Meio Bit » Arquivo » Ciência » Sabe o tal satélite brasileiro que finalmente subiu? Então…

Sabe o tal satélite brasileiro que finalmente subiu? Então…

E como não podia deixar de ser, nosso programa espacial parece saído da grade da CNT, ou algo assim. Lembra do satélite que finalmente conseguimos, digo, os chineses colocaram em órbita pra nós, ano passado? Pois bem… algo aconteceu com ele. Clique e descubra porque não há brasileiros em Star Trek…

9 anos atrás

01TYMP_I_AM_TYPIST_1739511f

No final do ano passado o Brasil, digo, a China lançou finalmente o CBERS-4, aquele satelitezinho brasileiro de monitoramento ambiental. Foi comemorado ufanisticamente como se 50% do satélite e 100% do foguete não fossem chineses, mas tudo bem.

Aí lançamos o cubesat mais caro do Universo, apenas para sua brasilidade aflorar e ele não funcionar.

Tempo passa, tempo voa, a poupança Bamerindus foi pra vala, mas ao menos temos o CBERS-4 funcionando, salvando as florestas, certo? Bem, sendo este portal o MeioBit você sabe que não tem final feliz essa história, mas CALMA o satélite está bem, funcionando direitinho. O problema é na nossa ponta.

Digamos assim: o Satélite está em órbita, mas não está fazendo fotos e monitorando áreas estratégicas de interesse nacional porque… falta software.

ISSO MESMO QUE VOCÊ LEU.

Falta. Software.

Segundo reporta o O Globo, os US$ 125 milhões do nosso bolso orbitando a Terra dependem de software de processamento de imagem para que as fotos sejam ajustadas, as câmeras calibradas e informações úteis sejam obtidas e disponibilizadas ao público.

Quase cinco meses depois do sucesso de seu lançamento, em 7 de dezembro de 2014, em parceria com a China, o Cbers 4 manda do espaço dados estratégicos sobre o território brasileiro, mas suas imagens ainda não estão disponíveis ao público.”

Repetindo, ou melhor, copypastando:

Os dados do Cbers, que chegam por meio da estação de recepção e gravação de Cuiabá (MT), de propriedade do Inpe, não estão sendo processados, o que significa que suas informações ainda não têm utilidade científica.”

O contrato com a empresa que fazia o processamento das imagens, a AMS Kepler, acabou, e só agora está sendo preparada nova licitação.

Ou seja: um satélite, algo que é planejado com ANOS de antecedência, não está sendo usado pois ninguém se tocou que o INPE, que é “a” referência na área terceiriza PROCESSAMENTO DE IMAGENS, algo que é o feijão com arroz de qualquer trabalho envolvendo imagens de satélites.

Pior, segundo o dono da empresa o contrato terminou em 2011, e a empresa deixou de prestar qualquer serviço em 2013. Em dezembro. UM ANO ANTES do lançamento do CBERS-4.

Quer mais? Diz o dono da empresa:

Se fôssemos contratados agora para fazer o serviço, precisaríamos de cerca de dois meses para conhecer os parâmetros dos novos sensores. O software que desenvolvemos não atende à atual configuração do satélite.”

Segundo o geólogo mais otimista do mundo, funcionário do INPE…

A missão está 70% completa, com o desenvolvimento e o lançamento do satélite.  Mas os 30% mais importantes, a utilização dos dados pelo usuário, não estão completos.”

A missão não está 70% completa. Ela está 0% completa se você tem uma caixa de ferro em órbita com tanta utilidade quanto um Asilo da Frota Estelar para tripulantes de camisa vermelha.

É muito triste saber que em um mundo onde a Elizabeth Margaret Hamilton coordenou o desenvolvimento dos softwares do Projeto Apollo, criando metodologias, técnicas de desenvolvimento e documentação, projetou software para um hardware que ainda não existia ou que estava sendo alterado toda hora, e mesmo assim pousaram na Lua, alguém consegue ser tão incompetente a ponto de lançar um satélite sem pensar que precisa do software para que ele seja… útil.

Fonte: dica do primo.

Leia mais sobre: , , .

relacionados


Comentários