Como é usar o Project Fi, a operadora de telefonia celular do Google

Uma experiência com o Project Fi, serviço de celular do Google que usa duas operadoras para melhorar o sinal

Matheus Gonçalves
Por
• Atualizado há 1 ano
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Talvez alguns não saibam, mas esse sapo que vos escreve mora nos Estados Unidos há alguns anos. Dentro desse período, acabei testando quase todas as grandes operadoras de telefonia celular que cobrem o país.

Primeiro a T-Mobile, por permitir a abertura de contas pré-pagas apresentando apenas o passaporte como documento e, posteriormente, AT&T, Sprint e Verizon. Mas há alguns meses ninguém menos que o Google entrou nessa brincadeira de prover serviços de telefonia móvel, através do Project Fi.

Eu gosto do serviço da Verizon, tanto a parte técnica quanto o atendimento ao cliente. Só que os preços estão ficando cada vez mais salgados, o que me levou à aceitar o convite do Google (#OrkutFeelings), portar meu próprio número do Google Voice e testar o Fi.

Abaixo você confere meu unboxing do Nexus 6P e um teste inicial de velocidade (com um pequeno erro: o Project Fi usa as redes da Sprint e da T-Mobile, não da Verizon; ignorem essa parte):

Em geral, quase todos os planos por aqui incluem chamadas e mensagens de texto ilimitadas, para qualquer número, de qualquer operadora e em qualquer estado. O que varia bastante, como pudemos ver no vídeo, é a qualidade do 4G, velocidade de upload e download, além da cobertura da rede.

Meu consumo médio mensal está em torno de 5 GB, mas para meus testes eu optei pelo plano de 2 GB de dados, que custa US$ 20, mais o pacote de voz, mensagens e atendimento 24 horas, que custam mais US$ 20. Com o valor da parcela do aparelho, noves fora, cai um dentro, somem as taxas locais, e o valor final chegou a US$ 67,10 por mês.

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Não é lá muito barato, se a gente converter para R$. Mas como quem converte não se diverte, ficamos com o bom senso em adequar esse valor ao poder aquisitivo local, o que faz desta mensalidade algo completamente dentro do aceitável.

Quais são os diferenciais?

Como comentei, eu portei meu número do Google Voice para o Project Fi. E o serviço do Hangouts, por exemplo, continuou exatamente o mesmo, ou seja, eu conseguia fazer e receber ligações a partir do computador e do smartphone usando os aplicativos convencionais.

A única coisa que eu notei de diferente é que o autenticador da verificação em dois passos (Google Authenticator) da minha conta principal passou a funcionar exclusivamente no Nexus 6P. Ok, não é o fim do mundo.

Agora, o que mais me surpreendeu foi como o Project Fi passeia entre as redes de telefonia da T-Mobile e da Sprint buscando sempre otimizar o serviço, de acordo com a cobertura local.

Outra coisa muito legal, e que está se expandindo cada vez mais aqui nos Estados Unidos, é a disponibilidade de redes Wi-Fi nas ruas. Cada uma dessas empresas tem sua forma de criar hotspots espalhados pela cidade. Com isso, o Project Fi consegue de uma maneira automágica continuar online e consumir cada vez menos o seu pacote de dados.

Mesmo durante uma pequena viagem que eu fiz de carro, acessando a internet a todo vapor, com leitura, emails e Waze durante a rota toda, o consumo foi muito abaixo do que eu esperava.

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Isso mostra que além dos controles de uma operadora de telefonia celular convencional, o Google inseriu todo um pacote tecnológico no Project Fi que torna simples o consumo significativamente menor do pacote de dados.

Quando cheguei ao meu destino, comecei a testar a performance do conjunto Nexus 6P + Project Fi. Eu estava uma região montanhosa da Georgia, no meio de um vale, fazendo trilha. Era perceptível que a rede alternava entre T-Mobile e Sprint, e por alguns momentos fiquei sem 4G, mas mesmo com sinal intermediário de antenas, a velocidade era satisfatória.

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Um ponto que vale ser citado é a possibilidade de utilizar seu telefone em 120 países em roaming internacional, com custos fixos de US$ 10 por GB (mesma taxa dos Estados Unidos!), chamadas de voz a US$ 0,20 por minuto e mensagens de texto gratuitas.

Você também pode fazer chamadas via Wi-Fi, com custos variáveis de acordo com a localidade. Mas saiba que as velocidades do acesso a dados serão limitadas a 256 kb/s. É pouco? É! Mas é melhor que ficar completamente offline.

Então você vai migrar de vez para o Project Fi?

Pois é. Não.

Infelizmente ou felizmente, o valor do pacote familiar que a Verizon oferece ainda é mais vantajoso caso o cliente tenha mais de uma linha telefônica (se é que a gente ainda pode chamar algo sem fio de “linha”). O Google dá até 15 dias para o cliente cancelar o serviço e devolver o aparelho e foi isso que eu acabei fazendo.

Até nessa hora a empresa se mostrou eficaz. Liguei para a central afim de iniciar o cancelamento e disse que queria devolver o aparelho. Quando perguntado sobre o motivo, eu informei sobre a diferença de preços entre o Project Fi e o concorrente. A atendente, muito atenciosa e solícita, me pediu desculpas por esse fato e disse que a empresa sente muito em perder um cliente, afirmando que eles vão fazer de tudo para que essa situação melhore no futuro.

Além disso, ela me informou que eu poderia iniciar o cancelamento diretamente pelo aplicativo! Com um passo a passo super simples e intuitivo. Como não amar?

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Em algumas horas o meu número do Project Fi já estava funcionando como meu Google Voice e tudo voltou ao normalidade.

Uma coisa é certa: se o Google conseguir encontrar uma forma de oferecer pacotes familiares, voltarei a pensar com muito carinho na oferta. Se a empresa passar a ter uma carteira de clientes mais expressiva, os concorrentes vão ter que se coçar. O que, no final, é bom para todos nós.

Ficou evidente que o Project Fi se trata muito mais do que um serviço trivial de telefonia com voz e dados

Uma última observação

Assim, como quem não quer nada e como todo geek curioso, antes de ativar o chip no Nexus 6P eu testei no meu Moto X de 2ª geração, desbloqueado e que funciona com a maioria das empresas de telefonia dos Estados Unidos. Para minha surpresa, ele aparentemente estava funcionando sem acusar nenhum erro. Por prudência, eu ativei o serviço utilizando o Nexus 6P.

No final dos meus testes e enquanto o Project Fi estava ativo, tentei colocar o SIM card de volta ao Moto X, que imediatamente pediu a senha de desbloqueio do chip e não funcionou mais.

Em alguns sites é possível encontrar usuários avisando para não ativar o serviço em outros aparelhos que não o Nexus, sob risco dele ficar preso à T-Mobile e perder a característica de flutuar entre a rede da empresa e a Sprint. Mas é interessante saber que, mesmo que de forma limitada, o SIM card funciona em outros gadgets desde que seja ativado nesses aparelhos.

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Matheus Gonçalves

Matheus Gonçalves

Ex-redator

Matheus Gonçalves é formado em Ciências da Computação pelo Centro Universitário FEI. Com mais de 20 anos de experiência em tecnologia e especialização em usabilidade e game development, atuou no Tecnoblog entre 2015 e 2017 abordando assuntos relacionados à sua área. Passou por empresas como Itaú, Bradesco, Amazon Web Services e Salesforce. É criador da Start Game App e podcaster do Toad Cast.

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