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Boas novas (exceto para terroristas): Embraer entrega 1º Super Tucano pra USAF

Na Embraer não há datilógrafos. Só isso explica a chegada do primeiro (de 20 aviões) A-29 Super Tucano ter chegado à Base da Força Aérea Moody, Geórgia, no final de semana: o contrato dizia 2015, mas essa brasileira não dorme em serviço.

9 anos e meio atrás

Tucano1-jpg

Barack Obama tem 99 problemas e achar um sucessor para o A-10 Thunderbolt II é um deles. Criado no começo dos Anos 70 era o pesadelo dos comandantes de tanque soviéticos. Basicamente projetaram um bruta (não é essa a palavra mas rima) canhão, para absolutamente completamente definitivamente obliterar qualquer tanque que Ivan tivesse em seu arsenal. Satisfeitos com o canhão, partiram pro próximo passo: construir um avião em volta dele.

O A-10 foi aposentado mais de uma vez, apenas para ser retirado da naftalina. Não há nada no arsenal dos EUA que faça o que ele faz, então mesmo com o modelo mais recente tendo 30 anos de idade, o A-10 continua tirando o sono do quem está no lugar errado na hora errada, como os canalhas do ISIS.

Só que ele custa em valores de hoje US$ 20 milhões, a hora de vôo não sai nada barato. Mais ainda: a missão para a qual ele foi projetado não existe mais: explodir tanques soviéticos em uma eventual invasão do Pacto de Varsóvia. O perfil hoje é apoio aéreo a unidades em solo combatendo insurgentes, e convenhamos que dois sujeitos com AKs-74 na mão em cima de um camelo não é um alvo que precise ser abatido com um cartucho desses:

A10-2

Para piorar os EUA estão com um programa de rearmamento das forças armadas do Afeganistão e além de não ser interessante vender A-10s pra eles, o custo de manutenção é alto demais. Eles precisam de um avião leve, com boa autonomia, que fique orbitando por horas atrás de alvos de oportunidade, que possa detonar um acampamento Talibã mas que não custe uma fortuna.

Hoje esse trabalho é feito com helicópteros russos, que como todo mundo que viu Rambo 3 sabe, não se dão muito bem no Afeganistão. A Força Aérea dos EUA abriu uma concorrência para achar um avião que suprisse essa demanda, e os dois finalistas foram o A-29 Super Tucano e o AT-6 Texan 2, venerável sucessor do T-6 Texan. Excelente aeronave que tive privilégio de voar, mas que perde do Super Tucano em diversos pontos-chave.

O Texan 2 foi eliminado da competição em 2011, foi chorar no tapetão, conseguiu que a licitação fosse cancelada. A USAF abriu outra, de novo deu Texan 2 vs Super Tucano e — de novo — a Embraer ganhou. A decisão final saiu ano passado e renderá inicialmente US$ 427.459.708,00 para a EMBRAER, podendo chegar a US$ 950 milhões. Inclui 20 aviões, peças de reposição, treinamento, computadores de planejamento de missão simuladores de vôo e várias outras miudezas.

Era para os aviões começarem a chegar em 2015, mas vejam quem chegou na Base Aérea Moody, na Geórgia:

A29

Isso mesmo: os aviões, montados nos EUA em instalações da Embraer na Flórida, já estão sendo entregues. São mais aviões para acumular experiência a uma plataforma com 230 mil horas de vôo, sendo dessas 31 mil horas de combate.

Na cerimônia de entrega o Major-General John McMullen, comandante-interino das Forças Americanas no Afeganistão e Comandante da 9ª Força-Tarefa Expedicionária Aeroespacial (muito chique) foi enfático:

A maior lacuna na Força Aérea do Afeganistão é na capacidade de abrir fogo contra inimigo em solo. A peça que falta, que é vital para o sucesso é uma plataforma que permita disparar armas de precisão, que tenha velocidade e alcance para cobrir todo o Afeganistão, e essa plataforma é o A-29, é a aeronave perfeita para o terreno do país. É a aeronave perfeita para o conflito no Afeganistão e é a aeronave perfeita para a Força Aérea do Afeganistão.”

Por exemplos como esse que é injusto alegar viralatismo quando reclamamos de nosso programa espacial com um datilógrafo e nosso desejo em virar referência mundial em sandália de pneu. Não é complexo de vira-lata reclamar quando alguém sabe fazer e não faz. É apontar incompetência mesmo.

Desculpa aí. A Embraer sabe fazer.

Fonte: PA.

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