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Resenha — Galaxy Tab S3: “nem só de iPads vivem usuários de tablets”

Ainda há lugar para tablets que não o iPad: confira nossa resenha do Galaxy Tab S3, a aposta da Samsung para quem quer produzir e consumir conteúdo em qualquer lugar.

6 anos e meio atrás

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Vamos combinar: o mercado de tablets está indo de mal a pior. Segundo números da IDC a venda de tais dispositivos vem caindo em todo o mundo ano após ano e no Brasil não é diferente, saímos de 9,5 milhões de unidades em 2014 para 4 milhões em 2016, e a previsão é que não passemos de 3,7 milhões de aparelhos comercializados em 2017.

Hoje o mercado de tablets é dividido entre três companhias: A Apple é a líder (mas também não vende mais como outrora), a Amazon é a terceira e a Samsung ocupa a segunda posição. Esta, tal qual a maçã não está disposta a desistir mas assim como sua rival tratou de rever suas prioridades: ela ainda mantém sua linha de tablets baratos Galaxy Tab E e intermediários Tab A (sucessores da linha original) mas com pouco destaque, enquanto conta com a marca Galaxy Tab S para produtos de ponta para quem deseja performance na hora de consumir e produzir conteúdo. Ainda assim se passaram 19 meses até o Galaxy Tab S3 dar as caras.

A demora foi justificável? Bom, eu o testei por duas semanas e estas são as minhas impressões.


Design

Antes de mais nada, a listinha fria:

  • SoC Snapdragon 820 da Qualcomm, quad-core Kryo com dois núcleos de 2,15 GHz, dois de 1,6 GHz e GPU Adreno 530;
  • 4 GB de memória RAM;
  • 32 GB de espaço interno (expansível via Micro-SD de até 256 GB);
  • display Super AMOLED de 9,7 polegadas com proporção 4:3, resolução de 2.048 × 1.536 pixels (264 ppi) e compatível com HDR;
  • câmera principal de 13 megapixels com abertura ƒ/1,9; autofoco, sensor de 27 mm, Flash LED, HDR e que filma em 4K a 30 fps;
  • câmera selfie de 5 MP com abertura ƒ/2,2; sensor de 23 mm e que filma em 1080p;
  • leitor de impressões digitais no botão Home;
  • 4G/LTE, Wi-Fi 802.11ac, Bluetooth 4.2, BLE, A-GPS, GLONASS, BDS, GALILEO;
  • bateria de 6.000 mAh;
  • conectores POGO para capas-teclado compatíveis;
  • som estéreo com quatro alto-falantes AKG;
  • saída para fone de ouvido estéreo;
  • porta USB 3.1 Type-C;
  • Android 7.0 Nougat;
  • dimensões: 237 × 169 × 6 mm;
  • peso: 434 g;
  • acompanha caneta S-Pen.

O design do Galaxy Tab S3 é muito atraente, disso não há dúvidas. Ele é sob certos aspectos um Galaxy S7 que comeu o cogumelo do Mario, com a mesma traseira de vidro, as bordas metálicas e o trio de botões na parte traseira, sendo o Home mecânico e que ainda comporta o leitor de impressões digitais. Aliás, fico pensando se caso o Tab S4 siga a mesma estética do Galaxy S8 se ele irá acondicionar o sensor biométrico na parte traseira (o que seria deveras estranho para um tablet) ou faria a Apple e utilizaria apenas reconhecimento facial, mas divago.

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Com míseros 6 mm de espessura e 434 g de peso, o Tab S3 é um dos tablets mais leves que já manuseei e isso porque já acho o iPad Air bem maleável (7,5 mm e 469 g). Ainda assim ele não é terrivelmente leve, ele passa uma sensação que lhe impede de cometer gafes ou fazer estripolias por conta se sua portabilidade, você o ergue apenas com o polegar e indicador e tem uma noção real de que é um aparelho bem construído, sólido mas não indestrutível. Porém não se engane, a traseira de vidro mesmo na cor prata é um ímã para marcas de dedo.

Na lateral direita nós temos os botões Power e de volume e as entradas para o cartão Nano-SIM e cartão de memória Micro-SD, e ainda bem: adicionar até 256 GB de espaço extra é extremamente importante para proteger seu calcanhar de Aquiles: seus 32 GB de memória interna original já é considerado pouco para smartphones hoje em dia, para tablets chega a ser uma piada de mau gosto.

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Já na lateral esquerda há os conectores POGO para o uso de capas-teclado compatíveis; o Galaxy Tab S3 foi pensado como uma máquina de produtividade portátil, logo é natural que ele tenha suporte dedicado a acessórios mais especializados como teclados e canetas como a S-Pen, que acompanha o kit. Infelizmente a capa oficial não nos foi fornecida para o teste, mas interessados podem adquiri-la à parte por R$ 479.

