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Leitores de eBooks seriam uma tecnologia estagnada?

Leitores de ebooks não estão entre os gadgets mais populares. Uma matéria do Tech Crunch percebeu que além disso eles estão quase comicamente defasados, um Kindle moderno não é substancialmente melhor que um de 2008, mas fica a questão: PRECISA SER?

6 anos atrás

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O Tech Crunch publicou uma matéria bem interessante destacando como leitores de eBooks estariam estagnados. É verdade, não só não apresentam nenhuma evolução tecnológica como as vendas também estão decepcionantes desde sempre, com nomes famosos saindo do mercado, mas o quanto disso é culpa da tecnologia?

Imagine que você chega hoje, 2017 entra em uma loja pede um PC Gamer e recebe um PC com 1 GB de DDR 400, HD de 128MB e placa de vídeo AGP com 128 MB de DDR2. No mínimo tem uma crise de riso.

Agora imagine que você precisa vingar a morte de sua família pelas mãos do Lorde Obo-Kan. Entra em uma passagem no Desfiladeiro dos Espelhos, acha a lendária loja do Hitaro Kako, armeiro. Ele te vende uma katana de 400 anos feita pelo insuperável Hatori Hanzo. Você sai satisfeito.

O primeiro Kindle tinha CPU de 400 MHz, 250 MB de armazenamento e tela de e-ink de 800 × 600. Isso foi em 2007, mesmo ano do PC descrito acima. Um Kindle de oitava geração, vendido no site hoje tem um processador mais rápido, 4 GB de armazenamento e tela de e-ink de 800 × 600. Tirando alguns refinamentos é essencialmente o mesmo aparelho de 10 anos atrás. Será esse o motivo de não vender tanto?

Eu pessoalmente acho a “acusação” de que o Kindle não evolui no mínimo engraçada. Querem um killer app em um leitor de livros? Ou querem transformar o Kindle em um tablet? Pra isso já existe o iPad. O acesso web “experimental” do Kindle já é uma aberração desnecessária.

Um leitor de ebooks é uma descaroçadora de azeitonas em um mundo de canivetes suíços, esse é o grande problema. As pessoas se acostumaram, mal, a ter uma ferramenta genérica que faz tudo mais ou menos bem, mas nada excelente. O Kindle é excelente para leitura de textos, e só.

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Ele faz sucesso em um subgrupo de leitores vorazes, que se preocupam mais com o conteúdo do que com a forma, gente que não tem que desfilar com um tijolo de 800 páginas para provar a superioridade intelectual. Gente também que não está presa ao passado, dependendo da resposta táctil do livro para entender que está consumindo literatura.

É a mesma coisa que um livro? Não, claro que não, um livro é muito mais gostoso de manusear do que um Kindle, mas é um preço pequeno por poder levar sua biblioteca inteira dentro dele.

A triste realidade é que não é a tecnologia que está matando os leitores de ebooks, são os leitores. As pessoas não leem tanto assim, nem compram tantos livros. Quando compram querem o sentimento de posse, que não existe com o formato eletrônico. Vide a moda de livros de YouTubbers, os fãs não ligam pra ler, mas querem ter o objeto físico relacionado com o ídolo. Uma versão eletrônica? Qual a graça?

Qual a solução para os ebooks? Por hora, nenhuma. Eles continuarão sendo um produto de nicho, como audiobooks. Não que isso signifique fracasso, o mercado continua existindo e se você achar um subnicho conseguirá fazer dinheiro até escrevendo contos eróticos de dinossauros gays, mas a mídia física, o livro de papel nem de longe está tão ameaçado quanto todo mundo acreditava uns anos atrás.

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