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Inside — Review

Melhorando todos os aspectos presentes no Limbo e funcionando como um ótimo sucessor espiritual, Inside é um game que merece ser jogado e que novamente nos lembra porque essa é uma mídia tão fantástica.

8 anos atrás

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Considerado um dos primeiros jogos independentes a se tornar um grande sucesso, Limbo chegou ao Xbox 360 em 2010 e imediatamente colocou a Playdead em evidência. Título de estreia do estúdio dinamarquês, num primeiro momento o jogo dirigido por Arnt Jensen chamou a atenção pelo seu estilo visual baseado no expressionismo alemão, para depois conquistar muitos fãs pela excelente jogabilidade.

Os anos foram passando e as pessoas começaram a se perguntar o que mais a desenvolvedora teria a nos oferecer, até que em 2014 a resposta veio na forma de outro jogo de plataforma, o Inside. Podendo ser descrito como um sucessor espiritual do Limbo, a obra lançada recentemente tem muito do que foi visto no monocromático jogo que o precedeu, mas na minha opinião, consegue superá-lo em todos os aspectos.

Neste também controlaremos um garoto por um ambiente assustador e na maioria das vezes extremamente perigoso, nos obrigando a explorar cenários lineares. Além disso, em momento algum nos será dito claramente o que está acontecendo ali, com a interpretação do enredo cabendo muito a sensibilidade do jogador.

Para ilustra o que estou dizendo, pegue por exemplo o fato de que tirando a tela título e os créditos finais, em nenhum outro momento do Inside você verá qualquer palavra. O jogo não possui uma interface, indicações do que fazer a seguir e até mesmo a trilha sonora só se fará presente em trechos realmente necessários. Todo o enredo nos será passado através dos cenários, dos personagens com quem cruzaremos e da própria jogabilidade, o que é feito com maestria.

inside-3Pois esse conceito artístico tão profundamente intrincado nas obras de Jensen é o que faz com alguns não vejam a menor graça nelas, enquanto outros as adorem, afinal tudo dependerá da maneira como elas conseguirão tocar as pessoas e devido a ambiguidade do seu enredo, isso provavelmente acontecerá de maneiras bastante variadas.

Ambientado num mundo distópico que por vezes nos lembra a City 17 do Half-Life 2, o Inside conta com uma história muito mais sólida do que aquela vista no seu antecessor, colocando o protagonista para fugir das ameaças do que parece ser uma grande corporação e a todo momento brincando com o senso de coletividade e individualismo que rodeia nossas vidas. Ao jogá-lo, por muitas vezes me peguei pensando se o que estava fazendo ali era eticamente correto, se as pessoas que encontrei durante a minha fuga mereciam ser usadas como meros fantoches apenas para que eu pudesse avançar e embora ali tenhamos uma questão de vida ou morte, manipular os outros não é exatamente o que muitas vezes fazemos a nosso bel prazer?

Pois perguntas filosóficas é o que mais passará por nossas cabeças ao nos aventurarmos pela criação de Arnt Jensen e isso é o que faz com que o Inside seja fantástico a ponto de considerá-lo quase obrigatório, mesmo para quem não gosta de videogames.

Contudo, o jogo pode agradar mesmo quem não liga muito para essa abordagem mais artística, afinal os quebra-cabeças oferecidos por ele entregarão um bom desafio e dificilmente você não ficará curioso para saber o que acontecerá na sequência, mesmo porque o jogo evolui num ritmo bastante dinâmico.

Inside nos entrega uma experiência tão intensa que fez valer a expectativa criada em torno dele, nos fazendo lembrar das fantásticas criações de Eric Chahi e passando a impressão de que cada tela foi pensada com extremo cuidado. Desde a angustiante perseguição inicial até o seu bizarro e assustador desfecho, esse é um jogo sobre o qual você provavelmente passará dias pensando após terminá-lo e se ele não conseguir te convencer de que os videogames são obras de arte, dificilmente outro o fará.


Vida de Gamer | Inside — Live Gameplay

Inside está disponível para PC e Xbox One.

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