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Por fim temos a saída para fone de ouvido e o conector USB-C, que a Samsung acondiciona em seus aparelhos mais potentes, ou mesmo nos intermediários como o Galaxy A7 (2017). Por ser compatível com USB 3.1, aqueles que tiverem acesso a tais portas poderão transferir arquivos entre o computador e o tablet com velocidades de até 10 Gb/s.

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No entanto um cuidado maior da Samsung foi reservado ao som. O Galaxy Tab S3 é equipado com quatro alto-falantes, dois na parte superior e dois na inferior (conforme mostrado na foto), fornecidos pela AKG e que possuem uma performance excelente para tablets. Ele possui uma boa reprodução de graves e patina um pouco na hora dos agudos com o volume no máximo, mas considerando que sua categoria não é a primeira pensada pelo público para usar como instrumento para atacar de DJ, até que eles não fazem feio.

Mas o que chama a atenção mesmo é o display Super AMOLED do Galaxy Tab S3. Ela possui 9,7 polegadas, resolução de 2.048 × 1.536 e suporte a HDR, e conta com uma excelente definição de cores, boa saturação e um ótimo brilho. Talvez o ajuste inicial do branco não agrade a alguns por ser um pouco frio, mas não é nada que não possa ser alterado.

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A proporção 4:3 me é apenas… correta. Após testar vários modelos ao longo dos anos, inclusive alguns 16:9 acredito que o formato das antigas TVs de tubo e monitores quadrados, adotado desde o início pela linha iPad seja o mais correto para tablets. A Samsung insistiu por um bom tempo até se dar conta que para questões de produtividade, uma tela mais larga em modo Retrato é muito melhor do que forçar o usuário a sempre utilizar o aparelho na horizontal; basta lembrar que a orientação original do Galaxy Tab S3 original era em modo Paisagem.

Enfim, o display desse tablet é ideal para o consumo de vídeos e também para jogar, graças à qualidade de imagem e as barras superiores adicionadas para conteúdos 16:9 nem incomodam.

Performance

Aqui ele faz bonito. Por muito tempo eu defendi que o iPad era a única opção sensata para tablets, principalmente porque seus concorrentes nunca lançaram concorrentes minimamente decentes mas o Galaxy Tab S3 utiliza o Android como deveria ter sido desde o início. O Android 7.0 Nougat (o gadget foi confirmado como elegível para o 8.0 Oreo) com a camada de customização Samsung UI evita firulas e bloatwares desnecessários, e foca no que é mais importante. Por se tratar de um dispositivo voltado para criação e consumo ele vem com pacote Office pré-instalado, ferramentas de escrita para uso da S-Pen e uma aba do Flipboard no Launcher à esquerda, com uma pré-seleção de fontes de notícias (você pode utilizar o app oficial com sua conta normalmente).

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O passado nebuloso do Android, quando ele não contava com apps adaptados para tablets ficou para trás: seja por pressão do Google ou porque os desenvolvedores foram pró-ativos, hoje já temos uma boa carta de softwares com interfaces adaptativas para diversos form factors, inclusive tablets 4:3 como o aparelho da Samsung. Se seu objetivo é consumir mídia apps como Netflix, YouTube, Facebook e o já citado Flipboard que assume sua forma original de revista eletrônica, assim como outros tais como Feedly e derivados; se eu objetivo é criar há apps como Slack, Trello, WordPress, Instapaper, Todoist, Habitica, todos devidamente integrados ao formato.

Claro, há outros que só esticaram o app do smarthphone e não aproveitam recursos adicionais de tablets, mas isso não chega a incomodar.

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E temos a S-Pen. Bem, eu sempre fui meio alheio a escrever em telas mas confesso que a experiência foi… desconcertante. E por mais de um motivo: primeiro, tive que me adequar a uma sensação de pouco retorno tátil, escrever em papel é algo completamente diferente; confesso que há aí o fator saudosista interferindo na percepção.

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No entanto a Samsung acertou ao fazer da S-Pen um acessório que dispensa carga para funcionar, possui um formato de uma caneta de verdade e por isso mesmo é bem mais confortável de se usar. Eu só tive alguns problemas por ser canhoto e por conta da minha postura quando escrevo, ficar com a mão esbarrando na tela o tempo todo e acionando a borracha (o botão da S-Pen) mais vezes do que o aceitável. Ainda assim, a experiência foi bem confortável.

Para quem desenha o Galaxy Tab S3 oferece ponta fina de 0,7 mm, reconhecimento de 4.096 níveis de pressão, latência quase zero e o app Samsung Notes com opções de pincéis com tintas que podem ser misturadas. Para todos os outros que estão acostumados a escrever em uma tela, o ato de utilizar a S-Pen com o tablet da Samsung será bem natural.

