No episódio de Girls da última semana, um dos personagens ganha uma bolada por inventar um aplicativo chamado Forbid. O Forbid te proíbe de ligar pro número de telefone selecionado por você e te cobra um valor, direto do seu cartão de crédito, se você cair em tentação.

Apesar de o Forbid ser ficção e parecer uma ideia um pouco idiota, eu tenho me deparado com várias soluções da vida real na mesma linha. São softwares que dão um jeito de te constranger, publicamente ou financeiramente, se você acabar por fazer algo que eu tinha dito a eles que não queria fazer.

Antes de assistir ao episódio em questão, eu comecei a usar o Gympact, um aplicativo pra celular que controla suas idas à academia. É simples: se você faltar, paga; se você for tantas vezes quantas tinha planejado, ganha dinheiro. Bem menos do que eles te tiram se você faltar, verdade, mas é algo. Os criadores do Gympact afirmam que, entre seus usuários, a taxas de ausência na academia fica em 10%.

Na verdade, não tem sido assim útil pra mim. E com isso não quero dizer que eu estou faltando mesmo e dane-se, mas a verdade é que eu estou tão obstinada a me exercitar e a manter essa rotina que acabo indo de qualquer jeito, e esqueço de fazer o checkin no aplicativo. Mas entendo o apelo.

Venha cá, cenourinha
Venha cá, cenourinha

Na mesma linha, o Carrot é um aplicativo pentelho que muda de humor se você não completa suas tarefas do dia e te dá recompensas se você riscar coisas da lista.

E não esqueça do Aherk, de um humor até duvidoso: você dá ao aplicativo uma foto sua bem constrangedora e define um objetivo em determinado período de tempo. Se você não atingir sua meta, ele se encarrega de postar a foto em todos suas redes sociais.

Estamos nos tornando pessoas que contratam tecnologia pra nos chantagear a fazer aquilo que deveríamos. Estamos tentando incluir na nossa vida uma espécie de ‘biscoito’ igual àqueles que a gente dá pros cachorros quando eles completam algum truque. E honestamente, eu não estou certa se acho que é uma demonstração de engenhosidade do ser humano que deve ser admirada ou se é uma grande vergonha pra espécie. Acho que, se funciona pra você, ótimo. Só não esquece que o Carrot te lembra já no nome o quão parecido a gente fica com aquele cavalo ali em cima quando apelamos pra essas soluções.

A coisa fica ainda mais desesperadora quando a gente percebe que, às vezes, não tem disciplina pra fazer seja lá o que for que o app esteja te forçando a fazer justamente porque desperdiça muito tempo na internet com coisas absolutamente inúteis. É um círculo vicioso: a gente recorre à tecnologia pra ser intrusiva e tentar corrigir um problema que o excesso de tecnologia causou, em primeiro lugar. Viu, e eu só tô falando disso com tanta propriedade porquê eu me encaixo direitinho na descrição.

Além disso, se é para criar um incentivo fictício para fazer algo que eu deveria ter vergonha na cara para me motivar sozinha, que seja treinando para o holocausto zumbi: o Zombies, Run!: é um app que simula nos seus fones uma invasão zumbi enquanto você faz jogging pelas ruas da cidade ou corre na esteira da academia. E pra fugir dos mortos-vivos você vai precisar correr o mais rápido que puder.

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