Por que seu iPhone fica mais lento com o tempo

Números indicam que a Apple realmente diminui a velocidade do processador de acordo com o desgaste da bateria

Paulo Higa
Por
• Atualizado há 11 meses
iPhone 7

Assim que um novo iPhone é tirado da caixa, o desempenho impressiona: tudo é bastante fluido, os aplicativos carregam rapidamente e qualquer jogo roda suave como manteiga. No entanto, dois anos depois, parece que ele está mais lento. Será que o iOS ficou mais pesado? Ou é apenas uma impressão errada? Na verdade, a Apple realmente diminui a velocidade dos processadores dos iPhones com o tempo.

O assunto chamou a atenção do Reddit na semana passada. O usuário TeckFire afirmava que seu iPhone 6s parecia mais lento que o iPhone 6 Plus do irmão, o que não fazia sentido considerando o hardware mais potente do primeiro. Depois de rodar alguns testes, ele descobriu que sua bateria estava com 20% de desgaste e decidiu trocar a peça.

O resultado: a pontuação no benchmark sintético Geekbench quase dobrou. Antes da substituição do componente, o processador Apple A9, do iPhone 6s, atingia 1.466 pontos em single-core e 2.512 em multi-core. Com a bateria nova, o aplicativo passou a mostrar 2.526 e 4.456 pontos, respectivamente.

Mas será que não foi um caso isolado? Não. A Primate Labs, responsável pelo Geekbench, publicou nesta segunda-feira (18) alguns gráficos para mostrar a frequência de pontuações no benchmark. Os números indicam que, a partir do iOS 10.2.1 (no iPhone 6s) e iOS 11.2.0 (no iPhone 7), há alguns picos de pontuações, sugerindo que a Apple diminui propositalmente a velocidade do processador por software.

No caso do iPhone 6s, tudo parece normal no iOS 10.2.0. Há um único pico na pontuação do núcleo do processador, indicando que quase todos os aparelhos chegam a aproximadamente 2.500 pontos:

Mas, no iOS 10.2.1, vemos outros picos, perto dos 1.000, 1.500, 1.800 e 2.100 pontos, mostrando que vários usuários estão com desempenho abaixo da média:

E isso se agrava ainda mais na versão 11.2.0:

O mesmo comportamento está presente no iPhone 7, mas não na mesma versão. Até o iOS 11.1.2, tudo parece normal, com quase todos os aparelhos chegando a 3.500 pontos ao utilizar um único núcleo do chip Apple A10 Fusion:

No entanto, no iOS 11.2.0, vemos mais unidades atingindo 1.700, 2.200 e 2.600 pontos. Ou seja, na pior das hipóteses, o desempenho do processador pode chegar a metade do que ele realmente é capaz.

A Apple ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso. A Primate Labs afirma que o problema parece ser generalizado, e que piora de acordo com a idade do aparelho. A teoria é que a Apple desenvolveu um recurso que limita o desempenho do processador conforme a bateria se desgasta, evitando que o aparelho se desligue sozinho — um problema famoso do iPhone 6s.

O motivo é que, conforme a bateria se desgasta, a tensão fornecida pelo componente fica menor. Em determinadas condições, o processador consome mais energia do que a bateria é capaz de prover, o que faz o aparelho desligar inesperadamente. Então, a solução foi limitar o consumo (e consequentemente o desempenho) do chip.

Mas é claro que isso acaba nos levando ao assunto da obsolescência programada: a redução proposital de desempenho faz os usuários perguntarem se eles deveriam comprar um iPhone novo (e não uma bateria nova) quando o aparelho estiver mais lento. Então você já sabe: se o seu smartphone estiver dando algumas travadinhas, uma troca de bateria pode resolver o problema.

¯\_(ツ)_/¯

Atualização: a Apple confirmou oficialmente que reduz o desempenho de iPhones com baterias mais velhas e lançou uma atualização que dá a opção de desativar a redução de velocidade. Veja como descobrir se o seu iPhone foi afetado.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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