Os smartphones caros estão ficando ainda mais caros

Felizmente, estamos precisando cada vez menos deles

Paulo Higa
• Atualizado há 1 ano e 3 meses

Os preços dos smartphones mais caros são bastante previsíveis. Em regra, você gasta em torno de 600 a 800 dólares para comprar um smartphone premium, como um iPhone 7 ou Galaxy S8, nos Estados Unidos. Por aqui, essa faixa se converte atualmente em valores de 3.000 a 4.000 reais. Mas tudo indica que isso está prestes a mudar.

O Galaxy Note 8 inaugurou uma nova faixa de preço no mercado americano: desbloqueado, ele será vendido por US$ 929 na versão com capacidade de 64 GB, a menor disponível. Algumas operadoras venderão o smartphone por um preço ainda maior, chegando a US$ 960 na Verizon.

Com certeza essa é a foto mais cara que eu já tirei

Para fins de comparação, o Galaxy Note 7 foi lançado nos Estados Unidos custando a partir de US$ 770 nas operadoras (não houve tempo para lançar a versão desbloqueada no país antes do recall). Por sua vez, o iPhone 7 Plus é vendido por US$ 769 (32 GB), US$ 869 (128 GB) e US$ 969 (256 GB); esse último é o smartphone relevante mais caro disponível por lá.

Depois da Samsung, a Apple também deve aumentar a faixa de preço de seu aparelho. Rumores de que um iPhone mais caro seria lançado são antigos. Agora, mais perto do lançamento, o colunista Brian Chen, do New York Times, afirma que o próximo iPhone deverá custar em torno de US$ 999, de acordo com uma fonte.

E John Gruber, conhecido por suas fontes na Apple, aposta mais alto, acreditando na versão menos cara por US$ 999, uma com capacidade maior por US$ 1.099 e a última por US$ 1.199. São faixas de preço que não existem atualmente nas maiores fabricantes de smartphones.

Isso gera algumas consequências. A primeira, mais óbvia, é que os flagships da Apple e da Samsung deverão ser mais caros também por aqui, já que os preços adotados no exterior se refletem diretamente no que é cobrado no mercado nacional. Exceto por incentivos fiscais, é improvável que um produto físico aumente de preço em todos os países e não no Brasil.

A segunda é que as duas empresas, na posição de líderes de mercado, ditam as faixas de preço dos topos de linha. Uma outra fabricante que queira ter um número não vergonhoso de vendas não vai lançar um smartphone premium por R$ 4.999, R$ 5.999 ou R$ 6.999 no mercado brasileiro — afinal, os melhores custam R$ 3.999. Quando a Apple e a Samsung sobem seus preços, o limite de preços de todo o mercado aumenta.

Quem esperava que os smartphones high-end parassem de subir de preço, pode tirar o cavalinho da chuva. Eles já custaram 2.000 reais, aumentaram para 3.000, agora estão na faixa dos 4.000 e, pelo visto, teremos outro milhar em breve. Felizmente, a boa notícia é que, como a tecnologia avança em todas as faixas de preço, estamos até desejando mais, mas precisando cada vez menos dos topos de linha.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.