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Crowdfunding não vingou no Japão porque para indies dinheiro não é o principal problema

Embora o crowdfunding tenha permitido vários games saírem do papel, no Japão indies seguem a filosofia dos doujin games: pouco ou nenhum dinheiro investido

10 anos atrás

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Desde que Tim Schafer arrecadou uma dinheirama no Kickstarter para desenvolver Broken Age, muitos desenvolvedores tem abraçado o crowdfunding de modo a proporcionar que suas ideias saiam do papel, permitindo que o público decida com seu rico dinheirinho se ele merce ser desenvolvido ou não. O modelo foi uma dádiva para os indies, pois ele é passível de resolver o problema de financiamento deixando a equipe se preocupar com outras coisas. Só que enquanto no ocidente o crowfunding de games cresce e floresce, no Japão ele não vingou.

Claro, há casos de desenvolvedores japoneses como os projetos de Keiji Inafune e a equipe do Project Phoenix, além da PDW: Hotapen, empresa formada por ex-developers da SNK responsáveis por títulos da série The King of Fighters que lançaram Yatagarasu: Attack on Cataclysm (que teve alguns probleminhas com o PayPal). Só que eles são exceção e não regra, e há um motivo do por quê os indies japoneses não querem lançar campanhas para financiar seus jogos: a própria filosofia dos assim chamados "doujin games", jogos de fundo de quintal feitos por uma pessoa ou uma equipe pequena durante o tempo livre dos desenvolvedores. Para se ter uma ideia Daisuke "Pixel" Amaya, o desenvolvedor responsável pelo hoje clássico Cave Story, game responsável pelo revival dos games retrô e de certa forma criador do próprio cenário indie levou sete anos para concluir o game.

Em entrevista concedida por parte do estúdio PDW: Hotapen ao site 4Gamer Shiza, gerente de projeto de desenvolvimento de Yatagarasu disse que ele não vê um cenário em que o crowdfunding se torne uma estratégia popular entre desenvolvedores indies no Japão, pois eles estão acostumados a trabalhar apenas pelo prazer de criar um jogo; que o diga ZUN, o criador de Touhou Project: a série possui dezenas de títulos e ele faz tudo absolutamente sozinho, do design à programação e composição das músicas.

Shiza explica qual é o grande desafio dos devs indies japoneses:

Falta de dinheiro nunca foi um grande problema no círculo de games doujin, e sim a falta de tempo. Muitos desenvolvedores possuem a política de não gastarem dinheiro para desenvolverem seus games. (...) Isso é incrível, é claro, mas há casos como o nosso onde só o crowdfunding pôde tornar o projeto possível.

O designer de gameplay Umezono acrescenta:

Terminar um jogo é uma prioridade do desenvolvedor, seja doujin ou profissional. (...) Às vezes o financiamento pode ser um obstáculo, e nesses casos o crowdfunding se torna uma ferramenta poderosa.

É interessante ver que a filosofia dos indies japoneses não vê o dinheiro como fator crítico no desenvolvimento de um game, e sim o tempo livre que ele tem para trabalhar em seu projeto pessoal. É compreensível, muitos desenvolvedores possuem mais de um emprego já que por lá trabalhar com games não é visto como uma carreira séria pela sociedade (o próprio Hideo Kojima teria sido esculachado pelo paraninfo em sua graduação, ao dizer que ele era um jovem genial que iria "desperdiçar seu talento om videogames"), portanto tempo e não grana acaba sendo a moeda mais valiosa para os indies de lá. Mas um pouquinho de dinheiro não faria mal.

Fonte: DToid.

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