LED, OLED, LCD, QLED e mais: veja as diferenças entre as tecnologias de tela

Comparativo explica o que muda entre as tecnologias utilizadas em telas de TVs e monitores de vídeo

Paulo Higa Ana Marques
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• Atualizado há 11 meses
Qual é a melhor tecnologia de telas: LCD, LED, OLED, MicroLED, QLED, NanoCell ou QNED? (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

LED, OLED, LCD, QLED e NanoCell são algumas das principais tecnologias utilizadas por fabricantes como Samsung, LG e TCL em televisores e monitores. Elas podem apresentar diferenças em quesitos como brilho, reprodução de cores e taxa de atualização. Entenda, a seguir, o que muda em cada tipo de tela.

Entendendo as siglas

As duas tecnologias principais: LCD e OLED

De forma geral, as comparações deste artigo giram em torno de duas tecnologias:

  • LCD: os pixels são formados por uma camada de cristais líquidos que bloqueiam ou permitem a passagem de uma luz de fundo (backlight);
  • OLED: os pixels são formados por materiais orgânicos que emitem luz quando uma corrente elétrica é aplicada, permitindo um controle preciso de cada pixel.

QLED, Neo QLED, NanoCell e LG QNED são tecnologias derivadas do LCD, enquanto QD-OLED é uma evolução do OLED.

O duplo sentido do LED e a chegada do MicroLED

LEDs podem ser uma tecnologia de luz de fundo ou de exibição de imagem. Na indústria de eletrônicos de consumo, o nome é mais usado para se referir ao backlight de TVs e monitores. Portanto, uma “TV de LED” é, na verdade, uma TV LCD retroiluminada por LED ou MiniLED (LEDs em miniatura).

Displays de LED propriamente ditos não chegaram às TVs e são mais comuns em outdoors e vitrines de lojas. Uma evolução dessa tecnologia é o MicroLED, que possui estrutura diferente do LCD e OLED, e pode se popularizar em equipamentos domésticos a partir de 2024.

TVs e monitores de LCD, OLED e MicroLED possuem as seguintes características:

Tipo de telaLCDOLEDMicroLED
Nomes comerciaisLED, QLED, NanoCell, Triluminos, Neo QLED, QNED, Crystal UHD, UHD ThinQ AIOLED, OLED Evo, QD-OLEDMicroLED, Crystal LED
IluminaçãoBacklight de LED ou MiniLEDPixels orgânicos autoemissores de luzPixels inorgânicos autoemissores de luz
BrilhoMenos brilhante a mais brilhanteMenos brilhante a médioMais brilhante
ContrasteLimitadoInfinitoInfinito
Consumo de energiaMenos eficienteMédioMais eficiente
Ângulo de visãoAté 140º (TN), até 178º (VA) ou 178º (IPS)180º180º
Tempo de respostaem milissegundosem microssegundosem nanossegundos
Taxa de atualização60 Hz (mais comum), 120 Hz ou 144 Hz60 Hz, 120 Hz (mais comum) ou 240 Hz120 Hz (mais comum) ou 240 Hz
Burn-inRaríssimoRaroRaríssimo
PreçoMais barato a médioMédioMais caro

Diferenças entre LCD, OLED e MicroLED nas TVs e monitores

Reprodução de cores

TV com baixo volume de cores (à esquerda) vs. TV com alto volume de cores (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
TV com baixo volume de cores (à esquerda) vs. TV com alto volume de cores (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

O QD-OLED exibe cores em maior volume e maior vivacidade. Isso ocorre porque ela combina as tecnologias OLED e pontos quânticos, que são nanopartículas capazes de emitir luz em cores específicas quando estimuladas por uma fonte de energia.

Já o QLED tem o maior volume de cores se comparado a outros tipos de LCD. Assim como na QD-OLED, os pontos quânticos convertem a luz azul emitida pelo backlight em cores RGB mais vivas. Além disso, a tecnologia HDR é usada para melhorar a precisão de cor e o contraste.

O NanoCell também é bom em reprodução de cores, já que possui nanopartículas de 1 nanômetro integradas ao painel LCD que filtram as cores sem vida. Isso não necessariamente aumenta o volume das cores, mas melhora a precisão delas.

TV Samsung Neo QLED QN90B, que promete 100% do volume de cores (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
TV Samsung Neo QLED QN90B, que promete 100% do volume de cores (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

Contraste

TV com baixo contraste (à esquerda) vs. TV com alto contraste (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
TV com baixo contraste (à esquerda) vs. TV com alto contraste (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

As tecnologias OLED e MicroLED têm maior contraste porque conseguem exibir o preto verdadeiro ao desligar completamente os pixels. O LCD tem cristais líquidos que bloqueiam a luz de fundo para reproduzir cores escuras, mas esse processo não é perfeito e torna os pretos mais acinzentados, o que resulta em um contraste inferior.

