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Resenha — A Chegada

Veja “A Chegada” e depois venha comentar o excelente filme de ficção científica com a gente. Esta resenha não possui spoilers.

7 anos atrás

Supondo que haja vida inteligente no Universo além da civilização humana, ela ainda não fez ou não conseguiu fazer contato. Talvez essa vida inteligente alienígena ainda não esteja em um nível tecnológico que possibilite que a detectemos. Ou os ETs estejam com vergonha de dividir o Universo com a gente. Ou também há a triste possibilidade dos humanos serem a forma de vida mais inteligente no Universo conhecido. É mais ou menos disso que falaremos nessa resenha do filme A Chegada.

a chegada / reprodução

Supondo que haja sim vida inteligente alienígena e desconsiderando a recomendação de Stephen Hawking, como seria um primeiro contato dos ETs com os seres humanos?

Essa é a premissa de um bocado de filmes, séries e tantas outras obras de ficção científica: imaginar como seria um primeiro contato com uma civilização alienígena bem desenvolvida, que acabou de chegar ao nosso pequeno planeta azul. A maioria dessas histórias, quando estas não tentam aniquilar a raça humana, não foca tanto na dificuldade que é lidar com uma linguagem totalmente desconhecida: em muitas delas, os alienígenas são tão avançados que já sabem inglês.

Assim fica fácil, mas e quando os ETs falam de um jeito, escrevem de outro e nada parece ser compreensível por humanos? Como saber o propósito dos visitantes em nosso planeta? Essa é a premissa de A Chegada.


Sony Pictures Brasil — A Chegada | Amy Adams | Hoje nos cinemas

Baseado no conto Story of Your Life, de Ted Chiang, o recente filme da Paramount (que graças a Odin foi distribuído pela Sony Pictures fora da América do Norte) retrata a dificuldade da linguista Louise Banks (Amy Adams) e do físico Ian Donnelly (Jeremy Renner) em estabelecer um primeiro contato com seres alienígenas. Seres esses que chegaram ao planeta à bordo de uma dúzia de enormes naves em forma de concha.

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Uma das 12 “conchas” (crédito: Ars Technica)

As naves pairam sobre 12 locais de forma aleatória. Vários países mandam diferentes equipes de militares e cientistas para um primeiro contato.

O foco de A Chegada é todo sobre o ponto de vista do imenso trabalho linguístico de Jó da personagem Louise (Adams) em interpretar os símbolos escritos pelos alienígenas, supostamente pacíficos. E a árdua tarefa de convencer os militares a não matar logo de cara os simpáticos visitantes extra-terrestres com 7 pernas, sem antes conhecer o propósito da visita.

É um trabalho tão grande, a personagem fica tão imersa no idioma dos heptapodes que ele afeta sua percepção de tempo. E, infelizmente, uma interpretação bem errada acaba por fazer com que os militares de outra região declarem guerra aos ETs. O filme tem claramente um vilão e ele é a estupidez humana, que desconhece limites.

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A Chegada foi dirigido pelo mesmo Denis Villeneuve do tenso Sicario e isso foi excelente: enquanto em Sicario o espectador não tem descanso algum, em A Chegada quem não parece ter descanso é a protagonista. Seja pela curiosidade, seja pela fascinação pelos visitantes. Ou seja pelo medo… dos humanos.

A produção escolheu uma excelente locação para a “concha” extra-terrestre pairar e a fotografia é simplesmente linda. O filme se passa quase todo em Montana, mas escolheram um belo lugar no Canadá. Se bem que uma das naves paira sobre a Venezuela e a fotografia dos telejornais nos mostra o nível de barbárie que é aquela região. Melhor sorte teve Cuba.

Enfim, sobre a trilha sonora original, ela muitas vezes nos faz temer os visitantes. E nos envolve quanto ao drama temporal da Louise.

O roteiro é assinado pelo Eric Heisserer (ele é mais conhecido nos filmes de terror) e só tem um ou outro problema de ritmo. Tal detalhe não chega a comprometer a obra.

Considerações

A Chegada é basicamente Contato (1997) feito direito. E sem as aloprações do longo Interestelar.

O filme vale seu tempo e dura o que tem de durar sem desrespeitar a inteligência do espectador. Não é um filme para todos, assim como Sicario também não era.

Veredito

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4,5 de 5 Lois Lanes.

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