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Injustice 2 — Review

Injustice 2 chega oferecendo uma excelente narrativa, uma mecânica sólida e toneladas de conteúdo. O resultado final é convincente? Descubra em nosso review.

7 anos atrás

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Quando a NetherRealm Studios lançou Mortal Kombat vs. DC Universe em 2008, pelo menos uma coisa incluída no game agradou todo mundo: o modo história. A extensa narrativa que aproveitava diversos dos personagens disponíveis era inovadora e muito bem contada, e de lá para cá só foi refinada nos demais jogos de luta do estúdio. Seus lançamentos subsequentes próprios, Mortal Kombat (2011) e Mortal Kombat X (2015) provaram que a NetherRealm é uma excelente contadora de histórias.

Mas foi em 2013 que Ed Boon e sua equipe se superaram com Injustice: Gods Among Us, o primeiro game totalmente focado no universo de personagens da DC Comics. Com uma mecânica emprestada de Mortal Kombat, personagens com mais de 70 anos de bagagem e uma narrativa empolgante, o game foi muito elogiado e rendeu uma bem-sucedida série em quadrinhos, bastante popular.

Claro que uma continuação viria mais cedo ou mais tarde, restava saber se a NetherRealm conseguiria fazer um trabalho tão bom quanto no primeiro game. Pois bem, Injustice 2 é melhor em vários aspectos e peca em outros, mas a experiência final é bem satisfatória.

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O último déspota de Krypton

Na história do primeiro Injustice fomos apresentados a uma realidade alternativa em que o Superman havia mudado de lado, ao se convencer de que o mundo só teria uma chance de sobrevivência com ele no controle e que bandido bom é bandido morto. Junto com outros heróis ele instituiu o "Regime", um governo totalitário e passou a caçar não só todos os criminosos como outros vigilantes que não concordavam com sua visão, como o Batman e seus aliados. No fim o morcego teve que apelar para os heróis de outro universo para subjugar Superman e encarcera-lo, pondo fim a seu reinado de terror.

Em Injustice 2 não há o conceito de realidades alternativas (ao menos na história; já chegamos lá), Kal-El continua preso, seus antigos aliados estão espalhados pelo globo e Bruce Wayne tenta aos poucos reconstruir o mundo, mas tudo muda com a chegada de Brainiac. Nesta realidade ele foi o responsável pela destruição de Krypton e não só quer fazer o mesmo com a Terra, como deseja adicionar o Superman à sua coleção. Ambos os grupos, do Regime caído e dos aliados do Batman chegam à conclusão de que a única chance de sobrevivência do planeta é se unirem, mas isso não será exatamente fácil.

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Em comparação com Mortal Kombat X ou mesmo Injustice: Gods Among Us, o modo história de Injustice 2 é mais diverso. Em alguns capítulos você jogará em duplas e poderá escolher com qual herói/vilão enfrentará determinado inimigo, o que pode ser útil quando você não consegue vencer as estratégias do computador. Ao menos terá opções.

O rol de personagens no entanto é um pouco limitado, principalmente se comparado com o primeiro game. Há três facções distintas (o antigo Regime, o time do Batman e a Sociedade de Gorila Grodd, e estes em específico não podem sem controlados nesse modo) e por conta da centralização do conflito entre Batman e Superman, em um determinado momento os embates entre os dois ficarão cansativos. Todavia há novos personagens inclusos bem interessantes como Besouro Azul, Nuclear e Supergirl (a que caiu de foguete nessa quizumba) para dar um ar de novidade à trama.

No mais o modo é bem longo, entregando mais de duas horas de história e com dois finais distintos, algo que a NetherRealm nunca incluiu até agora.

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Tiro, porrada e bomba

Só que este é um game de luta, e a história é apenas um dos aspectos dele. A mecânica de Injustice 2 não mudou praticamente nada em relação aos outros games do estúdio, a força dos combates se concentra muito mais em sua perícia em realizar combos do que golpes especiais. Dominar das habilidades de seu personagem, conhecer as limitações do oponente e aproveitar elementos do cenário são peças-chave para a vitória em um combate.

O problema é a curva de aprendizado, que não é nada suave: em alguns momentos você estará tomando uma surra do computador em combos de mais de 10 hits, e saber se safar em momentos críticos é crucial. Os golpes de juggling (fazer o adversário quicar) são importantíssimos para prolongar a sequência e maximizar os danos, e os ataques de transição (que jogam o oponente para outra parte do cenário) são tão valiosos quanto os supergolpes, ainda os maiores causadores de dano.

O sistema de Confronto continua firme; nele você pode "apostar" parte ou toda sua barra de especial e quem faz o maior lance ganha, seja causando dano ou recuperando energia. Ele é útil principalmente como um blefe, onde o jogador pode forçar o adversário a queimar toda a barra enquanto você mantém a sua, e mesmo tomando dano a jogada pode ser muito útil para se decidir uma luta.

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Santa customização, Batman!

