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FBI tem “zero chances” de acessar dados encriptados

Proposta do diretor do FBI em acessar dados encriptados do iOS e Android enfrenta resistência: o congresso não oferece apoio com receio da opinião pública

9 anos e meio atrás

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O passo dado por Apple e Google para proteger os dados do usuário de invasões hackers e bisbilhoteiros em geral (ao mesmo tempo que tiram os seus da reta e evitam serem taxadas como cupinchas de agências) está deixando os órgãos de segurança fulos da vida, desde o FBI, passando pela polícia norte-americana e até mesmo o procurador-geral do país não gostou da novidade (isso sem falar em governos como a China, que estão tentando driblar a criptografia).

No caso do Bureau, o diretor James Comey já disse com todas as letras que tal situação é inadmissível, mas conseguir restaurar o acesso aos dados não será tão simples quanto ele pensa.

Como já externei minha opinião aqui antes, vamos direto aos fatos: ao tornar padrão a criptografia de dados no iOS 8 e no Android 5.0 Lollipop, tanto a Apple quanto o Google adicionam uma camada de segurança extra que muita gente não utilizava de forma alguma (as ferramentas já estavam lá, mas eram opcionais; a gente sabe, a grande maioria não ativa e pronto), ao mesmo tempo que por não terem as chaves de acesso, se livram de futuras acusações de serem coniventes com NSA e cia., e nisso temos que agradecer a Edward Snowden. A questão é que Comey considera tal ação inaceitável, ignorando o conceito de inocência presumida e declarando que as ferramentas serão usadas por criminosos em geral, ou na melhor das hipóteses "permitir que o cidadão passe por cima da lei", segundo o próprio.

O diretor do FBI sugere que ambas sejam obrigadas pelo Congresso a criar “portas da frente” para a agência, com tapete vermelho e tudo - meios de acesso oficiais para que órgãos de segurança do governo voltem a ter acesso aos dados livremente, “sem comprometer a segurança dos mesmos” (alguém faltou nas aulas de Segurança da Informação…). Problema: os congressistas não estão a fim de comprar essa briga.

Darrell Issa, representante republicano do estado da Califórnia disse no Twitter que o cidadão norte-americano está mais atento depois do festival de palhaçadas que o governo fez com os dados da população, e não tolerarão mais vigilantismo ainda (em resumo, o medo causado pelo 11/9 passou), além de mandar uma mensagem bem clara a Comey: “você planta o que colhe você colhe o que planta” (Vicente Matheus feelings).

Não para por aí. A democrata Zoe Lofgren, militante anti-vigilantismo há décadas disse com todas as letras que a proposta do diretor da agência tem “zero chances” de passar no Congresso. Já Ron Wyden, também democrata pelo estado do Oregon acredita que não mais que um punhado de congressistas vão apoiar a medida, o que não será suficiente. Já a EFF lembrou que empresas de tecnologia não podem ser obrigadas a se tornarem agentes do governo.

Isso ainda vai longe, fato. Só que aparentemente o FBI e demais agências estão sozinhas nessa empreitada, e movidos pela opinião pública (que não está se deixando manipular com o discurso de “mimimi terroristas mimimi pedófilos”) e com medo de perder votos, os congressistas não estão dispostos a sair em defesa de uma causa que vai prejudicar todo mundo. Menos o FBI.

Fonte: M.

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