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Fotógrafos são como pombos? Às vezes sim.

Infelizmente precisamos começar a discutir o fato de que fotógrafos se acham indivíduos para os quais as regras não se aplicam. Esse tipo de atitude, de alguns, está sendo negativo para todos.

8 anos atrás

Ontem, Missy Mwacfotógrafa e colunista do site Petapixel, escreveu um texto que poderia ser encarado como engraçado, mas me deixou reflexivo e extremamente deprimido. O texto, intitulado como Photographers Have Become Like Pigeons, mostra como destaque fatos recentes que foram notícia. O primeiro foi sobre um prédio histórico no sul da Flórida que foi incendiado por três fotógrafos que tentaram fazer um paint light durante a noite. O segundo foi sobre dois turistas que tentaram fazer uma selfie na estátua de Hércules no palácio Loggia dei Militi em Cremona, Itália e acabaram danificando a obra do século XIII. Para finalizar ela cita a Farmington Historic Plantation em Louisville, Kentucky, uma fazenda histórica que proibiu a entrada de fotógrafos simplesmente pelo fato de não respeitarem as regras.

Fotógrafos são como pombos

Posso citar alguns fatos por minha conta também, como o pessoal que despenca de prédios para fazer uma selfie bacana ou a decisão do Jardim Botânico em só permitir sessões fotográficas quando forem agendadas e mediante pagamento de uma taxa. O argumento de Missy é simples. Fotógrafos se acham indivíduos para os quais as regras não se aplicam e, com essa mentalidade, estão destruindo as possibilidades de contar histórias para outros fotógrafos. E querem saber a real? Isso é verdade. Eu mesmo já me senti no direito de estar em locais proibidos por estar registrando algum evento. Infelizmente nos sentimos acima das regras. Um cartaz de proibição é como um luminoso para nós dizendo venha, pode entrar, faça sua foto.

Geralmente, locais que proíbem fotografias chegaram a esse ponto por já terem tido problemas com fotógrafos. O caso do Jardim Botânico é clássico. O local foi invadido por fotógrafos profissionais e amadores que se achavam no direito de utilizar o local como estúdio atrapalhando, inclusive, os visitantes normais com suas produções. A forma de gerenciar a coisa foi cobrar pelo uso. Os fotógrafos chiaram, pois não queriam pagar pelo uso. Mas, a maioria deles também não fazia sessão gratuita no local.

Infelizmente somos como pombos. E está na hora de começarmos a discutir isso. As regras valem para todos. Embora o ímpeto de contestação esteja enraizado no ser humano (ainda mais em tempos políticos efervescentes) regras existem por um motivo. Seguindo o exemplo do Jardim Botânico, vários outros parques e locais públicos estão montando suas próprias normas sobre proibição do ato fotográfico. A reação normal dos fotógrafos é de que isso é abuso e que tudo pode ser fotografado livremente.

Fotógrafos são como pombos2

Exemplo de manifestação dos fotógrafos em redes sociais.

Infelizmente não é assim. A própria Lei de Direitos Autorais define que tudo o que está de forma fixa em Logradouro Público pode ser registrado sem restrições. Porém, parques, reservas, praças, museus e jardins não são considerados logradouros. Eles podem ser administrados pelo poder público, mas não são públicos para registro fotográfico particular.

Fotografar é uma atividade maravilhosa. Tanto profissionalmente quanto de forma amadora. Porém, regras existem, geralmente, para resolver um problema. Por conta de um pequeno grupo que se acha no direito de não respeitar nada, todos os outros pagam por esse ato. Infelizmente, arrogância e outras características negativas fazem parte da personalidade de grande fatia dos fotógrafos. Está na hora de revermos isso.

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