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Community salva pela Internet aos 48 do 2º tempo, mas não foi sofativismo

Uma série excelente mas claramente de nicho, com morte mais que profetizada é renovada. Culpa de campanhas online? Pior que não.

11 anos atrás

Community é (ou era, segundo alguém, não eu) uma das melhores séries da atualidade. Humor inteligente, personagens tridimensionais que evoluem, uma verdadeira aversão a clichês e uma incrível capacidade de referenciar cultura pop sem parecer forçado.

Há episódios intimistas, episódios surreais, episódios com zumbis e até um episódio todo passado em um videogame de 16 bits. Há linhas do tempo alternativas e há a Alison Brie.

Por isso tudo Community foi um fracasso de público, só agradando a uma pequena fração dos espectadores. Justamente a fração que assiste séries em todo lugar menos na TV. Para piorar o criador da série brigou com a emissora, foi devidamente saído, e antes que pudessem se reestruturar Chevy Chase achou que ainda estava nos Anos 70, quando era relevante, e brigou com todo mundo.

A série teve sua quarta temporada dividida em duas. A segunda parte foi adiada sem prazo para ser exibida, e só voltou agora em 2013. Os episódios estavam perdidos, pela primeira vez com queda visível de qualidade. O consenso era que Community não teria uma quinta temporada. O sonho de seis temporadas e um filme havia morrido.

Eis que, do nada, a NBC, famosa por decisões inteligentes como cancelar Star Trek, renova a série que sabotou, nunca prestigiou e tratou como patinho feio. Qual o motivo?

Bem, digamos que a audiência da NBC está tão baixa quanto era zoada em 30 Rock. Eles não podem se dar ao luxo de perder mais público, e Community se mostrou um fenômeno online, em serviços como Netflix e Amazon. Se a série for tirada do ar, o público fiel assistirá as reprises somente online, e pior cenário, a série pode ser comprada por um desses serviços e ressuscitada, como a Netflix fez com Arrested Development.

Se for preciso manter no ar uma série da qual ninguém no canal é fã, que seja.Os serviços de streaming estão mordendo o bolo das grandes redes. Não são mais meros repetidores de conteúdo. Séries como House of Cards mostraram que são capazes de produzir conteúdo original, invertendo o caminho. A meta das emissoras é impedir — ou mais realisticamente — atrasar isso.

A mídia tradicional está perdida, todo o modelo das Famílias Nielsen não leva em conta as duzentas formas diferentes que usamos hoje para consumir midia. Na verdade não leva nem em conta a presença de mais de uma TV por residência. Esse castelo de cartas irá cair em breve, e com ele as verbas milionárias de publicidade. O lado ruim é que o orçamento das séries será igualmente cortado, com o investimento em propaganda espalhado por muito mais veículos.

Talvez aí a salvação sejam projetos de kickstart, onde os próprios fãs banquem parte da produção. Sinceramente não teria problemas em desviar R$ 5,00 ou R$ 10,00 de minha assinatura da SKY, para garantir um Da Vinci's Demons ou um Justice League: Unlimited. Muito melhor que que ver meu dinheiro indo premimos caixa comum e financiando aquele descabelado do History Channel.

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