Entenda como as operadoras vão usar o precioso Wi-Fi

Tecnologia ajuda a desafogar as redes de dados 3G

Lucas Braga
Por
• Atualizado há 1 ano
Fonera

Planos de telefonia estão estagnados faz tempo e as operadoras apostam em “serviços de valor agregado” para ganhar mais dinheiro. A briga mais recente entre Claro, GVT, Oi, TIM e Vivo envolve uma tecnologia já conhecida, com nova roupagem para os tempos modernos. Elas apostam no Wi-Fi para que os clientes naveguem à vontade em hotspots instalados pela cidade.

Uma das principais vantagens na instalação de hotspots Wi-Fi para as operadoras de telefonia celular é desafogar o tráfego da rede celular. Garantir velocidade e qualidade são algumas das principais dificuldades que as teles encontram atualmente. O espectro é curto e a rede fica congestionada.

Com redes Wi-Fi em lugares de grande concentração de pessoas, fica bem mais fácil satisfazer a necessidade dos clientes. Enquanto a operadora poupa a rede celular, o cliente ganha em velocidade e estabilidade de conexão. Para operadoras de banda larga fixa a rede de hotspots se tornaria uma vantagem em relação à concorrência. Operadoras com pacotes convergentes, como Oi e Vivo têm mais um serviço para embutir nos planos.

Confira abaixo a estratégia de todas as operadoras e como elas pretendem atuar.

Oi

A Oi entrou pra briga de redes Wi-Fi a partir do momento em que comprou a Vex. Apesar de não ser uma rede grande como o que encontramos no resto do mundo, a Vex era a provedora com o maior número de hotspots do Brasil. Além disso, a Vex possuía diversas parcerias com operadoras estrangeiras, e, com isso, fornecia roaming gratuito em todo o mundo para os clientes.

Com a compra da Vex, surge o serviço Oi WiFi. Todos os hotspots foram imediatamente atualizados com a marca da Oi e clientes de banda larga fixa ou de pacotes de dados 3G ganharam acesso gratuito ao serviço. A operadora investiu em meia dúzia de hotspots novos: a orla de Ipanema, Leblon e Copacabana no Rio estão cobertas com o serviço. Em Salvador, o mesmo acontece com a Praia da Barra e o Pelourinho.

Além disso, a Oi instala hotspots durante eventos, como a Futurecom 2012, Rock in Rio e o festival Lollapalooza.

Oi Wi-Fi: funcionou perfeitamente na rede Fon da PT em Lisboa; tem Wi-Fi em toda a cidade

A aposta de cobertura Wi-Fi da operadora é bem interessante: a Oi firmou parceria com a Fon, uma rede de hotspots compartilhados em todo o mundo. Cada cliente recebe uma Fonera, nome do roteador da Fon, que cria duas redes: uma interna, para a casa do cliente ou o estabelecimento comercial, totalmente privada, e outra rede aberta ao público com velocidade reduzida. Com isso, outros donos de Foneras ou clientes da mesma operadora usufruem dessa rede pública em qualquer canto do mundo.

É uma ideia sensacional. A estratégia da Oi é distribuir Foneras para estabelecimentos comerciais, algo que provavelmente atrairia consumidores para o local. Quem não é cliente Oi ou não tem Fonera pode acessar a internet gratuitamente por 30 minutos. Caso queira mais tempo, pode pagar pelo acesso com cartão de crédito – o dono do hotspot é remunerado via PayPal.

O que entra em discussão é o compartilhamento de banda. Tenho certeza que muitos não concordariam em dividir sua conexão com um estranho, mas a Fonera consegue gerenciar a conexão para que a rede privada não seja prejudicada. Não acredito que isso seja um problema para quem tem pelo menos 10 Mbps de conexão: compartilhar 1 Mbps com os outros não deixaria sua conexão tão lenta.

Esse tipo de acesso é muito comum no exterior. Testei hotspots Fon em uma viagem que fiz para Londres e Lisboa: tem Wi-Fi em qualquer canto da cidade. O aplicativo do Oi WiFi para Android pipocou com uma notificação de que havia um hotspot disponível no local. Navegou sem pagar nenhum centavo.

TIM

A TIM quer levar o acesso Wi-Fi para as massas. Para isso, a operadora pretende cobrir extensas áreas. É o caso da Favela da Rocinha, que recebeu a primeira leva dos hotspots da operadora. A rede Wi-Fi da TIM se destaca ao permitir acesso gratuito a sites de utilidade pública, como o de concessionárias de água e eletricidade, além de páginas da administração local.

Para ter acesso total à internet, basta ser cliente TIM com algum plano de dados: pode ser o Liberty Web, que é pós-pago e custa a partir de 29,90 reais por mês, ou mesmo ser cliente do plano pré-pago de R$ 0,50/dia.

O TIM Wi-Fi usa autenticação EAP-SIM. Celulares compatíveis com o protocolo autenticam-se na rede automaticamente, sem precisar digitar senha nenhuma.

A cobertura do TIM Wi-Fi é uma das que mais evoluíram. O serviço surgiu em dezembro do ano passado e a operadora já conta com mais de 2 mil hotspots. A operadora tem parceria com a Linktel, dona de uma considerável rede de hotspots no Brasil.

Vivo

Com pesar informo o que conversei com o diretor de operações da Telefônica/Vivo durante a Futurecom 2012. A estrategia da operadora não é de expandir a rede Wi-Fi já existente. A operadora possui uma série de hotspots do Speedy Wi-Fi no estado de São Paulo e nos principais aeroportos do país, mas os novos esforços estão concentrados na expansão da cobertura 3G Plus da Vivo. Ou seja: se você quiser internet móvel, que compre um modem ou assine um pacote de dados generoso para o seu celular.

A parte triste disso tudo é que a O2, subsidiária do grupo Telefonica na Europa, libera acesso gratuito à rede Wi-Fi da operadora no exterior.

Claro, Embratel e Net (grupo Carso)

As queridinhas do Carlos Slim também possuem cobertura Wi-Fi. Aparentemente, qualquer cliente pode acessar a rede, mas não há muitas informações de como usar o serviço simplesmente pelo fato dele não ter grande divulgação. A cobertura se restringe a 1.400 pontos espalhados na cidade de São Paulo e alguns hotspots nos aeroportos de Belo Horizonte,  Guarulhos, Brasília, Campinas, Curitiba, Recife, Rio de Janeiro e Porto Alegre.

GVT

A GVT ainda não possui rede de hotspots Wi-Fi, mas está nos planos da operadora entrar com essa modalidade de serviço de forma agressiva. Em um modelo similar ao adotado pela Oi com a parceria da Fon, a GVT pretende utilizar a infraestrutura atual de seus clientes para criar uma rede sem fio para visitantes. De acordo com a operadora, a velocidade da rede secundária não vai interferir na conexão do cliente e o compartilhamento só será realizado caso o cliente autorize.

Localidades com alta concentração de clientes devem receber hotspots próprios. Visto que a GVT não tem telefonia móvel, a competição se dará para oferecer valor agregado aos demais planos, em contraste com as operadoras de celular que apostam no Wi-Fi para desafogar outras redes.

Muito trabalho pela frente

No atual momento, os hotspots se concentram na região Sudeste. É preciso levar uma cobertura decente de Wi-Fi para, ao menos, as principais capitais brasileiras. Um grande problema de tudo isso é a infraestrutura de telefonia fixa, que não é favorável para esse tipo de novidades: em Macapá, capital do Amapá, uma conexão de 600 Kbps custa 429 reais (você não leu errado). O mesmo vale para cidades do interior.

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.

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