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Vamos falar do hardware em si: com um Snapdragon 820 da Qualcomm e 4 GB de RAM, o Galaxy Tab S3 nem sua na hora de executar apps ou games pesados, coisa que ele tira de letra com uma mão nas costas assoviando e chupando cana ao mesmo tempo; ele não deve nada em performance ao iPad “vanilla” (não ao Pro) mas há um porém: o modo de espera do tablet é bastante conservador e tende a matar muitos processos em segundo plano com a tela desligada após um tempo, muito provavelmente para economizar o consumo de energia.

Sua autonomia no entanto está dentro do esperado: ele tende a resistir por nove horas executando streaming de vídeo com o brilho no máximo (um pouco mais em 60%, que é recomendado pela Samsung para atingir números próximos das 12 horas divulgadas) e 7,5 horas em navegação via Wi-Fi; jogos pesados, de 3,5 a quatro horas; uso moderado a pesado misto, o dia inteiro. Por fim, o carregador rápido fornece uma carga de 0 a 100% em até 2,5 horas.

Câmera

O que dizer? Tablets não são os melhores dispositivos para tirar fotos mas como o conjunto está presente, vamos lá: a câmera principal, com 13 megapixels e abertura ƒ/1,9; que oferece perda de definição nas bordas e ruído leve em ambientes externos com muita luz; já em ambientes internos há bastante ruído e problemas na hora de definir o foco.

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Só que é um tablet, e no máximo usaremos a câmera traseira para tirar fotos de documentos e ler códigos de barras. Para isso eu diria até que ela é um canhão para matar formigas mas como a Samsung não iria colocar um componente de má qualidade num produto premium, a conclusão a que chegamos é: cumpre o que é destinada a fazer. E só.

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Se numa situação de emergência seu smartphone lhe faltar na hora de tirar uma foto, o Galaxy Tab S3 pode lhe socorrer se as condições do ambiente forem propícias: muito Sol ou iluminação decente. Fotos à noite, pode esquecer.

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A câmera frontal, com 5 MP e abertura f/2,2 também não é nada demais, porém há a questão das videochamadas. Tablets são aparelhos que usamos mais em casa e possuem uma tela bem maior, o que faz deles boas ferramentas de video conferência. Se você costuma fazer chamadas de vídeo via Skype, WhatsApp e derivados com frequência pode ficar um pouco desapontado com a câmera selfie do Tab S3, principalmente pela quantidade de ruído que ela vai capturar nas transmissões.

Como câmera para tirar selfies ela é apenas básica e novamente, vale como dispositivo de emergência se seu smartphone perecer de forma inesperada.

Como sempre, você confere as fotos originais no Flickr.

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Conclusão

O Galaxy Tab S3 é sem muita dificuldade o melhor tablet Android do mercado e um dos melhores no geral sendo os outros as linhas iPad e iPad Pro, e digo isso porque o cenário atual é bem polarizado: há modelos ou bons e de preços mais elevados, ou com valores mais acessíveis mas que não valem o plástico em que foram fabricados. Isso posto o preço original do Tab S3, de R$ 2.999,99 não era nada atraente frente ao iPad de 128 GB, que apesar de possuir o mesmo preço peca por ser apenas Wi-Fi (a versão com 4G e 32 GB custa R$ 3.199,00 e a com 128 GB, R$ 3.699,00).

Hoje no entanto a situação é bem melhor, já é possível adquirir um por até R$ 2.366,00 no boleto e isso o torna muito mais tentador, porém é preciso esclarecer o seguinte: como opção de consumo de mídia e produtividade moderada ele é matador quando comparado ao iPad, mas se a meta é contar com um dispositivo de performance mais apurada como o iPad Pro ele fica para trás, apesar de ser muito mais em conta: o modelo “de entrada” do iPad Pro, com 32 GB e apenas Wi-Fi custa salgados R$ 4.999,00 e a Apple Pencil ainda precisa ser adquirida à parte, por adicionais R$ 749,00 (e ela não funciona no iPad “vanilla”, convém lembrar); no entanto, além de mais poderosos há opções com bem mais espaço interno mas claro, MUITO mais caros.

Se você está procurando um tablet com um bom preço, tela excepcional, som de qualidade e consegue se virar com um espaço mais modesto de armazenamento (lembrando que sempre há a opção do Micro-SD), o Galaxy Tab S3 é uma pedida excelente.

https://www.youtube.com/watch?v=6aKUlE3B41s

Samsung Mobile Brasil — Galaxy Tab S3 + OSGEMEOS

Pontos fortes:

  • tela com ótimo brilho, cores e definição;
  • som de primeira qualidade;
  • S-Pen precisa, que não precisa ser carregada;
  • o preço atual o torna uma opção muito interessante frente ao iPad.

Pontos fracos:

  • 32 GB é muito pouco espaço para qualquer tablet;
  • modo de espera um tanto "mãe coruja".

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