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Não é segredo algum que a GVT, operadora de telefonia fixa, banda larga e TV por assinatura, está sendo vendida. Com as crises econômicas que aconteceram na Europa nos últimos anos, o grupo francês Vivendi, atual dono da GVT, se desfez de grande parte dos seus ativos, incluindo a operadora francesa SFR e uma grande fatia da Blizzard. Chegou a hora de vender a GVT, e TIM e Vivo disputam a compra da operadora.

Não é a primeira vez que a Vivendi tenta vender a GVT: em agosto de 2012, o grupo colocou a operadora à venda por R$ 10 bilhões, valor que foi subindo conforme o crescimento da operadora no Brasil. Vários grupos se interessaram, incluindo a Telecom Italia (dona da TIM Brasil), que recusou a proposta de 7 bilhões de euros no primeiro semestre de 2013.

Outros players do mercado de telefonia ofereceram até um valor mais próximo do pretendido pela Vivendi: America Movil (dona do grupo Claro/NET/Embratel), DirecTV (dona da Sky, recentemente comprada pela americana AT&T) e Liberty Global ofereceram 6 bilhões de euros pela operadora. Mesmo com a diferença de “apenas” um bilhão de euros, a Vivendi recusou a oferta, esperando que os grupos apresentassem outra contra-proposta. Isso não ocorreu. E, quando a DirecTV saiu da negociação, a Vivendi desistiu de vender a GVT para vendê-la mais tarde.

E agora?

No momento, dois grupos se posicionaram para a compra da GVT: a Telecom Italia e a espanhola Telefónica, dona da Vivo no Brasil. A Telefónica formalizou o interesse de compra em primeiro lugar, em meio aos rumores de que a Telecom Italia estaria interessada na compra. Nessa quinta-feira (14), a Telecom Italia confirmou em Fato Relevante que está em negociações com a GVT, embora nenhuma oferta tenha sido finalizada e que quaisquer propostas deveriam ser aprovadas pelos órgãos societários da empresa.

A compra da GVT seria bastante estratégica para ambas as operadoras. A Vivo provavelmente passaria por alguma pequena dificuldade junto ao CADE, uma vez que existem operações concorrentes de ambas as operadoras em seletas cidades do estado de São Paulo. A GVT só iniciou sua operação no estado há pouco tempo, e a cobertura e base de clientes ainda é baixa, de forma que a unificação das operações seria tranquila. O mesmo aconteceria com a TIM: o serviço de banda larga da Live TIM registrou cerca de 121 mil acessos, presentes nas regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro.

Faz mais sentido que a Telefónica adquira a GVT: as operações fixas da Vivo se concentram apenas no estado de São Paulo. Integrando a GVT aos seus negócios, a Vivo passaria a ter presença em diversas capitais do país e operar com TV por assinatura, telefonia fixa, móvel e banda larga.

Além disso, comprar a GVT ajudaria a manter e expandir o serviço de telefonia móvel da operadora: em 2012, a Vivo só tinha apenas 13% do seu backhaul interligado por meio de fibra óptica, com previsão de crescer apenas 2% no próximo ano – a Oi, por exemplo, possui 75% de backbone fibrado. E como a GVT possui fibra ótica em tudo quanto é canto, seria esperado que a Vivo expandisse o Speedy Fibra e Vivo TV Fibra para outras cidades, inclusive no estado de São Paulo.

Além de banda larga, a GVT também mantém operações de telefonia fixa e TV por assinatura via satélite. A TIM não possui nenhuma operação nos dois serviços, de forma que a GVT pouco integraria com seus negócios atuais. Seria mais fácil se a operadora integrasse sua operação da Live TIM junto a rede da GVT, e expandisse a agressividade de ofertas nas outras cidades. É bem importante lembrar que a TIM mantém uma filosofia que é contra planos convergentes (combos), e isso poderia mexer um pouco na atual estratégia da GVT.

É bastante perceptível que a GVT é pouco concorrente com as operações prévias da Vivo e TIM. Isso é essencial para que um dos dois negócios seja concluído. De qualquer forma, pegue o seu balde de pipoca e acompanhe essa guerra: a oferta da Vivo está na mesa até o dia 3 de setembro, e até lá haverá uma interessante briga entre espanhois e italianos.

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.

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