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Segundo Tim Cook, a venda da Motorola foi uma atitude sensata do Google: “os tablets eram ruins mesmo”

“A tela [mesmo pequena] é a principal vitrine de nosso software”. Ao comentar sobre a aquisição da Motorola pela Lenovo em entrevista, Tim Cook diz que a experiência de uso dos tablets Android é muito ruim. O CEO da Apple também falou sobre o futuro da empresa no mundo pós-PC e sua participação em países emergentes.

10 anos atrás

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O mês de janeiro terminou com uma bela bomba: o Google vendeu boa parte da Motorola para a Lenovo. O gigante das buscas ficou com as patentes e as equipes mais suculentas, deixando a parte de hardware para a chinesa.

No quarto programa Sala da Justiça, a maior parte da equipe MeioBit concordou com tal movimento do Google pois beneficia tanto os parceiros Android (Samsung, LG, Sony, HTC, entre outros…) quanto a própria Lenovo, que automagicamente ganha espaço no mercado ocidental de smartphones com uma marca forte.

E não estamos sós: o todo poderoso CEO da Apple, Tim Cook, disse em entrevista que o Google também não estava lá muito comprometido com a Motorola Mobility, basicamente um relacionamento aberto ou uma amizade colorida que só dura enquanto se procura a parceria ideal. Nas palavras dele:

The Wall Street Journal: O que você achou do Google vendendo a Motorola para a Lenovo?
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Tim Cook: Eu não fiquei surpreso pois me parece uma decisão de negócios bem sensata. O Google se livrou de algo que estava sangrando dinheiro e era algo [Motorola] com o qual [o Google] não estava realmente comprometido.
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Acho bastante difícil fazer com que hardware, software e serviços estejam totalmente integrados [em sintonia, num único pacote]. É isso que torna a Apple tão especial pois [tal sinergia] é realmente difícil [de ser obtida], então eu não estou surpreso que o Google não vai fazer isso.

Ainda sobre aquisições bilionárias, Tim Cook comentou sobre a recente compra da Nest pelo Google:

WSJ: Interessante notar que a Apple nunca fez uma aquisição bilionária. O Google, por outro lado, está abocanhando todos, incluindo seus velhos amigos na Nest [empresa formada por vários ex-funcionários da Apple]. Como isso afetaria a forma como você lida com grandes aquisições?
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Tim Cook: Nós observamos as principais companhias e não temos nenhum empecilho para deixar de comprar alguma grande empresa que tenha algo que nos interesse. Também não temos esse dinheiro todo no bolso para fazer uma lista das dez melhores grandes empresas e escolher a melhor para comprar. No momento, não estamos fazendo isso mas nós não teríamos nenhum problema de passar um cheque bilionário para comprar a companhia certa, fazendo o melhor para a Apple a longo prazo. Problema nenhum, zero.
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Só que também nós não vamos sair e comprar alguma grande empresa apenas para parecermos maiores. Estamos em busca de algo que torne os produtos da Apple mais fantásticos, algo que nos é bastante estratégico — coisas assim serão de nosso interesse e estaremos sempre à procura, independentemente do tamanho do negócio.

Voltando à Apple, o Tim Cook acha que a empresa já teve dias melhores: o próprio CEO acha que o mercado do principal produto da empresa, o iPhone, vai crescer em ritmo cada vez mais lento e o suposto “caminho repleto de inovações” da Maçã está chegando ao fim.

Os iGadgets continuam dando lucro e a receita da Apple subiu em US$ 1 bilhão em relação ao ano retrasado (de US$ 14 bi em 2012 para US$ 15 bi em 2013), mas isso tudo em um ambiente que está se aproveitando do encolhimento do mercado de computadores pessoais, substituídos por smartphones e tablets.

Segundo Tim Cook, os países emergentes serão os maiores responsáveis pela manutenção do crescimento do mercado de dispositivos móveis e destaca o crescimento da receita da Apple na China, sendo a empresa norte-americana mais lucrativa por lá. Para conseguir avançar nesses mercados, a Apple estaria disposta a lançar novos produtos com preços menos abusivos como o iPhone 5C e continuar a produção de aparelhos mais antigos como o iPhone 4.

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“Ainda bem que não precisamos ter nenhum produto Android no mercado” (Crédito: WSJ)

O CEO da Apple acha que o mercado de telefonia móvel pode ser dividido em três categorias de produtos: feature phones, smartphones que funcionam ou são usados como feature phones e os smartphones de verdade. Tim Cook afirmou na entrevista ao WSJ que a empresa está somente interessada no mercado dos smartphones de verdade, querendo converter os usuários de aparelhos das outras categorias em usuários de iPhone.

Ele já disse uma outra vez, ao referir-se ao Android e celulares baratos, que a Apple não fabrica lixo. E isso quer dizer que embora agora tenha interesse em aumentar a participação de mercado nos países emergentes, a Apple não fará quaisquer concessões na funcionalidade dos futuros aparelhos. Não à toa a Apple vai continuar usando PowerVR como GPU nos iGadgets mesmo com a GeForce ULP do Tegra K1 parecendo tão promissora: autonomia da bateria.

Enquanto isso, no mundo civilizado, a Apple é a número um de mercados como os Estados Unidos, Canadá e Japão. Na Europa e na Ásia (sem o Japão), a empresa é a segunda maior fabricante no mercado de smartphones de verdade. Seja smartphone de verdade ou não, há um detalhe em que o iPhone parece inferior aos demais: tamanho da tela. Com uma centena de modelos diferentes lançados todos os anos, a Samsung meio que conseguiu provar que o que o povo quer é smartphone com telas maiores que as 4 polegadas oferecidas desde o iPhone 5.

O povo quer iPhone grandão e o Tim Cook comentou que o iPhone só terá uma tela maior quando a tecnologia para tal estiver pronta, satisfazendo todas as necessidades da Apple por confiabilidade e qualidade de imagem: “a tela é a principal vitrine de nosso software”.

Sobre telas maiores, mais especificamente sobre tablets, a fonte do presente texto destacou o comentário mais agressivo do Tim Cook em relação ao Android:

Temos mais de um milhão de aplicativos no iOS. Dentre eles, mais de meio milhão foram otimizados para o iPad. Tente comparar esse meio milhão de apps otimizados aos 1.000 que foram desenvolvidos para tablets Android.
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Essa é uma das razões, embora não seja a única, pelas quais a experiência de uso em tablets Android é tão ruim, pois o aplicativo nada mais é do que um aplicativo de smartphone esticado.”

Da mesma forma que o lançamento do iPhone em 2007 obrigou o Google a refazer o desenvolvimento do Android do zero, será que alguma próxima atualização do Android fará com que no futuro os tablets tenham uma experiência de uso tão boa quanto o iPad? Que os desenvolvedores se esforcem mais!

A conclusão que o tio Laguna tira dessa entrevista toda é que a Apple continuará vendendo produtos de nicho e, mesmo nos países em que ela lidera o mercado de smartphones, o povo vai preferir pagar menos por um Android com tela maior. Caso a Apple lance um iPhone com tela maior este ano, vai cobrar mais caro mesmo e a participação do iOS no mercado formal de países como o Brasil vai continuar pífia.

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