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GIF — A abominação que veio para ficar

Existe uma praga que nos acompanha desde o Século Passado, e não tem expectativas de nos deixar: o GIF Animado. Como quem não quer nada ele é responsável por incontáveis gigabytes perdidos, dada sua ineficiência. Mesmo assim, ele é o melhor no que faz…

10 anos atrás

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Muito tempo atrás, antes da Aurora do Homem, quando as primeiras formas de vida se arrastavam pra fora do oceano (lá pros idos de 1987) surgiu um formato de arquivos. Criado pela Compuserve, concorrente da America Online o GIF tinha palheta de 256 cores e compressão sem perdas, características excelentes para tudo que era exibido nos PCs da época.

Ocupando bem menos espaço que o BMP e o PCX, permitia que mesmo com modems lentos baixássemos muito mais material educativo. Lembre-se, não havia filmes, era tudo imagem estática. Sim, crianças, era possível atingir estados alterados de consciência apenas com uma foto da Cindy Crawford.

Em 1985 um programador zeloso da Netscape recebeu ordens de implementar o formato GIF no Navigator 2.0. O sujeito foi by the book, implementou toda a especificação, incluindo a parte de animações, que NINGUÉM usava. Só que era uma época anos antes do YouTube. Vídeos eram raros, demoravam uma eternidade pra baixar e animação só em Java, aquele câncer. Logo as pessoas viram que podiam facilmente preencher suas romipeiges com coisas assim:

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Quando surgiram os vídeos, em geral executados via Flash, todo mundo achou que o GIF morreria, pois a compressão dos vídeos em Flash era muito maior, a palheta era TrueColor, etc. O que aconteceu surpreendeu todo mundo.

A velocidade das conexões aumentou, mas não o bastante. Executar um vídeo era, e em alguns casos ainda é um incômodo. Também não havia meios para mostrar um vídeo a partir de um determinado ponto. Demorou até o YouTube implementar isso. Os usuários começaram a transformar trechos de vídeos em GIFs, que tocavam automaticamente, independiam de plugins, eram executados em loop e não tinham áudio.

O GIF podia ser facilmente baixado e compartilhado, anexado a e-mails e postado em fóruns. O formato antigo e limitado ainda conseguia ser mais prático que os vídeos.

Várias revoluções palacianas contra os GIFs foram criadas, principalmente por gente que usava dial-up, mas esses acabaram morrendo de velhice, e hoje a realidade é que não importa mais o tamanho do GIF. Considere este, for science:

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Essa imagem tem, em formato GIF, 1,69 MB. Convertendo pra MP4, reduz para 373 kB.

Imagine quantos terabytes estão sendo desperdiçados todos os dias, com GIFs. Em 2014, com todo mundo falando de 4K, utilizamos um formato de 27 anos de idade, criado numa época em que a cor azul nem tinha sido inventada. O PNG tentou ser alternativa, mas não ornou. Cada dia temos mais GIFs, pontuamos conversas com eles, ignoramos seu tamanho e seu efeito em situações mobile, por exemplo.

O GIF é como o motor a gasolina. A pior alternativa depois de todas as outras. É ineficiente, polui, faz barulho, mas mal ou bem cumpre sua função. As alternativas são caras, pouco práticas ou só funcionariam se todo mundo usasse. Portanto, segure-se. Vamos entrar pelo menos 2020 com GIFs.

Um dia isso muda, mas vai ser entre o Ano do Linux e o Ano dos Carros Elétricos.

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