Os novos pacotes de roaming internacional mostram que é melhor não usá-los

E algumas dicas de como fugir do roaming internacional da sua operadora nas viagens ao exterior

Paulo Higa
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• Atualizado há 11 meses
Viagem

Há exatamente três anos, em julho de 2013, comparamos os pacotes de roaming internacional das operadoras brasileiras. Os preços eram altíssimos e me lembravam de quando as empresas cobravam 60 reais por megabyte (na verdade, R$ 0,06 por kilobyte) para navegarmos em WAP nas nossas telas de 1,8 polegada. Tanto tempo depois, as coisas não mudaram nada.

A TIM lançou nesta quarta-feira (27) novos pacotes de roaming internacional. No comunicado à imprensa, a operadora afirma ter “o melhor custo-benefício do mercado”. E isso é bem preocupante se pensarmos que estamos falando de coisas como 30 minutos e 300 MB por R$ 104,90 nos Estados Unidos ou até exorbitantes R$ 2.099,90 por 1 GB de internet em países menos visitados da Ásia.

A situação não é diferente nas concorrentes, com preços irreais e franquias pífias. O Vivo Travel cobra diária de R$ 29,90 nas Américas e Europa por um limite variável. Na Claro, o pacote mais barato para países do continente americano custa R$ 129,90 por 100 MB (os valores chegam a R$ 3.899,90 por 5 GB em qualquer lugar do mundo). A Oi tem uma mecânica curiosa, oferecendo Wi-Fi ilimitado para quem contratar o serviço, mas só enquanto a franquia (de 20 MB ou 50 MB) durar. Oi?

Esses preços de quatro dígitos são a causa da recomendação básica de desativar os dados móveis e não atender o celular quando for viajar para outro país — as franquias de minutos valem tanto para ligações originadas quanto recebidas. E normalmente elas vêm de pessoas que esqueceram de fazer isso pela primeira vez e receberam contas telefônicas de alguns milhares de reais depois da viagem.

Claro que existe procura pelo serviço de roaming internacional, seja por pessoas que estão viajando a trabalho e precisam manter o celular ligado, ou por quem é afortunado (mas quem tem muita grana também sabe o valor do seu dinheiro). Ainda assim, a operadora local do seu país de destino é sua melhor amiga, em praticamente qualquer situação.

Fugindo do roaming internacional

Está viajando para os Estados Unidos? Um pré-pago da T-Mobile com 6 GB custa US$ 35. Quer fazer ligações? Há opções melhores, mas é possível contratar um plano de celular e pagar US$ 15 para fazer chamadas ilimitadas para fixos no Brasil. A viagem é para a Europa? Se passar pela Itália, há uma operadora com nome familiar, chamada TIM, que vende plano de 4 GB por 15 euros. O equivalente italiano aos Pacotes Passport, o Viaggio Pass, tem 2 GB de roaming na Europa e Estados Unidos por 20 euros.

E na Ásia, onde as tarifas costumam ser mais altas? Talvez o destino mais comum seja o Japão. Lá, pode ser mais complicado se virar porque as leis japonesas permitem que somente residentes comprem chips de celular com ligações telefônicas — mas a regra não vale para planos apenas com dados. A principal operadora, a NTT DoCoMo, cobra 3.218 ienes (R$ 98) por 100 MB ao dia durante uma semana (700 MB no total). Se você ultrapassar a franquia, a velocidade é reduzida (?!) para 200 kb/s.

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O Data SIM Card Wiki é uma ótima fonte de referência para quem está viajando para o exterior e quer saber como adquirir um chip local e as tarifas praticadas pelas operadoras. Em quase todos os casos, os preços serão significativamente menores do que pagar pelo roaming internacional da sua operadora no Brasil.

No caso dos dados móveis, um chip local é mais interessante por dois motivos. Primeiro por causa do preço, como já vimos. Segundo porque, em regra, as operadoras priorizam seus próprios clientes em suas redes — se você estiver em roaming na T-Mobile, por exemplo, fatalmente não vai ter a mesma velocidade de 4G que se tivesse um chip próprio da T-Mobile.

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E para as ligações telefônicas? O VoIP é seu melhor amigo. Algumas operadoras, como a Vivo e a Porto Seguro Conecta, oferecem chamadas pela internet, o que significa que você pode telefonar a partir de qualquer lugar do mundo como se estivesse no Brasil, descontando normalmente da sua franquia local de minutos. No Wi-Fi Calling da Vivo, que também funciona pelo aplicativo TU Go, isso funciona mesmo se você não estiver com seu chip da Vivo instalado no celular.

Um smartphone dual SIM também ajuda bastante nesses momentos, uma vez que você pode instalar um chip local e manter o chip da sua operadora brasileira no segundo slot. Assim, dá para ver quem está ligando, recusar a chamada e reoriginar a ligação por meio de um aplicativo de VoIP, como o Skype, que cobra tarifas mais baixas — atualmente de R$ 0,34 por minuto para celulares e R$ 0,07 para fixos no Brasil, sendo que há pacotes mais baratos.

As tarifas altas de roaming internacional não são exclusividade daqui, embora as coisas tomem proporções maiores no Brasil e algumas operadoras estrangeiras ofereçam opções muito interessantes — como a T-Mobile, que terá 4G e ligações ilimitadas no Brasil durante o Rio 2016 ou dados ilimitados (em baixa velocidade) em 140 países nos períodos normais.

Ainda assim, com todas essas alternativas, fica difícil justificar a utilização do serviço de roaming internacional da sua operadora, a não ser pela praticidade. Que custa caro demais.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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