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O dia em que nos rendemos aos robôs

O robô que neutralizou o responsável pelo atentado em Dallas não é o primeiro (e nem o último) a matar seres humanos para proteger tantos outros. Conheça o RQ-2 Pioneer, o robô que levou diplomacia ao Oriente Médio.

8 anos atrás

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Micah Xavier Johnson é o desqualificado que, com um rifle SKS (pra desgosto da mídia que adora demonizar os ARs) alvejou 11 policiais em Dallas, matando 5 e ferindo gravemente três. Ele era um veterano de guerra, não tinha qualquer ligação com Islã ou tendências suicidas. Planejava vários outros atentados, mas foi encurralado pela polícia.

Como ele não planejava se render, a única opção era usar força letal, não faz sentido jogar gás, forçando o sujeito a sair atirando e arriscar a vida dos policiais. Alguém teve a idéia de eliminar o alvo com altíssima dose de ironia: colocar 250 g de C4 em um robô usado para desarmar bombas, e chegar perto o suficiente para detonar o suspeito.

O plano deu certo, Micah foi polpificado e economizaram todo o processo legal que terminaria com sua execução, anyway. Só que há um ponto interessante nisso tudo: foi a primeira vez que um robô foi usado intencionalmente pra matar alguém (robô, não drone).

Há vários casos de robôs matando gente mas todos foram (ao menos segundo os robôs) acidentes. Em geral um idiota entra em uma área industrial altamente sinalizada cheia de cartazes cuidado perigo robô, não entre e é soldado no capô de um Mini. No caso de Dallas foi diferente.

Isaac Asimov não gostaria disso, é um flagrante desrespeito da 1ª Lei da Robótica, mas por outro lado o robô cumpriu sua função: proteger humanos.

Em 1991, na 1ª Guerra do Golfo, outro robô fez história: o RQ-2 Pioneer, esse bichinho aqui:

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Em 1990 Saddam Hussein teve a brilhante idéia de invadir o Kwait, esticar o olho pra Arábia Saudita, controlar a maior parte do petróleo do mundo e achar que ninguém faria nada. 31 países discordaram, e com aprovação do Conselho de Segurança da ONU foi iniciado um bloqueio aéreo, seguido da Operação Tempestade no Deserto. Entre os vários meios enviados pelos países estava o USS Wisconsin:

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É um encouraçado de Classe Iowa, lançado em 1943 e aprovado pelo Steven Seagal. São 52 mil toneladas de pura diplomacia americana, o armamento principal são 9 canhões de 16 polegadas:

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Esse monstro dispara um projétil de uma tonelada a mais de 40 km de distância, com precisão graças a um computador analógico eletromecânico para controle de tiro:

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Claro que quanto mais distante o alvo mais difícil é acertar, mesmo atirando contra prédios, que tendem a não se mover muito. Por isso os EUA resolveram testar uma tecnologia nova: o Pioneer, que permitiria acompanhar o alvo em tempo real, sem arriscar pilotos em vôos de observação.


Jaglavak Military — Iowa-Class Battleships in Operation Desert Storm

O resultado do Missouri e do Wisconsin bombardeando as posições costeiras foi devastador. Há poucas coisas mais aterrorizantes que estar do lado errado de uma saraivada de projéteis de 16 polegadas disparados por um encouraçado. Os iraquianos aprenderam isso.

Também aprenderam que o Pioneer significava que a fúria cairia do céu em alguns minutos. Um grupo, sem opção de fuga, fez algo impensável até então: com panos, bandeiras e camisetas brancas começaram a acenar freneticamente para o drone.


Jaglavak Military — RQ-2 Pioneer UAV

Foi a primeira vez na História em que homens se rendiam para uma máquina. Não há detalhes mas tudo indica que foram poupados.

Quanto ao robô que matou o terrorista Micah Johnson, o Chefe de Polícia de Dallas traz uma excelente notícia:

O robô está bem: foi parcialmente danificado, mas está ok, só precisa ser consertado e como bem disse Murphy, eles consertam tudo.

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