, um filme de corrida do diretor Takeshi Koike. Ele foi a principal referência para a arte tanto do Da Wolves quanto do Get Over Here.

A maior preocupação, segundo ele, foi com a gameplay. Ainda que eles estejam ocupados com o Da Wolves, pretendem continuar atualizando o Get Over Here se houver demanda.

Você tem que puxar o seu inimigo, como o nome diz, você lança a corrente e ele vai ficar meio tonto, aí você puxa ele pra você e finaliza. É um jogo bem rápido, frenético, a galera fala que é legal jogar bêbado. Bem jogo de sofazão mesmo. Dependendo de como for o feedback da galera, a gente vai atualizar o jogo sim. Talvez mais personagens, mais cenários, mais armadilhas e talvez até um modo campanha.

Da Wolves

Com o Da Wolves, o foco é outro. A história é o mais importante do jogo, também com um sentimento nostálgico mas também com elementos modernos, segundo André. “Sempre gostamos de um jogo de nave, mas dessa vez quisemos fazer um jogo com uma mecânica diferente, com uma história, uma gameplay legal”, comparando o jogo a Katamari e 1942. “O legal dele é o feeling nostálgico com um feeling moderno, como a mecânica de modulagem e peças”, completa.

Otávio participou de grande parte da história do Da Wolves, ainda que o jogo ainda seja um protótipo. Pelo que ele me contou, já tem bastante coisa definida:

A história do jogo é sobre um grupo de renegados que cansaram do governo e a solução que eles acharam para resolver o problema deles é sair matando os políticos. Então eles cruzam o universo inteiro matando políticos, derrotando tudo, quebrando geral. [Também] tem os lances de inimigos paranormais e algumas questões psicológicas.

O personagem principal seria o James D. Wolf, o cara que puxa todo mundo pra essa revolta. Só que no desenrolar do jogo você pode chegar a conclusão de que não é bem assim, de que não foi ele que… Digamos que tem várias reviravoltas nessa história, é uma história bem complexa. Não queríamos deixar uma história simples para um jogo de nave, será uma história que faz um sentido, tem um arco completo e vamos desenvolver os personagens e as naves vão se desenvolver com eles.

O estilo do jogo se parece um pouco com RPG, segundo Otávio. “A gente quer fazer um jogo bem completo mesmo, então os personagens vão passar de nível, a história importa, tem chefões, é um jogo bem fechado”, comenta. “Você pode melhorar sua nave conforme vai progredindo no jogo, vai ganhando novos personagens de acordo com a história, seja um preso político ou um político safado que vai virar seu amigo durante uma parte do jogo”, explica.

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Ainda assim, muito pode mudar até a finalização do jogo, que deve acontecer no ano que vem. Otávio diz que não se deve desenvolver a história de forma muito separada em relação ao jogo, caso contrário “as peças, naves e personagens não teriam sentido dentro da história”, diz.

O desenvolvimento começou com a ideia de “luta contra a corrupção, contra o governo”. “A partir daí a gente cria um argumento, que a gente vai falar tudo o que vai acontecer no jogo, todas as reviravoltas”, mas Otávio explica que alguns pontos da história ainda podem mudar, assim como aconteceu desde a ideia inicial. Por mais que tudo pareça sólido, ainda há muito o que fazer com a história, segundo Otávio:

Falta a gente pontuar quais vão ser os pontos de gameplay do jogo, a gente já tem ideia dos chefes, acontecimentos, cenários. Destrinchar isso, detalhar isso no mínimo possível e produzir. Aqui a gente tem mais o core do jogo, a mecânica principal de você pegar as peças dos seus inimigos, especiais também que a gente queria trazer, níveis diferentes de especial. Vai ter esse tipo de evolução no jogo final.

Além do modo campanha, com a história, missões principais, missões extras, eles ainda pretendem implementar o modo endless para jogar em grupo, como se fosse um jogo de sobrevivência, enfrentando todos os chefes do jogo.

Reload Game Studio

Apesar da empresa ter começado a aparecer nos holofotes apenas recentemente, com direito até a um escritório em São Paulo, a Reload Game Studio já existe há cinco anos. “No começo, a gente trabalhava muito para terceiros e no mercado mobile. A partir do começo do ano passado decidimos investir no mercado de PC e console”, comenta André.

Na BGS passada, eles não tinham lançado nada para console, ainda esperando kits para desenvolvedores da Sony e da Microsoft. Em um ano, já fazem parte do Programa de Incubação da Sony e do ID@Xbox e sempre tentam apresentar algo novo a cada evento. “Um protótipo que você viu na BGS de agora pode já ser um jogo final na próxima e ainda podemos ter outro protótipo para demonstrar”, diz André.

No meio da foto, André demonstra como funciona o jogo Get Over Here para interessados na Brasil Game Show.
No meio da foto, André demonstra como funciona o jogo Get Over Here para interessados na Brasil Game Show.

A empresa foi fundada com Leandro, que estudou game design com André. “A gente se conhece há mais de dez anos, fizemos TCC juntos. Quando a gente terminou a faculdade eu fui morar fora, e quando eu voltei a gente decidiu abrir uma empresa de games porque já trabalhamos para outras”, explica.

O Otávio, que explicou a história dos jogos, foi o primeiro funcionário da empresa. A Reload Game Studios já ganhou um concurso da Square Enix, produtora de videogames, que consistia em fazer um jogo para qualquer plataforma. Com um prêmio em dinheiro, André investiu na empresa e eles começaram a crescer.

“Agora a gente já conta, de programadores, com o Leandro, Caio e Rômulo, para arte o Otávio e Marco, eu para game design e o Cadu que cuida do Som. São Paulo é nossa sede fixa e estamos de portas abertas para quem quiser conhecer a gente. Também fazemos trabalhos de jogos para terceiros”, descreve André. Agora, eles já sobem no palco para divulgar seus jogos e planejam futuros lançamentos.

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Jean Prado

Jean Prado

Ex-autor

Jean Prado é jornalista de tecnologia e conta com certificados nas áreas de Ciência de Dados, Python e Ciências Políticas. É especialista em análise e visualização de dados, e foi autor do Tecnoblog entre 2015 e 2018. Atualmente integra a equipe do Greenpeace Brasil.

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