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Xbox One igual a um PC? Já vi esse filme e ele não era bom

Proposta da Microsoft em transformar o Xbox One em uma plataforma modular tal qual o PC pode não ser uma ideia tão boa como muitos pensam

8 anos atrás

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A Microsoft está se empenhando para fazer do Xbox One e do PC uma plataforma única. A proposta de unificar ambos sob o Windows 10 não é nova, mas em evento realizado no última dia 25 em São Francisco a companhia ditou os rumos do que pretende fazer daqui para a frente.

Basicamente Redmond pretende absorver a evolução de hardware dos computadores e incrementá-la ao Xbox One no nível de software, permitindo que o console possa executar jogos mais recentes sempre com uma qualidade superior. Do outro lado títulos exclusivos também chegarão ao Windows 10 para desktops, embora o cross-play platform seja única e exclusivamente limitado às duas instâncias. Esse é o principal motivo de Street Fighter V não chegar ao console, o Xbox One não conversa sequer com o Steam.

Só que não para por aí. Segundo Phil Spencer o desejo da Microsoft é ampliar a capacidade do Xbox One tornando-o um console modular, que passaria a aceitar upgrades de hardware ao mesmo tempo em que novas versões com componentes mais poderosos seriam lançadas periodicamente. E é aí que eu digo que esta não é uma decisão muito sensata.

A Microsoft trata tanto o Windows 10 para desktop quanto o Xbox One quanto uma plataforma só, e pretende fazer de tudo para que ambos se comportem como tal. Assim, para que seu console possa acompanhar a evolução do mercado de PCs ele passaria a ser tratado efetivamente como um, incorporando sua principal característica que é a modularidade. O videogame passaria a aceitar upgrades diversos, que poderiam ser desde memória e vídeo a até mesmo de componentes mais críticos, como processador e placa-mãe; ele também poderia se valer de acessórios diversos que adicionariam funções extras, fazendo do Xbox One uma espécie de Steam Machine (que é um PC), com suporte a atualizações constantes.

A proposta é ousada: a Microsoft deseja por fim ao dogma das gerações para se concentrar em uma plataforma que evolui constantemente, em vez de vender uma caixa fechada desenvolvida para durar anos, da mesma forma que o PC. Só que há alguns problemas nessa abordagem.

Em primeiro lugar a Microsoft fala da unificação das plataformas, mas enquanto fazer a implementação no nível de software é uma boa, quando pulamos para o hardware as coisas complicam. O atual console não é ao menos à primeira vista modular, o que significa que Redmond pode estar pensando em lançar uma nova versão que aceite upgrades, e continuar a fazê-lo com o passar do tempo. Embora cada novo modelo possa ser perfeitamente retro-compatível com o software legado, isso leva a um cenário incomum no mercado de videogames e mais ligado à plataforma Android, que é a fragmentação. Donos de modelos mais antigos não serão capazes de rodar esse ou aquele game sem um upgrade de hardware ou um módulo adicional, o que nos leva a…

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O Mega Drive teve uma série de add-ons desenhados para estender sua vida útil. O Sega CD era um bom acessório, já o 32X era questionável. O fato de cada um depender de sua própria fonte de alimentação só complicava as coisas e no fim das contas, os resultados não foram muito bons.

Os videogames são gadgets desenhados para durar muito, são investimentos de longo prazo pois possuem uma vida longa e embora não sejam comparáveis à Glorious PC Gaming Master Race, não são produtos ruins. A Microsoft quer mudar isso, correndo o risco de alienar toda a comunidade ao introduzir um sistema de upgrades constantes e acessórios que se tornarão essenciais para jogos mais recentes, o que não é algo que os jogadores querem. Mesmo que haja perdas o dono de um videogame quer jogar o último Gears of War sem ter que gastar os tubos em um computador da NASA. A ideia da Microsoft é importar essa filosofia para nossas salas de estar.

Eu fico com um pé atrás porque já vi esse filme e ele já não foi muito bom da primeira vez. Posso acabar mordendo a língua no futuro, mas até o momento a proposta da Microsoft me preocupa.

Fonte: Telegraph.

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