Carlos Cardoso 10 anos atrás
Normalmente a gente não dá muita bola para teorias conspiratórias, até porque elas nunca são acompanhadas de qualquer prova. Desta vez foi o contrário. Tive primeiro a prova, a teoria fica por… nossa conta.
Estava eu no bar, assistindo ao final de temporada de Supernatural, quando o gerente joga na minha mesa o objeto acima. Veja o outro lado:
Exato. Uma bateria de alta capacidade e um… chip GSM.
Como todo bom fã de CSI, 24h, NCIS, Homeland e similares, eu reconheci na hora o que era o equipamento: um rastreador GPS. Ei, COMO isso teria chegado às mãos de um gerente de bar de subúrbio? Mais ainda, que hardware exatamente é esse?
A placa não tem nenhuma informação do fabricante.
Do lado da bateria temos um conector mini-USB, um módulo destacado que parece ser o GPS, uma antena e um slot com um SIM-CARD da Vivo. que quando colocado no celular é listado como bloqueado. Do outro lado temos dois chips menores, raspados e um módulo principal, um Cinterion BGS2-W. Que diabos é isso?
Segundo o Google é um módulo GPRS 2G, fabricado no Brasil pela Foxconn.
Investigando, descobri que o módulo veio dentro da caixa de um celular, um Galaxy S3, comprado nas Casas Bahia. Não foi esquema, não caiu do caminhão. Comprado na loja, com nota fiscal.
O rastreador vinha com um fio, provavelmente uma antena auxiliar, que o dono do celular, como bom desconfiado, arrancou.
Como já tem alguns meses, a bateria já era e o chip foi cancelado.
A explicação mais provável é que seja um rastreador usado para acompanhar roubos de carga, e que por alguma hagada logística esqueceram de remover.
Não deixa de ser divertido ver que ao mesmo tempo em que o nerd fofoqueiro Edward Snowden denuncia que a NSA interceptava cargas de roteadores e instalava cavalos de tróia, aqui estamos fazendo coisa parecida, abrindo caixas de produtos e enfiando rastreadores. Como? É por um motivo justo, roubos de carga são um caso sério e indivíduos inocentes não são o alvo do monitoramento? Parabéns, a NSA fala exatamente a mesma coisa.
Conectado no USB, o rastreador não é identificado pelo Windows, mas passa a carregar a bateria e acender 3 LEDs principais, um verde um vermelho e um amarelo. Um azul acende também, mas é menos frequente.
Durante vários meses ninguém deu falta, ou não conseguiu achar o localizador. O que, pensando bem, é a cara do Brasil. Talvez devam criar um localizador para o localizador.
Como não há informação nenhuma sobre o dono do aparelho, e como ele veio dentro da embalagem do celular vendido pelas Casas Bahia, é razoável entender que o dono seja o meu amigo. Como nenhuma equipe tática invadiu a casa dele até agora, provavelmente o rastreador já foi dado como perdido. Divirta-se com a ironia.
De resto, fikadika: usem todos os recursos para identificar ladrões, mas por favor não deixem que eles respinguem nos clientes legítimos. A chance disso tudo dar errado, e um cliente honesto acordar com uma equipe da SWAT em casa é grande demais.
Óbvio, também podemos imaginar todo um esquema Jack Bauer/Dan Brown, mas estou cansado. Amanhã decidimos nos comentários como tudo não passa de uma conspiração dos Illuminati e da Dilma Bolada.