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Coca-Cola aprende a não vacilar na internet

A regra de ouro é “não vacile”: pessoal do Gawker esculhamba campanha #MakeItHappy da Coca-Cola fazendo bot tuitar trechos de Mein Kampf, de Adolf Hitler

9 anos atrás

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Existe uma regra de ouro que nunca, nunca, NUNCA pode ser ignorada: “não dê vacilo”. Seja na vida offline ou online, se você cochilar o cachimbo vai cair, vão te dar uma rasteira e te jogar um balde de água gelada na sua cabeça enquanto afanam sua carteira.

Gente esperta existe aos montes, seja com intenções maliciosas ou na linguagem da internet, querem aprontar apenas “for the lulz”. E a Coca-Cola aprendeu essa lição da pior maneira possível.

Na semana passada a empresa lançou durante o Super Bowl a campanha #MakeItHappy, que possui um intuito simples: combater o ódio disseminado na internet com felicidade (uma extensão da campanha “Compartilhe Felicidade). O comercial está entre os melhores veiculados durante o intervalo do jogo (o da Budweiser é sem dúvida o melhor de todos), confira:

http://www.youtube.com/watch?v=ibgvkXm9QkcOfficial Coca-Cola “Big Game” Commercial 2015 #MakeItHappy

O comercial veio acompanhado de uma stunt no Twitter que consistia no seguinte: o usuário teria que responder uma mensagem de ódio que encontrasse na rede social com a hashtag descrita acima, que a conta oficial trataria de transformar o texto em uma imagem fofinha em ASCII. Tudo muito bonito, tudo muito legal, mas não é preciso pensar muito para avaliar as possibilidades.

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Tomemos como exemplo a mensagem acima. A imagem é bonitinha, mas o texto em si é um belo discurso de ódio: “We must secure the existence of our people and a future for White Children” (devemos assegurar a existência de nosso povo e o futuro das crianças brancas). Apesar da ideia da campanha ser essa mesma, a de fofoletizar mensagens desagradáveis, compartilhar um discurso desses para seus quase três milhões de seguidores não é algo legal.

Foi aí que o pessoal do Gawker resolveu aprontar das suas mais uma vez, mas a verdade é que se não fossem eles alguém perceberia o óbvio mais cedo ou mais tarde: o bot da Coca-Cola não fazia triagem das mensagens retuitadas, era tudo automático. Portanto em tese ele aceitaria qualquer texto mandado para ele com a hashtag.

Não deu outra: logo eles criaram um bot chamado @MeinCoke e ele começou a tuitar os trechos iniciais do livro Mein Kampf, de ninguém menos que Adolf Hitler. Ao comentar os tweets com a hashtag #MakeItHappy, o bot da Coca-Cola os passou para a frente automaticamente.

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A mensagem acima foi uma das diversas compartilhadas. O que se lê é o seguinte: “A Áustria alemã deve ser reintegrada à Grande Pátria Germânica, aliás sem se atender a motivos de ordem econômica”. Tem outras mais que foram compartilhadas no site do Gawker.

De repente a Coca-Cola se viu numa situação sem controle, em que o bot que desenvolvera estava citando Hitler para milhões de seguidores já que não havia filtro de conteúdo algum. No fim das contas a empresa foi obrigada a deletar todos os tweets e por fim remover a campanha do ar inteiramente. Em um comunicado oficial a Coca-Cola lamentou o fato do Gawker “tentar transformar a campanha em algo que ela não é”. Eu concordo, esse pessoal é conhecido por aprontar poucas e boas e não serem lá muito éticos, mas não dá para apontar o fato que a companhia não só dormiu no ponto, como citou Hitler em diversas mensagens.

Da próxima vez que não vacilem, porque a internet não perdoa.

Fonte: G.

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