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Na semana passada, a Microsoft apresentou várias novidades relacionadas ao Surface durante um evento em Nova York. Mas, além do Surface Book, Surface Studio e Surface Dial, uma coisa me chamou muito a atenção. Foi algo dito pelo CEO Satya Nadella: “Nós somos uma empresa que representa os construtores, os autores, os criadores”.

Ei! Até pouco tempo atrás, essa era justamente a visão que a gente tinha da Apple. Com os novos produtos e nova filosofia, a Microsoft fez o que se pensava imaginável, que é, aos poucos, conquistar parte de um império que era todo da Apple.

Calma, eu não estou dizendo que o mercado de criação vai migrar em massa para os Surface, nem que o MacBook Pro vai deixar de existir. Eu inclusive estou escrevendo este texto em um laptop da Apple, no qual trabalho diariamente com desenvolvimento de software e pretendo continuar por muito tempo ainda.

Mas logo depois vimos a apresentação do novo MacBook Pro, com sua barra OLED tátil no lugar das teclas de função, com sua falta de portas USB, sua falta de entrada para cartões de memória, sua necessidade de se adquirir dongles e adaptadores, e finalmente, seus preços altíssimos, não apenas no Brasil.

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Veja bem, eu adoro meu MacBook, e fiquei muito tentado a comprar essa nova versão, mas preciso ser racional aqui. Quando comparado ao que a Microsoft está fazendo, à inovação que ela está buscando, e quando se coloca na balança os MacBooks atuais com os novos, podemos concluir que a Apple não está mais focando em profissionais. E talvez não seja mais referência de inovação, de revolução. Ao menos, nada perto do que já foi um dia.

Não, não vejo que de uma hora para outra o Surface Studio e o Surface Book se tornarão incrivelmente populares, mas o ponto é justamente esse: a Apple sempre foi referência em um nicho específico do mercado profissional, que é a criação. E mesmo fãs de longa data da Apple se mostraram seduzidos pelos produtos da Microsoft — e igualmente decepcionados com os anúncios da Apple.

Com todas essas limitações, o MacBook Pro não é mais o “produto ideal” para fotógrafos, nem para quem viaja e precisa fazer apresentações com o produto, nem ninguém que precise mais de 16 GB de memória, nem quem trabalha com recursos gráficos, modelagem 3D, edição de vídeo ou qualquer tarefa mais parruda.

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Estamos diante de uma inversão de mercado?

Por anos e anos, enxergamos o PC como um produto corporativo, que era só para trabalhar com o pacote Office e, alheio aos excelentes games, estar preso a tarefas enfadonhas. Já no Mac, a imagem era da diversão, da criação, de um universo amplo que permitia explorar toda sua criatividade.

No entanto, apesar de ainda ser a empresa com o maior valor do mundo, boa parte desse sucesso se dá por causa do iPhone:

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Portanto, imagino que o maior desafio da Microsoft agora é fazer com que designers e ilustradores, por exemplo, passem a se ver como possíveis clientes da Microsoft. Uma questão de público-alvo.

Muitos certamente vão se recusar a mudar para o Windows por estarem acostumados com o ecossistema da Apple. E eu não faço ideia de como o Nadella e suas equipes pretendem superar esse problema.

A pergunta que fica é se eles vão realmente investir pesado para aumentar sua participação nesse mercado. Ou, pelo menos, aproveitar bem enquanto a Apple passa por essa crise existencial. Eu imagino que sim.

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Matheus Gonçalves

Matheus Gonçalves

Ex-redator

Matheus Gonçalves é formado em Ciências da Computação pelo Centro Universitário FEI. Com mais de 20 anos de experiência em tecnologia e especialização em usabilidade e game development, atuou no Tecnoblog entre 2015 e 2017 abordando assuntos relacionados à sua área. Passou por empresas como Itaú, Bradesco, Amazon Web Services e Salesforce. É criador da Start Game App e podcaster do Toad Cast.

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