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Da série “não vai acontecer”: navios-drones de carga

Idéia (não) genial da semana: estão propondo navios-drone, levando containers pelo mundo, sem nenhum tripulante. Yay, excelente, 165 mil toneladas dependendo de um microchip e dois nerds entediados a 10 mil km de distância. Nada pode dar errado!

10 anos atrás

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Toda área tem alguns termos da moda. Em 2012 a melhor forma de conseguir financiamento para alguma pesquisa era colocar “nanotecnologia” no título. Em 2013, era grafeno. Em 2013 também o termo da moda foram drones. Pior, a mídia decidiu que drone era sinônimo de robô assassino exterminador, e muita gente com projetos simples como fotografar morros em busca de áreas de deslizamento teve que explicar que não estava pesquisando como eliminar população carente via bombardeiros guiados.

Pra mostrar serviço, o pessoal dos drones tentou enfiar o termo em tudo, esquecendo que nem sempre 100% de automação é conveniente. Como no caso de navios. Isso faz sentido em navios de guerra. Um porta-aviões como USS Enterprise tem 5.828 tripulantes. O futuro Enterprise, classe Ford e que será lançado ao mar em 2023, terá 4.297 tripulantes. 

As exigências da marinha mercante são bem menores. Há navios que funcionam com 3 tripulantes. Os maiores cargueiros não passam de 30. Trocar essa gente por robôs é economia porca. O estudo, proposto pela Rolls Royce é puro marketing, só deve ler levado a sério por quem levou os drones da Amazon a sério.

Os problemas envolvendo a automação completa e navios mercantes são imensos. Pra começar, ferra a vida de gente em naufrágios nas proximidades, robôs não vasculham o horizonte nem efetuam missões de resgate (não esses).

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Um porta-container de 165 mil toneladas chegando sequer próximo de uma área com trânsito mais intenso vai, por força de Lei ser obrigado a ter uma tripulação. Trabalhos de manutenção ocorrem o tempo todo, durante a viagem, deixar para fazer isso somente no porto aumentaria o tempo parado, o que é dinheiro jogado fora.

Outro ponto que parecem ignorar, é pirataria. E nem precisa ser na Somália. No Rio de Janeiro mesmo, na Baía de Guanabara. Imagine se fosse possível identificar, via internet quais navios de carga estão na região, qual sua origem e rota? Imagine se você soubesse que esses navios não tem tripulação nenhuma, são um grande shopping-center esperando uma “visita”.

Bem, se você for um pirata, pare de ler.

OK, agora posso contar: sites como o MarineTraffic mostram, em tempo real, informações sobre mais de 50 mil navios.

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Ele AINDA não diz qual está transportando uma carga de iPads, mas não deve ser muito difícil descobrir isso.

Ou seja: você tem um navio em alto-mar, sem ninguém dentro, milhões de dólares em carga e informações online com sua exata posição. Espero que deixem cerveja na geladeira também, pra facilitar de vez a vida dos piratas.

Fonte: Quartz.

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