Dentre as variações do LCD, o MiniLED oferece o maior contraste. Isso porque o tamanho menor dos MiniLEDs permite que uma quantidade maior deles seja instalada em relação aos LEDs, o que aumenta a precisão do local dimming. Esse recurso melhora o contraste ao tornar as sombras de uma imagem mais escuras e os pontos de luz mais claros.

Brilho

TV com baixo brilho (à esquerda) vs. TV com alto brilho (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
TV com baixo brilho (à esquerda) vs. TV com alto brilho (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

O MicroLED tem nível de brilho maior que o OLED e o LCD. As TVs Samsung MicroLED CX, lançadas em 2023, podem chegar a 4.000 nits. Em comparação, um televisor com painel OLED anunciado no mesmo ano pela LG tinha pico de 2.100 nits.

Pensando somente nas variações do LCD, o MiniLED se destaca pelo brilho devido à quantidade e potência dos LEDs do backlight. Os MiniLEDs têm maior eficiência energética e, como permitem um local dimming mais preciso, sofrem menos com vazamento de luz em comparação com outras telas de cristal líquido.

Ângulo de visão

TV com baixo ângulo de visão (à esquerda) vs. TV com amplo ângulo de visão (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
TV com baixo ângulo de visão (à esquerda) vs. TV com amplo ângulo de visão (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

OLED e MicroLED têm os melhores ângulos de visão porque são formados por pixels autoemissores de luz que estão mais próximos da superfície do painel, geralmente feita de vidro. É possível visualizar o conteúdo da tela mesmo em uma posição lateral, de até 178 graus, sem distorção de cores significativa.

IPS é o painel com melhor ângulo de visão entre as telas LCD, já que utiliza uma matriz de cristal líquido alinhada paralelamente à superfície. O IPS, em comparação com os arranjos VA e TN, pode transmitir a luz de maneira mais uniforme, melhorando a reprodução de cores em ângulos extremos.

Dentre as TVs LCD, a linha NanoCell costuma usar painéis IPS e tem ângulos de visão maiores. Já as linhas Samsung Crystal UHD, Samsung QLED e TCL QLED tendem a adotar a tecnologia VA.

TV Samsung AU8000, com painel VA, tem ângulo de visão inferior (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
TV Samsung AU8000, com painel VA, tem ângulo de visão inferior (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)

Durabilidade

TV com burn-in (à esquerda) vs. TV sem burn-in (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
TV com burn-in (à esquerda) vs. TV sem burn-in (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

LCD e MicroLED tendem a oferecer maior durabilidade porque não estão sujeitas ao efeito burn-in em condições normais. Ambas as tecnologias são feitas de componentes inorgânicos e têm vida útil estimada em 100 mil horas, de acordo com a Samsung.

O burn-in é uma preocupação mais comum no OLED, formado por materiais orgânicos que se desgastam naturalmente. Fabricantes de TVs OLED, como a LG, têm aumentado a durabilidade do painel a cada geração, mas o problema ainda pode acontecer quando uma imagem estática for exibida por um longo período.

Tempo de resposta

TV com tempo de resposta lento (à esquerda) vs. TV com tempo de resposta rápido (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
TV com tempo de resposta lento (à esquerda) vs. TV com tempo de resposta rápido (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

OLED e MicroLED atingem os menores tempos de resposta porque não precisam movimentar um cristal líquido nem controlar um backlight como as telas LCD.

As tecnologias com pixels autoemissores de luz tendem a ser melhores para reproduzir imagens com muitos movimentos, como filmes e jogos de ação. No entanto, o LCD é suficiente para a maioria dos usuários, principalmente em monitores gamers, que possuem tecnologias para reduzir o tempo de resposta.

Taxa de atualização

O OLED permite alcançar as maiores taxas de atualização porque tem pixels que podem mudar de cor mais rapidamente que no LCD. O OLED com tecnologia LTPO ainda pode ter taxa de atualização variável, o que é importante para economizar bateria em celulares.

No entanto, quando falamos de TVs domésticas, todas as tecnologias citadas podem atingir a taxa de atualização de 60 Hz, comum em modelos mais simples, ou 120 Hz, para telas voltadas para entusiastas. Monitores gamers estão disponíveis com taxas de atualização de 120 Hz, 144 Hz, 240 Hz ou até mais, tanto com painéis LCD quanto OLED.