Injustice 2 no entanto se expande rumo a novos horizontes. A primeira e principal novidade, a mais divulgada pela NetherRealm e WB Games é o sistema de customização de personagens. O estúdio pegou elementos de RPG e os incorporou permitindo que os personagens evoluam de acordo com sua performance nas lutas, e cada combate pode render recompensas na forma de equipamentos diversos.

Tais incrementos modificam não só a aparência dos lutadores como também seus atributos, que aliados à evolução podem resultar em personagens extremamente poderosos para se vencer os desafios. Alguns dos equipamentos conferem mais força, destreza, energia ou inserem efeitos especiais (resistência a elementos do cenário, mais dano contra kriptonianos, etc). O sistema de looting, no entanto não foi bem implementado: as caixas maternas são distribuídas conforme você vence desafios ou podem ser compradas com dinheiro ganho nas lutas, mas o recebimento dos itens é totalmente aleatório. Enquanto isso pode funcionar bem em games como Overwatch onde a rotatividade de personagens é maior, num jogo de luta tendemos a escolher nossos favoritos e domina-los, e seria muito melhor um modo onde você compraria diretamente os equipamentos.

Há personagens com os quais joguei bastante que tinham bem menos acessórios que outros que sequer cheguei perto. Claro que há a opção de vender os itens indesejados e conseguir dinheiro para comprar mais caixas, mas no geral o sistema não foi bem pensado para o gênero.

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Crise nas Infinitas Terras

Porém a mais interessante adição é o modo Multiverso. Nele você pode cumprir missões em diversas Terras paralelas, que ficam disponíveis por um determinado tempo e as recompensas são bem interessantes, indo de caixas maternas e skins, dinheiro e experiência. Cumprindo os objetivos adicionais (atingir a pontuação máxima, controlar um determinado personagem em uma missão, desferir uma certa quantidade de golpes e etc.) você maximiza ainda mais os seus ganhos, e por se tratar de um modo permanente e mutável o fator replay se manterá por um bom tempo.

Claro que o desafio varia conforme as recompensas: algumas missões contam com oponentes de níveis elevados e IA no máximo, em outras você poderá estar com status negativos ou o cenário é recheado com armadilhas, seus golpes especiais são desativados e por aí aí. Em suma, é um modo de jogo para desafiar a resiliência do jogador.

Por fim há a opção de entrar em uma Guilda e jogar o modo Multiverso colaborativo, que pode render gordas recompensas para todos os membros do grupo.

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O que mais?

Tecnicamente Injustice 2 está bem à frente do game anterior, com gráficos melhores e modelos de personagens bem refinados (principalmente os femininos, que melhoraram bastante), mesmo com as inúmeras opções de customização não há a impressão de colagens feitas às pressas. O som e as músicas são muito bons, com a versão localizada contando com diversas vozes conhecidas como Guilherme Briggs, Márcio Seixas (finalmente de volta como Bruce Wayne/Batman), Iara Riça, Priscila Amorim, Marcelo Garcia, Márcio Simões, Wendel Bezerra e outros.

Conclusão

Em termos de narrativa nenhuma outra desenvolvedora de jogos de luta supera a NetherRealm Studios, e o modo história de Injustice 2 refinou ainda mais o que ela vem fazendo desde Mortal Kombat vs. DC Universe, ao permitir controlar mais de um personagem em um mesmo capítulo e incluir dois finais distintos. A mecânica segue a mesma dos games do estúdio, ainda mais ágil e técnica que pode espantar os iniciantes, já que a curva de aprendizado não é tão suave. Mas ainda assim é um game muito bom em ternos de jogabilidade e é altamente competitivo. Sem falar nas Guildas e no modo Multiverso, que manterão o game vivo por bastante tempo.

Os pontos fracos ficam para o rol de lutadores que é inferior ao do primeiro game da franquia (ao menos num primeiro momento) e um sistema de customização mal implementado para um jogo de luta (o sistema de loot boxes não funciona tão bem aqui). No mais é um excelente game, que tem tudo para figurar em torneios competitivos no futuro.

Cotação:

4/5 caixas maternas.

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WB Games Brasil — INJUSTICE 2 – Trailer de Lançamento

Ficha Técnica

  • Título — Injustice 2
  • Plataformas — PS4 e Xbox One (análise baseada na versão de PS4)
  • Desenvolvedora — NetherRealm Studios
  • Distribuidora — Warner Bros. Interactive Entertainment
  • Preço — R$ 249,99 para PS4 e Xbox One
  • Pontos Fortes — modo história ainda mais refinado; mecânica sólida; grandes opções de customização; modos Guilda e Multiverso mantêm o interesse
  • Pontos Fracos — poucos lutadores se comparado à versão anterior; sistema de looting não casa bem com um jogo de luta; dificuldade pode ser frustrante em alguns modos

Agradecimentos à WB Games Brasil pela cópia cedida de Injustice 2 para review.

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