Carlos Cardoso 8 anos atrás
Talvez a parte mais desagradável das novas tecnologias é que elas começam custando muito caro. Meu primeiro kit multimídia (CD-ROM e placa de som, crianças) custou US$ 600,00. Na mão do executivo de fronteira. Comprei adaptadores Bluetooth por R$ 300,00. Hoje se der mole o japa da DX usa pra fazer peso nas caixas de encomendas.
Uma forma de facilitar a adoção dessas tecnologias é através de subsídios. A Tesla tem um monte de vantagens fiscais e outros subsídios. Na prática os carros custam mais caro para fabricar do que o preço de venda final ao consumidor, mas a mágica funciona.
Do lado do consumidor o Governo dá um subsídio de US$ 7.500,00 na compra de um Tesla.
Do lado do fabricante, a Califórnia, onde a Tesla é sediada tem um programa equivalente a “créditos de carbono”, onde cada fabricante é obrigado a vender um determinado número de carros de emissão-zero por ano. Como 100% dos carros da Tesla são emissão-zero, sobram muitos além da cota. Ela vende essa cota para outros fabricantes. Cada Tesla rende US$ 20 mil. Mas calma, melhora.
Se o fabricante demonstra que a bateria pode ser trocada facilmente, ganha incentivos extras nos tais créditos de emissão-zero. A Tesla demonstrou isso. Significa mais US$ 15 mil por carro de “créditos”.
É um esquemão? É, mas é o preço a pagar se você quer fomentar uma indústria nova, só que chega uma hora em que os governos começam a perder dinheiro demais e todo o papo de ecologia, salve os pandinhas, etc, vai embora. A Dinamarca por exemplo vai cancelar os subsídios e com isso o preço dos Teslas aumentará 180%. Chupa, Greenpeace.
Aqui no Brasil alguém decidiu que era preciso dar um primeiro passo, e em 2014 reduziu a alíquota de imposto de importação para híbridos. Agora ampliaram as reduções, híbridos terão imposto entre 0% e 7%, e carros 100% elétricos ou movidos a hidrogênio terão alíquota de 0%.
Claro, no Brasil há menos de 3.000 veículos com essas características, e dado o dólar pouca gente será beneficiada, mas é um começo, um país que por tradição odeia ciência e tecnologia só de não proibir esses carros, já é um senhor avanço. Palmas para os envolvidos.
Não acho que com um Tesla X de US$ 132 mil valendo mesmo sem nenhum imposto ou frete R$ 513.137,00 a procura vá aumentar, mas se um dia o dólar voltar a atingir cotações civilizadas, ao menos os incentivos para comprar híbridos ou elétricos já estarão por aí.
O consumidor pode optar por carros mais em conta, como o BMW i3 e o Toyota Prius, mas para ter um Prius melhor comprar um fusca sem motor, o desempenho é o mesmo.
Agora, a parte ruim: os subsídios só valem para carros híbridos com motor até 3,0 litros; isso deixa de fora o Porsche 918 Spyder e seu V8 de 4,6 Litros que eu estava de olho faz tempo. Ok, pelo menos não vou precisar pedir adiantamento pro Nick (me deixem sonhar!).
Fonte: G1.