TV OLED LG CX tem painel de 120 Hz e é boa para jogos (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
TV OLED LG CX tem painel de 120 Hz e é boa para jogos (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)

Consumo de energia

O LCD tende a gastar menos energia em TVs, monitores e outras telas grandes. Isso porque a maior parte do consumo fica por conta dos LEDs ou MiniLEDs que compõem o backlight, e eles estão necessariamente em menor área que os pixels autoemissores de luz do OLED e MicroLED.

OLED e MicroLED são formados por pixels que só consomem uma quantidade de energia relevante quando emitem luz. Logo, ao exibir imagens muito escuras ou com uma grande área na cor preta, o consumo de energia será menor que no LCD. Entretanto, isso ocorre apenas em condições específicas.

Fadiga ocular

O OLED emite até 70% menos luz azul que o LCD, portanto, tende a causar menos fadiga ocular e prejudicar menos o sono. As telas LCD usam um backlight branco para iluminar os pixels coloridos na frente do display, o que aumenta a exposição à luz azul.

A exposição à luz azul é indesejável porque afeta a produção de melatonina e causa alterações no ritmo circadiano, segundo um artigo de 2015 publicado na Nature. No entanto, as telas mais novas têm recursos como filtro de luz azul e modo noturno para tornar a temperatura de cor mais quente e reduzir esses efeitos negativos.

Telas OLED emitem menos luzes azuis nocivas (Imagem: Divulgação/Samsung)
Telas OLED emitem menos luzes azuis nocivas (Imagem: Divulgação/Samsung)

Preço

LCD é a tecnologia com o menor custo de fabricação, seguida pelo OLED e pelo MicroLED. As telas de MicroLED são as mais caras porque ainda não são maduras e sofrem com a complexidade da miniaturização dos componentes.

Pode haver variações de preços no LCD dependendo da tecnologia implantada no display. Por exemplo, telas QLED e QNED são mais caras porque usam uma camada de pontos quânticos para melhorar a precisão das cores. Já uma TV com MiniLEDs tem custo de fabricação maior que as TVs de LCD com iluminação em LED.

Qual tipo de tela escolher em uma TV ou monitor?

Telas de LCD são a escolha da maioria das pessoas porque podem oferecer boa qualidade de imagem e têm fabricação mais barata, o que melhora o custo-benefício. Elas são suficientes para a maioria dos cenários, incluindo reprodução de filmes em HDR. Os modelos mais sofisticados têm recursos para melhorar a exibição de jogos de PCs e consoles de última geração, como Xbox Series X e PlayStation 5.

Considerando apenas as tecnologias baseadas em LCD, as telas com backlight em MiniLED, como as TVs Samsung Neo QLED e LG QNED MiniLED, terão a melhor qualidade de imagem. Isso porque elas oferecem cores precisas devido aos pontos quânticos, além de níveis de brilho e contraste superiores às telas mais simples com backlight de LED, como o QLED e o NanoCell.

O OLED tem qualidade de imagem superior à maioria das telas LCD devido ao ângulo de visão mais amplo, menor tempo de resposta e maior contraste. O QD-OLED, além dessas vantagens, adiciona uma camada de pontos quânticos que aumenta a precisão das cores. No entanto, ambos estão sujeitos ao burn-in e não atingem brilho tão elevado quanto o MiniLED, o que é uma desvantagem em ambientes muito iluminados.

Já o MicroLED traz as principais vantagens do OLED, além de ter brilho mais forte e não ser suscetível ao desgaste natural dos pixels, já que é formado por componentes inorgânicos. Porém, é a tecnologia mais cara de todas e sua disponibilidade de marcas e tamanhos ainda é limitada.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

Ana Marques

Ana Marques

Gerente de Conteúdo

Ana Marques é jornalista e cobre o universo de eletrônicos de consumo desde 2016. Já participou de eventos nacionais e internacionais da indústria de tecnologia a convite de empresas como Samsung, Motorola, LG e Xiaomi. Analisou celulares, tablets, fones de ouvido, notebooks e wearables, entre outros dispositivos. Ana entrou no Tecnoblog em 2020, como repórter, foi editora-assistente de Notícias e, em 2022, passou a integrar o time de estratégia do site, como Gerente de Conteúdo. Escreveu a coluna "Vida Digital" no site da revista Seleções (Reader's Digest). Trabalhou no TechTudo e no hub de conteúdo do Zoom/Buscapé.

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