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Sites não poderão usar o Google AMP para enganar leitores, mas o buraco é mais embaixo

Sites serão forçados a deixar de usar o Google AMP como páginas de teaser para redirecionar ao site móvel, mas formato preocupa produtores de conteúdo pela centralização de poder e controle nas mãos da gigante das buscas.

6 anos atrás

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O Google AMP (Accelerated Mobile Pages) é a solução do Google para aumentar a velocidade da navegação mobile. Ele é um formato de página leve fornecido para sites que lima todos os recursos desnecessários, de modo a priorizar apenas o conteúdo e agilizar o acesso, mas a bem da verdade os sites e portais não gostam dele; no entanto o Google privilegia nos resultados quem o usa.

Muitos apelaram então para uma marmotagem, que era utilizar a página AMP como um “teaser” da matéria que o usuário deseja acessar: dessa forma o link aparece destacado no carrossel do Google Search normalmente, mas ao acessá-lo a matéria está incompleta (a bem da verdade muitos portais sempre fizeram isso com agregadores de feeds), tudo para forçar o usuário a entrar na versão completa do site e carregar propagandas, links e outras coisas e obviamente, poderão fazer mais dinheiro com as visitações.

Claro, o Google não gostou nem um pouquinho disso: a partir de fevereiro de 2018 a empresa exigirá que o conteúdo da página AMP seja exatamente o mesmo presente no link original, caso contrário o link redirecionará para para o original direto. As consequências serão muito provavelmente a remoção do link do carrossel do AMP e perda de visibilidade. O Google diz que o webmaster infrator será avisado de que precisará se adequar.

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Um exemplo do que não será mais permitido

Qual é o problema em torno disso? Principalmente porque a grande maioria dos sites, blogs e portais foram mais uma vez feitos de reféns do Google em prol de uma maior visualização de seu conteúdo, ainda que isso signifique perdas significantes com anúncios. O AMP foi vendido como um "HTML proprietário" criado para combater o uso de JavaScript, mas para o webmaster utiliza-lo é preciso carregar um código JavaScript do próprio Google. Além disso há o problema da uniformização: toda e qualquer página e desprovida de comentários, logos, propagandas, designs próprios; é apenas o texto e nada mais e os links sempre começam com “https://google.com/…”, quase como se a gigante tivesse se apropriado do conteúdo de terceiros sem esforço algum. O Google AMP fundamentalmente dissocia o conteúdo do criador e o toma para si.

Ferramentas de Analytics próprias? Esqueça, o Google fornece tudo e o webmaster deve confiar nela. Sob a desculpa de agilizar a internet móvel o Google criou um feudo, virou uma agência de notícias e curadoria de fontes em que os desavisados não checarão a fonte, pois vão clicar nos resultados rápidos do AMP e não verão que site ou portal o publicou. Claro, há a opção de acessar a versão original mas sinceramente, quem vai clicar?

A marmotagem do teaser foi uma tentativa de forçar o usuário a voltar a entrar na página original, algo que o Google agora vai matar; o ideal seria que a companhia gerisse uma solução mais transparente e vantajosa para os sites e portais mas na atual situação, o AMP só fornece vantagens para o time da casa. O que não chega a ser novidade, se considerarmos o histórico.

Fontes: Google Blog e The Register.

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