Ronaldo Gogoni 7 anos atrás
Enfim a Lenovo entendeu: manter duas linhas de smartphones similares e que chegavam até mesmo a concorrer uma com a outra era uma idiotice. Por conta disso a companhia chinesa anunciou nesta semana que abrirá mão de usar seu próprio nome em novos lançamentos, se focando totalmente na linha Moto daqui em diante.
A decisão chega tempos após a Lenovo reconhecer que fez besteira ao comprar o bagaço da laranja da Motorola, após o Google absorver as partes boas da companhia, como as patentes e a divisão ATAP. Míope que só ela, a nova dona da bola cometeu a insânia de exterminar a marca, nome fortíssimo no setor de telefonia móvel (pombas, o primeiro celular do mundo foi um Motorola) e passar a se referir à linha pelo insosso título “Moto by Lenovo”.
Isso ainda seria tolerável se a Lenovo não continuasse metendo os pés pelas mãos: ao invés de seguir os passos bem dados pelo Google com as linhas Moto X e Moto G, ela fragmentou os lançamentos e mais, continuou introduzindo os aparelhos da linha Lenovo Vibe no mercado que não raramente concorriam diretamente com os gadgets da Motorola.
O resultado dessa sucessão se pataquadas se refletiu nas vendas: uma redução de 12% no segundo trimestre em comparação ao mesmo período de 2015, antes da introdução dos primeiros aparelhos feitos sob a gestão dos chineses. A Lenovo vem tentando cortar gastos daquele jeito que todo mundo já conhece, mas isso não é garantia de uma recuperação no mercado.
Assim sendo a solução foi concentrar os esforços onde a empresa terá mais retorno, na linha Moto. De agora em diante todos os novos lançamentos da Lenovo em telefonia celular serão sob a bandeira da Motorola, o que pode significar que aparelhos bem-sucedidos como o Vibe K5 (que tem uma boa saída no Brasil) sejam renomeados e incorporados.
A linha Lenovo no entanto não irá sumir por completo: computadores (que ainda são o principal ganha-pão da empresa segundo o CEO Yang Yuanqing) e tablets ainda serão lançados sob a marca; por outro lado a linha Moto poderá ser expandida, abrigando foblets e também tablets (nada 100% por enquanto).
O lançamento do Moto M no mercado chinês já reflete essa mudança de paradigma: embora tenha um hardware decente, normalmente um dispositivo Moto não ostentaria um SoC da MediaTek; ele se assemelha a um Lenovo Vibe remodelado para se adequar aos novos tempos.
O que poderá vir daí só é possível especular. Talvez tenhamos uma profusão de aparelhos Moto de vários formatos, ou uma linha mais focada com menos modelos (o que seria o ideal) e mais direcionada para os perfis diversos de consumidores. Só nos resta esperar e torcer para que dessa vez a Lenovo acerte a mão.
Fonte: Campaign Asia.