Carlos Cardoso 9 anos atrás
Antes de mais nada pare de ler este post e veja este vídeo da Rafael israelense cortejando o mercado indiano de defesa. É apenas… épico.
Voltou? Ok, então continuemos. A Índia, como você sabe, não é muito boa em datilografia ou sandálias de pneus mas tem um programa espacial respeitável. Isso não vem totalmente de amor à ciência e coração puro. A tecnologia veio primariamente da área de defesa. A Índia vive em estado de guerra morna com o Paquistão desde sempre, como resultado ambos entraram em uma corrida armamentista e hoje possuem até armas nucleares, mesmo o Paquistão tendo um PIB equivalente a 1/10 do brasileiro.
Foguetes são essenciais para isso, e com a expertise adquirida a Índia foi a Marte. Antes que você critique, dê uma olhada no currículo de Werner Von Braun.
Como a Índia sempre foi meio independente (too soon?) não se tornou mera compradora de tecnologia e, na impossibilidade de só vender, outros países ofereceram BrahMos, projeto construído em conjunto com a Rússia, e talvez o melhor e mais versátil na categoria de míssil de cruzeiro supersônico de curto alcance.
Veja que linda a sequência de lançamento da versão para submarinos:
Lançado de até 50 m de profundidade, primeiro é ejetada uma coluna de ar pressurizado, criando um canal seco até a superfície. Um foguete impulsiona o míssil. Saindo do mar dos retrofoguetes reduzem a velocidade vertical para zero. Um segundo foguete gira 90 graus, um terceiro cessa o giro. A proteção da fuselagem é ejetada, o motor principal é acionado e o míssil pega velocidade horizontal. Mais adiante o motor-foguete é ejetado, o BrahMos entra em modo Ramjet e percorre uma distância que segundo algumas fontes chega a 500 km, levando uma ogiva de 300 kg, convencional ou nuclear.
O bicho tem versões navais, submarinas, de solo e estão trabalhando em uma aérea. Pode atingir alvos em terra e no mar. Um Tomahawk, o pau-pra-toda-obra dos EUA viaja a Mach 0,7. O BrahMos faz Mach 3,0. Isso o torna muito mais complicado de interceptar, ainda mais fazendo Mach 3 a 4 m de altura sobre o mar. O custo é bem razoável, uns US$ 2 milhões por míssil, ainda mais levando em conta o que ele pode fazer.
Veja 3 minutos de puro Míssil Pr0n, com o BrahMos atingindo alvos diversos:
Shiv Aroor — Awesome footage of BrahMos in action
Pouquíssimos países no mundo possuem tecnologia para desenvolver mísseis de cruzeiro, e enquanto nossos foguetes espaciais explodem sozinhos, nossos mísseis explodem o inimigo. A Avibrás colocou o Brasil no clubinho fechado desses países, com o AVMT-300 Matador, um míssil de cruzeiro com alcance de mais de 300 km, disparado de lançadores Astros 2020.
Sim, minha esperança é que nosso programa espacial decente venha dessas empresas. Pelo bem dos pinguins, que já têm focas pra se preocupar, não precisam de satélites assassinos.