É a vez do compartilhamento de patinetes elétricos chegar ao Brasil

Yellow, Ride e Scoo já testam serviços de compartilhamento de patinetes elétricos em São Paulo, mas operar esse tipo de negócio é um grande desafio

Emerson Alecrim
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• Atualizado há 9 meses
Ride patinete

Serviços de compartilhamento de patinetes elétricos não são populares no Brasil, mas três startups querem mudar essa realidade: Yellow, Ride e Scoo já testam esse tipo de serviço em São Paulo e esperam que os patinetes possam se tornar um meio de transporte individual tão bem aceito no Brasil quanto as bicicletas.

Os patinetes elétricos são ágeis para curtas distâncias, ocupam pouco espaço e o seu uso não requer muito tempo de aprendizado. Mas lançar um serviço de compartilhamento baseado nesse tipo de veículo é um desafio maior do que se imagina. Desafio, porém, que as três empresas parecem dispostas a encarar.

Yellow: bicicletas e patinetes elétricos

A Yellow é um caso interessante porque planeja explorar duas modalidades: bicicletas e patinetes. No início do mês, a empresa começou a oferecer um serviço de compartilhamento de bikes via aplicativo em São Paulo que não exige estações físicas para retirada e entrega (ou seja, é do tipo dockless). O usuário pode pegar ou deixar a bicicleta em locais públicos que permitem o estacionamento de veículos em geral. O preço é de R$ 1 a cada 15 minutos.

Bicicleta Yellow

Mas a Yellow já informa em seu site e nas redes sociais que irá oferecer um serviço similar para patinetes elétricos. A ideia é trabalhar com as duas modalidades ao mesmo tempo. Assim, o usuário pode escolher tanto a bicicleta quanto o patinete no app, o que lhe for mais conveniente em cada situação.

Testes com patinetes já estão sendo realizados em São Paulo, mas com um grupo fechado de usuários. Quando a modalidade for lançada, a Yellow deverá cobrar R$ 4 de ativação para desbloqueio do patinete mais R$ 1 para cada cinco minutos de uso, embora possa haver mudanças nos valores até a estreia oficial.

Ride: pré-lançamento em São Paulo

Por sua vez, a Ride parece estar em um estágio mais avançado. A startup está focada somente em patinetes elétricos e já disponibiliza unidades em alguns pontos da capital paulista para o público em geral. A empresa fez um pré-lançamento no último 12 no Parque Ibirapuera e na Avenida Paulista.

O serviço da Ride também é baseado em aplicativo. Por meio dele, é possível localizar os patinetes mais próximos e desbloqueá-los. O custo para o usuário é de R$ 0,50 por minuto com preço de ativação de R$ 2,50, mas esses valores ainda estão sendo testados, portanto, podem mudar.

Ride patinete

Na Ride, o modelo dockless também está sendo adotado, mas com alguns cuidados adicionais, entre eles, fazer o aplicativo recomendar locais para que o usuário deixe o patinete, que podem ser bicicletários, paraciclos e outros pontos acessíveis. A ideia é trabalhar junto ao poder público para que mais locais sejam oferecidos ao longo do tempo.

Scoo: R$ 0,25 o minuto

Assim como nos serviços rivais, a Scoo tem base em um aplicativo para localizar e liberar o patinete. A ativação custa R$ 1 e dá direito a quatro minutos de uso. Depois desse período, o usuário deve desembolsar R$ 0,25 para cada minuto adicional.

A Scoo também escolheu a cidade de São Paulo para os testes iniciais. Os seus patinetes estão disponíveis em locais como Avenida Paulista, Avenida Faria Lima e Parque do Ibirapuera, mas, obviamente, o plano é levar o serviço para mais regiões da capital e a outras cidades.

Scoo patinete

Das três startups, a Scoo é a que parece ser mais restritiva quanto aos locais para estacionar os patinetes. O aplicativo do serviço indica os pontos nos quais o usuário deve deixar o equipamento. Para haver ampla cobertura, parcerias serão fechadas para que os veículos possam ser deixados em estabelecimentos comerciais, por exemplo.

O modelo de patinetes elétricos tem grandes desafios

Se operar serviços de bicicletas compartilhadas no Brasil já é um desafio por conta do risco de roubos, vandalismo e falta de ciclovias, imagine então lidar com patinetes elétricos.

Além dos problemas de segurança e infraestrutura, as três startups precisam encarar vários outros pormenores. Começa pela necessidade de recolher os patinetes para recarga das baterias. Se não houver um planejamento minucioso para isso, os usuários se depararão com patinetes inoperantes e, certamente, isso manchará a imagem do serviço.

Para lidar com essa questão, a Scoo pretende adotar pontos móveis que servirão para recarga e entrega dos patinetes. É uma ideia interessante porque permitirá que a empresa direcione esses pontos para determinados locais conforme a demanda.

Essa também parece ser uma boa solução para a dificuldade de uso do modelo dockless. Mesmo que a Scoo quisesse utilizá-lo de maneira ampla, a falta de uma regulamentação específica para isso é um empecilho. Justamente por esse motivo, a Yellow pretende usar pontos fixos para os seus patinetes na fase inicial, apesar do interesse pelo dockless.

Ride patinete

Na verdade, a falta de regulamentação dificulta toda a operação. A Prefeitura de São Paulo permite o uso de patinetes elétricos em ciclovias ou calçadas, desde que com velocidades seguras (máximo de 20 km/h para ciclovias e 6 km/h para calçadas), mas ainda não definiu regras para exploração comercial desses equipamentos.

Mas, talvez, a maior dificuldade seja a aceitação pública. Nenhuma das três startups esconde que a inspiração vem de fora. Empresas de compartilhamento de patinetes elétricos como Bird e Lime já fazem sucesso nos Estados Unidos (embora também tenham problemas com regulamentação). No Brasil, porém, ainda pode levar tempo para o patinete ser visto como um meio de transporte para curtas distâncias e não apenas um brinquedo.

Com informações: UOL Tecnologia, Estadão, StartSe.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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