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Remember Me - Análise

Remember Me é uma nova franquia da Capcom que embora falhe ao apresentar uma mecânica de jogo inovadora, encanta pelos gráficos e principalmente pelo ótimo enredo.

11 anos atrás

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Se eu te perguntasse o que de mais valioso você conquistou ao longo da vida, qual seria sua resposta? Um carro, uma casa, um saldo positivo no banco? Todas essas coisas sem dúvida possuem seu valor, mas o que seríamos de nós sem a nossa memória? Digo mais, do que valeria tudo isso se nossas lembranças pudessem ser apagadas ou ainda pior, modificadas?

Para alguns essa possibilidade pode não passar de algo improvável, apenas uma obra de ficção científica saída de uma mente como a de Philip K. Dick, mas qualquer pessoa que tenha convivido com alguém diagnosticado com Mal de Alzheimer sabe que este problema é uma realidade. Por outro lado, imagine poder esquecer de alguma passagem traumática ou ter a oportunidade de passar para alguém boas lembranças que ajudariam no tratamento de uma doença. Parece tentador, não é? É possível que você mude de ideia após jogar o Remember Me, uma criação dos franceses da Dontnod Entertainment.

Este jogo se passa em 2084, quando os humanos habitam uma Terra distópica que foi devastada por uma série de guerras e conflitos que fizeram com que algumas poucas empresas se tornassem muito poderosas. Entre elas está a Memorize, companhia responsável pela criação de implantes cerebrais conhecidos como Sensen e que permitiram que quase toda as pessoas enviassem sua memória para uma rede.

A invenção logo passou a ser utilizada para fins militares, além de dar aos detentores da tecnologia o controle sobre a população. Isso acabou levando ao surgimento de um grupo de rebeldes que ficou conhecido como Erroristas, já que alguns de seus membros descobriram como usar o Sensen a seu favor, remixando memórias e fazendo com que os alvos mudassem de opinião sobre determinados assuntos.

Nesse contexto entra Nilin, habitante de Neo-Paris e um dos principais nomes do movimento de resistência. Especialista em modificar as lembranças das pessoas, a protagonista inicia sua aventura em uma prisão que tem como objetivo apagar a memória dos internos e após ter parte de seu passado esquecido, a moça recebe a ajuda de um desconhecido para fugir do local, iniciando ali aquela que considero uma das mais interessantes aventuras criadas para um game nos últimos tempos.

Remember Me possui um enredo muito bem escrito que durante quase todo tempo nos mantêm interessados em saber como se desenrolará a trama e além de alguns personagens cativantes que encontramos conforme avançamos, há ainda algumas boas reviravoltas que ajudarão a encorpar a história, área que considero onde o game se sai melhor.

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Outro aspecto do jogo que merece elogio são seus gráficos. Apesar deles estarem entre os mais bonitos desta geração, contando com efeitos de iluminação fantásticos e ótimas texturas, o grande destaque fica mesmo para a direção artística, muitas vezes nos fazendo lembrar de obras como Mirror's Edge, Blade Runner e Eu, Robô, mas sempre deixando a impressão de que se trata de algo original. Destaque também para a belíssima trilha sonora composta por Olivier Deriviere, que embora utilize a velha tática de músicas orquestradas, soube como incluir distorções eletrônicas para fazer com que as músicas se encaixem no universo proposto.

Quanto a sua mecânica, o título pode ser descrito como um típico jogo de ação/aventura que mescla elementos de plataforma com lutas, oferecendo ainda um ou outro quebra-cabeça que não lhe apresentará muito desafio, mas que servem para dar alguma variedade à campanha e é nessa parte que recaem as maiores críticas.

O grande problema é que o Remember Me não traz muitas inovações quando se trata de sua jogabilidade, com as sequências em que precisamos escalar ou saltar não oferecendo nenhuma liberdade e as lutas logo se tornando bastante repetitivas, por vezes até nos deixando a impressão de que se trata de algo melhor para ser assistido do que jogado.

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Há de se dizer no entanto que os criadores tentaram implementar algo de novo nas batalhas, dando ao jogador a possibilidade de modificar os combos conforme achar melhor, mas apesar disso nos permitir escolher quando um golpe encherá parte do sangue da personagem, quando terá um impacto maior ou reduzirá o tempo de espera para a utilização de especiais, na verdade os botões a serem pressionados serão sempre os mesmo. Descrevendo assim parece um sistema complexo, mas na prática tudo funciona de maneira bem e de maneira simples, exigindo apenas que o jogador tenha um pouco de atenção durante as lutas para esquivar no momento correto e somente no trecho final é que os inimigos serão capazes de nos tirar do sério.

Sendo assim, podemos afirmar que Remember Me não é o tipo de jogo que revolucionará a indústria, mas possui suas qualidades e ajuda a engordar a lista de títulos que provaram que é possível contar uma boa história através dos games. Algumas pessoas acharão que a aventura é linear demais, outras até poderão dizer que a maior parte das batalhas são desnecessárias, tendo sido colocadas ali apenas para oferecer alguma interatividade, mas se você gosta de bons enredos de ficção científica e quer conhecer um jogo com cenários belíssimos, vale a pena lhe dar uma chance e caso faça isso, saiba que me lembrarei de você em breve.

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