Ronaldo Gogoni 6 anos atrás
O Google bem que tentou fazer com que o Tango, seu projeto de visão computacional e Realidade Aumentada para smartphones emplacasse mas em quase quatro anos de história, ele só deu o ar da graça em dois dispositivos e hoje soa como uma solução ultrapassada, visto que sua principal concorrente resolveu tudo por software.
Logo, sem muita surpresa a companhia anunciou na última sexta-feira (15) o fim do suporte ao Tango, que se dará em março.
O então Project Tango chamou muita atenção quando foi revelado em 2014, pois se tratava de um conjunto de componentes especializados em captura e reconhecimento de elementos em 3D, que propiciava a criação de um mapa bastante apurado do ambiente e em consequência a aplicação de Realidade Aumentada em várias soluções.
A bem da verdade um smartphone compatível seria um Kinect de bolso, onde você poderia mapear os arredores e interagir através de seu gadget de diversas maneiras. Por exemplo, é perfeitamente possível aplicá-lo a softwares de orientação para cegos e pessoas com visão reduzida, orientando-o na rua e alertando-o de obstáculos ou guiando-o até o destino.
O problema: o Google Tango resolve tudo por hardware. Ele só é compatível com componentes específicos como uma câmera principal equipada com um sensor infravermelho de profundidade e sensores de movimento, o que elevava consideravelmente o valor final dos smartphones e por isso apenas modelos de ponta poderiam arcar com a brincadeira. Ainda assim apenas dois dispositivos foram lançados no mercado que contam com a tecnologia: o Lenovo Phab 2 Pro, que jamais fora atualizado e morreu no Android 6.0 Marshmallow e o ZenFone AR, que só verá o Android 8.0 Oreo no ano que vem se a ASUS não mudar de ideia até lá.
A Apple também ajudou a derrubar o Google Tango ao introduzir o ARKit, seu SDK de desenvolvimento de soluções para Realidade Aumentada que em absoluto não depende de hardwares especializados, e que pode rodar em uma grande gama de seus dispositivos. Agora que a plataforma saiu do beta a maçã definiu que apenas aparelhos com os SoCs Apple A9, A10 Fusion e A11 Bionic são compatíveis (a saber os iPhones 6s, 6s Plus, SE, 7, 7 Plus, 8, 8 Plus e X e os iPads Pro e “vanilla” de 2017) mas desde já são mais do que o Google tem disponível.
We’re turning down support for Tango on March 1, 2018. Thank you to our incredible community of developers who made such progress with Tango over the last three years. We look forward to continuing the journey with you on ARCore. https://t.co/aYiSUkgyie
— Tango (@projecttango) December 15, 2017
Dessa forma não há muito o que insistir: o suporte ao Google Tango será encerrado no dia 1º de março e todos os esforços da gigante serão voltados para a plataforma ARCore, que faz exatamente o mesmo que o ARKit que é ser compatível com uma série de componentes e fazer o trabalho pesado via software. Inicialmente apenas os dispositivos Pixel e o Galaxy S8 são compatíveis mas segundo a Samsung, tanto o S8+ quanto o Note8 receberão o suporte em breve quanto futuros smartphones de ponta da linha Galaxy já sairão da caixa prontos para utilizar o recurso.
No entanto não espere ver o ARCore em aparelhos de entrada, dadas as exigências de hardware para fazer a magia acontecer.
Made by Google — Google Pixel 2 | The Last Jedi AR Stickers
O Tango entra não só para a longa lista de aplicações e soluções a integrarem o cemitério do Google, mas também para a família de projetos fracassados do Google ATAP: vale lembrar do Project Vault, que prometia inserir um sistema de segurança completo em um cartão Micro-SD e o Project Ara, a infame ideia de lançar um smartphone modular. Bom, não se pode acertar sempre.
Fontes: Ars Technica e Extreme Tech.