Carlos Cardoso 8 anos atrás
É bem perceptível que não estou nem aí para pandinhas, e que se o Mosquito Rajado Real da Birmânia tiver que ser desalojado para construção de uma usina nuclear, azar o dele, mas algumas vezes surgem empresas tão gananciosas, com projetos tão inescrupulosos que mesmo eu acho exagero. É o caso dessa tal Nautilus Minerals.
É uma empresa canadense que tem um objetivo: explorar o leito dos oceanos atrás de ouro, prata e cobre. Bronze* não porque o Bronze já é do Brasil! (*eu sei).
Existe uma fortuna incalculável nos oceanos, calcula-se 20 milhões de toneladas de ouro dissolvidas na água, mas a uma proporção de 13 bilionésimos de grama por litro, não é economicamente viável recuperar esse ouro. Já no solo é diferente, há regiões com concentração bem maior, e é aí que a Nautilus Minerals planeja atacar, e atacar é a palavra-chave.
Eles construíram uma frota de robôs que percorrerá o leito do oceano, escavando revolvendo e sugando a terra. Como não é uma operação de mineração, não vão cavar fundo em um lugar, coletarão material superficial e seguirão adiante.
As máquinas pegarão um trecho do fundo do mar e destruirão tudo, deixando um deserto revirado e sem vida.
Nenhum dos metais é especialmente raro, não é o nióbio de Roraima. Claro que quanto mais ouro melhor mas o preço já está lá embaixo e sempre podemos contar com os realities do Discovery e do History para produzir mais. Não precisamos escavar os oceanos atrás dele.
Os oceanos já não estão em um estado excelente, em vários lugares a população de peixes caiu mais de 90%. Uma pesquisa descobriu que 25% dos peixes vendidos no mundo contém lixo humano, no sentido de plástico e derivados, não no sentido do sujeito que comemorou o incêndio no Museu da Língua Portuguesa.
Como todo destruidor o pessoal não vai detonar o próprio quintal. O primeiro sítio de exploração será na província da Nova Irlanda, em Papua-Nova Guiné. Esta região aqui:
A idéia é começar os trabalhos em 2018, pois ainda estão construindo o navio que sediará a operação, mas no cronograma original deveriam ter lançado tudo em 2012, só que o Governo das Ilhas embarreirou o projeto. Depois de dois anos de inten$sas negociaçõ$ chegaram a um acordo, e de 2014 pra cá tudo vem correndo dentro do cronograma.
Longe de mim ser contra a idéia de ganhar dinheiro, mas será que é preciso mesmo ser tão irresponsável, pensar tão a curto prazo, dar uma banana tão grande pro planeta? E o Canadá, que se diz tão progressista, vai deixar rolar? Spoiler: vai.
Fonte: Digital Trends.